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23 junho 2010

Um Clássico do Velho Buck!



Livro: Hollywood
Autor: Charles Bukowski (1920 - 1994)
Editora: L&PM POCKET
Páginas: 245

Você!

É, você mesmo!

Imagine-se perambulando em alguma periferia pobre, ou num grande centro de alguma capital.

Então você se depara com bêbados, prostitutas, velhas desagradáveis, vagabundos, gente aí, jogadas na rua sem propósito.

E mais! Some estes personagens citados à brigas em bares imundos, gritos, palavrões, vômitos, chutes, cacos de vidros espalhados pelo chão, cafetões mal encarados, e tudo o que de mais mazelado sua limpa imaginação pode pensar.

Você vê tudo isso e pensa: Credo, Deus me livre!

Mas Charles Bukowski olha para esse cenário e pensa: Porra! Isso daria uma ótima história!

Esta era a natureza por trás da literatura de Bukowski.

O cara foi praticamente canonizado como o santo padroeiro dos bêbados e vagabundos!

Bukowski, como um bom bêbado encrenqueiro que era, tinha em boa parte do que escrevia um toque auto-biográfico.

Este bêbarrão, como ninguém, conseguia retratar com um realismo que beira ao desespero e, acreditem, ao humor, os mazelados e marginalizados.


                     Bukowski em casa, inspirando-se para escrever.

No caso de Hollywood, trata-se de um romance inspirado na experiência que o autor teve, desafiado por um produtor excêntrico, de escrever um roteiro para o cinema. É muito divertido ver os bastidores de Hollywood sob as lentes dele!

Definitivamente, um verdadeiro clássico de Bukowski.

Neste presente blog, a umas postagens atrás, resenhei sobre um filme brasileiro chamado A Casa de Alice. Escrevi sobre o fato de gostar de filmes que retratam a vida sem maquiagem, nua e crua!

Segue abaixo um pequeno fragmento da resenha acima citada, e com isso me despeço:

Sou, por natureza, um grande pessimista!

Penso que, devido a minha própria condição, sempre tive predileção por livros e filmes que retratassem a desesperança. Porque, pra ser bem franco, é mais fácil acreditar nela.

Daí vem minha doente atração pelos perdedores.

Por isso sou apaixonado pela literatura de Charles Bukowski (1920-1994), escritor americano considerado o grande profeta dos perdedores e mazelados deste mundo sem sentido.

Bukowski revela e esmiuça o anti-sonho americano; um mundo de marginais, viciados, bêbados e prostitutas, dos quais só não se pode dizer que estão na sarjeta porque sempre decaem um pouco mais.

Assim como na história do filme A Casa de Alice e minha própria vida, Bukowski descreve as pessoas tal qual na vida real, retratadas de forma triste, divertida, escatológica e universal, em toda sua vulgaridade e realidade.


Boa Leitura!

20 junho 2010

Gostei e recomendo!



Livro: A Bíblia de Jerusalém
Autor: Vários
Editora: Paulus
Paginas: 2206

Minha família é um misto de religiosos católicos e protestantes. Se você, mesmo que superficialmente, é conhecedor do universo que existe no convívio destas duas religiões, já deve imaginar como deve ser o circo.

Dentre as controvérsias ridículas que se discutem, sempre vêm à tona a questão da bíblia, principalmente quando alguém usa de algum argumento retórico baseado nela, seguido do argumento do outro Mas essa bíblia é dos crentes, e não católica... e vice-versa.

Desde criança, o imaginário em torno das histórias bíblicas sempre fizeram parte da minha rotina. Jesus Cristo, mais do que ninguém, sabia contar uma boa história. Tanto que era famoso por suas famosas parábolas, que são utilizadas na nossa linguagem popular até hoje.

Para usar apenas um exemplo, se você passar um bom tempo sem ir à casa de alguma tia ou avó sua, a primeira coisa que ela vai lhe dizer depois de tanto tempo é Olha só, o filho pródigo voltou!

Apesar de sempre gostar de ler a bíblia (pois ela forjou no meu caráter a disciplina de leitura) nunca fui muito chegado à religiosidade de minha família. Quando lia a bíblia queria ler uma boa história, aprender algum princípio legal que me trouxesse sabedoria. E não procurar uma forma de destruir o argumento e idéia do outro.

Por ver tantas conversas idiotas sobre as mais diversas traduções, somado a minha incurável curiosidade, resolvi ler as duas traduções para ter minhas próprias conclusões. Então li a tradução evangélica de João Ferreira de Almeida, e logo depois li a versão católica traduzida pelos Monges Capucchinos.

