Introdução:
Não sei se todos sabem, mas sou Educador Social. Trabalho no Centro de Semiliberdade Mártir Francisca (CSMF), uma instituição do Estado do Ceará, pertencente a Secretaria do Trabalho e Desenvolvimento Social (STDS).
O educador social é aquele profissional que trabalha nas casas de medida socioeducativas de jovens e adolescentes infratores (ou, "em conflito com a lei", como quiser), que antigamente era chamada FEBEM, mas que graças a algumas significativas mudanças no estatuto da infância e adolescência, mudou sensivelmente algumas diretrizes e nomenclaturas que deram uma, digamos, oxigenada nas caducas estruturas.
O educador social é aquele profissional que trabalha nas casas de medida socioeducativas de jovens e adolescentes infratores (ou, "em conflito com a lei", como quiser), que antigamente era chamada FEBEM, mas que graças a algumas significativas mudanças no estatuto da infância e adolescência, mudou sensivelmente algumas diretrizes e nomenclaturas que deram uma, digamos, oxigenada nas caducas estruturas.
Ainda assim, tanto pela falta de mais profundas políticas públicas nesta área, quanto a própria estrutura que em muitas unidades ainda estão bem precárias, há muito o que se avançar nesta área.
O Educador Social aqui no Ceará ainda não tem a profissão reconhecida (tanto que na carteira de trabalho tem "Instrutor Educacional"), e em algumas casas de medidas o "educador" é muito mais um agente carcerário (da pior espécie) disfarçado, do que propriamente um educador social.
Mas apesar destes que mancharam o nome de nossa profissão (e dos que ainda não foram demitidos), ainda existem um numero de heróis anônimos, espalhados em casas de medida fechada, na semiliberdade (meu caso), em abrigos, etc, que realmente acreditam no que fazem e lutam para uma condição de trabalho mais reconhecido pelo Estado.
Somos terceirizados, não temos plano de saúde, nem taxa de risco de vida, e para conseguirmos uma válvula de escape pelo fato de ser um trabalho tão duro, encaramos (assim como os irmãos professores) a nossa profissão como missão.
Somos terceirizados, não temos plano de saúde, nem taxa de risco de vida, e para conseguirmos uma válvula de escape pelo fato de ser um trabalho tão duro, encaramos (assim como os irmãos professores) a nossa profissão como missão.
Nós educadores sociais trabalhamos corpo a corpo com os adolescentes, conversando, convivendo, tentando mesmo sensivelmente influenciar positivamente essas vidas. E nisso temos que, além de estar com eles, nos desdobrar em ideias e criatividade.
Como disse, trabalho numa semiliberdade, lá os adolescentes ficam