E a que conclusão cheguei?

Adivinha!?

Era praticamente a mesma coisa!

A diferença era que uma dizia Então Jesus lhes disse e a outra dizia Lhes disse Jesus então.

Tanto numa como noutra o princípio textual era o mesmo.

Claro que há os chamados livros apócrifos nas versões utilizada pelos católicos, mas em nada isto interfere no restante. Além do que, os livros apócrifos também está repleto de boas histórias e bons princípios. Mas por estas não serem aceitas no cânon oficial dos judeus, os protestantes nunca adotaram elas. Outro motivo também foi por que os livros apócrifos foram adicionados na época da contra-reforma, que foi uma ofensiva católica contra a reforma de Lutero, mas isto é uma outra história.

Muita gente já matou ou foi morta por conta da forma como algumas pessoas leram e interpretaram a bíblia. Outras tantas foram diferenciais em momentos de grandes crises morais e humanas e, por influência da bíblia, salvaram e transformaram muitas vidas.

Charles Manson, além da bíblia, tinha no Álbum Branco dos Beatles boa parte da inspiração para cometer assassinatos em série no fim da década de 60. Dentre as vítimas está a atriz Sharon Tate, mulher do diretor de cinema Roman Polanski. E nem por isso você vai achar que ouvir Beatles é nocivo né?



                                 Charles Manson, psicopata americano 
                                 que tinha na bíblia e no Álbum Branco
                                dos Beatles sua maior fonte de inpiração
                                               para assassinar.

Ela (a bíblia) tem esse poder de destruição ou edificação dependendo diretamente dos olhos de quem a lê.


Um filme que pode lhes dar uma boa idéia do que estou falando é O Livro de Eli.

Mas então? Tudo isto torna a bíblia detestável?

Muito pelo contrário. Isso a torna fascinante!

Eu costumo dizer que a bíblia é o livro não lido mais comentado no planeta. Pois todos tem uma opinião sobre ela, mas poucos de fato a leram. Neste público, certamente está incluído boa parte dos cristãos brasileiros.

Mas, acima de todas estas controvérsias religiosas ou embates em torno de veracidade histórica Vs. mitologia, a bíblia é um livro que merece ser lido. Ela conta a história de Deus e de um povo. Povo esse composto por personagens ridiculamente humanos, com virtudes e defeitos, e, exatamente por isto, extremamente fascinantes.

Acho que, independente se você é religioso ou não, ou se você a encara como algo real ou fictício, a leitura deste conjunto de livros deveria ser obrigação para todo amante da leitura assim como clássicos da literatura grega antiga e obras-primas mais contemporâneas como Dom Quixote, Crime e Castigo, O Senhor dos Anéis, etc.        

Enfim, quanto a estas questões acho que não tenho mas nada a lhes acrescentar.

                                             Filme O Livro de Eli
                           O Bem e o Mal estão nos olhos de quem lê!

Então, vamos ao livro! Finalmente!

Logo no texto de introdução desta A Bíblia de Jerusalém li algo que, de cara, me chamou a atenção:

Após três anos de árduo e intenso trabalho, realizado por uma equipe de exegetas católicos e protestantes e por um grupo de revisores literários, pudemos entregar ao público a tradução do Novo Testamento. Cinco anos mais tarde, as mesmas equipes tinham ultimado a tradução do Antigo Testamento. Assim os leitores puderam ter acesso à Bíblia de Jerusalém em sua edição integral.

Esta louvável sinergia entre católicos e protestantes no trabalho de tradução logo me instigou. Existem várias traduções da bíblia em português. E digo logo que todas elas (incluindo esta da qual eu resenho) tem muitas imprecisões e erros.

O diferencial neste projeto é que, já que se trata de uma ação conjunta, têm-se a idéia de que eles não são levados por proselitismo e intenções tendenciosas de fazer a tradução favorecer mais a um grupo em detrimento de outro, ou outros, já que o cristianismo é, sem sombra de dúvida, uma das religiões mais ramificadas que existem.

Não estou dizendo que ela não é tendenciosa nem têm lá suas imprecisões. A diferença é que, se tiver, elas não são tão absurdamente gritantes como muitas outras. E o que senti na leitura dela foi que essa sinergia de estudiosos foram motivadas por uma sinceridade acadêmica na busca de uma boa tradução.

Sou um amante confesso da bíblia, não só como leitor de fé, mas também como um fã literário. Acho importante, principalmente para os aventureiros do campo da teologia, terem pelo menos umas 5 traduções da bíblia, pelo motivo da diferença entre linguas serem muitas e, tanto no grego quanto no hebraico, a tradução estar sujeita a tanta controvérsia, pois um termo em grego ou hebraico pode ter uma infinidade de significados na lingua portuguesa.

Nesta Bíblia de Jerusalém, por vezes, os tradutores se preocupam tanto com a questão do sentido exato que se perde a poesia que se têm em traduções mais populares. As notas de rodapé e as introduções dos livros se preocupam em esclarecer a historicidade e muitas vezes até as dificuldades de tradução em cima de falhas nos fragmentos originais, e não há tentativas forçosas em dar interpretações, à exemplo de outras bíblias de estudos.

Li esta Bíblia de Jerusalém num período de quase 2 anos. E não me arrependi.

Como todo aventureiro que se coloca a ler a bíblia, me cansei algumas vezes, me empolguei outras tantas e hoje, finalmente, concluí a leitura. E certamente vou adotá-la como bíblia de referência!

Então, para os pretensos candidatos a enfrentar 2206 páginas, ou para aqueles que querem uma bíblia que tenha uma certa exatidão ou aproximação do original, eis aí o livro!

Boa Leitura!

14 junho 2010

Filosofia para acadêmicos, e nada mais...




Livro: História da Filosofia volume 1
Subtítulo: Antigüidade e Idade Média
Autor: Giovanni Reale e Dario Antiseri
Editora: Paulus
Páginas: 693   


Sou, definitivamente, um estudante de filosofia frustrado.

E vou dizer o porquê.

Sempre gostei de literatura, principalmente romances e biografias. Nunca fui muito chegado a livros de estudos sistemáticos. E foi justamente esse fator sistemático que (desculpem o termo) me Ferrou quando aventurei-me a cursar teologia e filosofia.



Só conhecia a teologia e a filosofia através de citação na literatura.

Sabe quando você está lendo um romance qualquer, e em meio a diálogos acontece do personagem falar: -...isso porquê, caro Robert, como diz o sábio Sócrates, só sei que nada sei!

E bingo!

Você pensa: - Nossa, que bonito, filosofia deve ser uma coisa espetacular!

Porém, quando me aventurei a, academicamente, mergulhar de cabeça nestes dois cursos, e passei a lidar diretamente com longos tratados  filosóficos e teológicos, meu mundo veio abaixo, uma vez que boa parte dos tratados filosóficos e teológicos (certamente devido a minha limitada capacidade na massa cinzenta somado a uma incorrigível preguiça, confesso...) serem incompreensíveis a minha assimilação.




Principalmente para quem não tinha a mínima noção das mais diversas correntes filosóficas no decorrer dos séculos. Eu disse séculos.

Na medida do possível, esse História da Filosofia volume 1 me ajudou a, pelo menos, mapear um pouco o que se produziu em filosofia até meados do fim da Idade Média. E pretendo parar por ai, e não vou comprar o volume 2 e 3. Mesmo!

Mas se você é um acadêmico de filosofia que adora o que estuda, certamente vai estar adquirindo um livro muito bom, pois os autores mergulham fundo em cada filósofo, esmigalhando tudo e mais um pouco. A linguagem também não é obscura. Então vale à pena e é quase obrigação essa coleção de 3 volumes estar na estante de qualquer apaixonado estudante de filosofia.


                             "PLatão é um pLato bem gLande pLofessoLa!"
                                      Cebolinha numa aula de filosofia.

Mas para você que, assim como eu, está naquela angústia existencialista de saber que a Vita é Brevis, e acha que no mundo têm clássicos demais da literatura para ler antes de bater às botas, mas mesmo assim quer se situar um pouco nos conceitos elementares dos principais filósofos, o folhetim O Mundo de Sofia dá para o gasto!

Portanto Boa Leitura! Ou não...

11 junho 2010

As lentes de Yancey





Livro: O Jesus que eu nunca conheci
Autor: Philip Yancey
Editora: Vida
Páginas: 324


Basicamente, quando me tornei cristão, dois livros foram parar em minhas mãos; a Bíblia Sagrada e o livro do Yancey O Jesus que eu nunca conheci.

Tive sorte...

Porque hoje, com a literatura cristã viciada em fórmulas fáceis, gurus neo-pentecostais vomitando em livros as mais variadas fórmulas de se alcançar a espiritualidade x ou a unção y, fazem com que, boa parte da literatura cristã lida se enquadre em um nível tão medíocre e superficial quanto a auto-ajuda. Se não até pior.

Yancey não é um guru moderno. Não é um super-pastor cheio do "poder". Nem fala como o sabe-tudo que, seguindo o que ele faz e diz, tudo vai dar certo.

Não, longe disso.

Yancey é jornalista e escreve como um jornalista e, acima de tudo, tem a sede de um curioso. Sempre parte para a pesquisa sobre qualquer assunto que escreve do zero. E isso dá para sentir na sua escrita neste livro. Ele vai aprofundando aos poucos, fuçando, descobrindo...  
                         
                                                       Philip Yancey

O Jesus que eu nunca conheci é um livro muito bom, principalmente para pessoas que acham que já sabem o suficiente sobre o Carpinteiro de Nazaré, ou para aqueles que, devido a anos de freqüência em uma igreja convencional, não conseguem mais encontrar o encanto e o deslumbre na pessoa de Jesus. É um livro de descoberta de novos paradigmas. Ou a identificação de paradigmas que você tinha mas não ousava compartilhar com ninguém. Então a sua reação vai ser: - Nossa, nunca tinha olhado Jesus desta forma! ou - Caramba, eu sempre achei que fosse assim, ele pensa igual a mim, não estou sozinho!

Yancey não foge à questões difíceis, tampouco se atém a amenidades. Ele mergulha fundo, e sem medo lhe convida: - Ei cara, vamos nessa comigo, coragem!

Óbvio que, no começo desta resenha, quando discorri sobre a literatura evangélica atual, não queria desmerecer uma infinidade de autores muito bons que existem. Mais uma coisa é a verdadeira música boa, outra coisa é um hit pegajoso das FM's da vida. Entenderam?

Como diz o velho John Stott: - Crer é também pensar.

Então, de todo coração, com uma afirmação levado (não nego) por um laço de profunda gratidão pelo autor, recomendo a leitura de O Jesus que eu nunca conheci.

Obrigado Yancey, por me emprestar suas lentes e me fazer ver e perceber a redescoberta do Mestre Carpinteiro.

Quando você, cristão, pensa que já sabe tudo sobre Deus, Ele deve olhar para você, ficar com aquele sorriso de canto de boca a pensar: - Não sabes ainda nada filho... Não sabes ainda nada...

Abraço a todos e boa leitura!

09 junho 2010

Yancey, Velho Companheiro






Livro: A Bíblia, minha companheira
Subtítulo: 366 leituras e reflexões sobre histórias, personagens, lugares e significados do Livro dos livros
Autor: Philip Yancey e Brenda Quinn
Editora: Vida
Páginas: 366

Tenho 28 anos, e desde os 15 sou cristão. Lembro que, logo quando comecei a estudar os evangelhos, ganhei meu primeiro livro do Yancey “O Jesus que eu nunca conheci”, e desde então Yancey têm sempre feito parte de minhas leituras. Quando saiu o livro "A Bíblia, minha companheira" fiquei feliz em saber que seria em forma de meditações diárias.

E realmente fiz todas as meditações durante 1 ano.

Confesso que, por muitas vezes, devido a correria do dia-a-dia, eu não me aprofundei nas meditações, mas apenas passei o olho, o que me fez não aproveitar tanto o livro como deveria.

Agora estou relendo-o com minha namorada, na verdade não só relendo, mas estudando à fundo, e sem a pressão de ser uma coisa diária (em torno de 2 vezes na semana) e tem sido uma experiência satisfatória.

Enfim, se você comprar esse livro vai estar adquirindo um ótimo livro de meditações diárias. Mas aconselho que, se seu tempo for corrido e você for ler às pressas, não vai absorver tudo o que ele tem para lhe dar. É livro para ler com calma, e funciona tanto para leituras individuais como em grupos.

Ele percorre toda a Bíblia (de Gênesis à Apocalipse) lhe dando uma boa perspectiva da Bíblia como um todo, destacando que ele (Yancey) não se limita a obviedades, como fazem muitos escritores, tampouco foge de passagens difíceis e por demais polêmicas. É Yancey!

Para os que conhecem o autor, vai ser legal ler a Bíblia junto de um cara que tem uma visão muito clara das coisas relacionadas a cristandade. Para quem não conhece Yancey e não tem familiaridade com a Bíblia, por achar difícil, complicada e obscura, é uma boa oportunidade de dar um passeio pelas Escrituras, tendo em Yancey um professor paciente e esclarecedor.

Cada estudo tem um texto bíblico (só a citação, portanto você precisa de uma Bíblia junto para ler as passagens), seguido do texto, e ao final tem perguntas para você meditar.

Você está convidado a encontrar muitos tesouros preciosos na Bíblia lendo-a com um (pelo menos para mim) dos bons pensadores cristãos da atualidade.

Então, boa leitura!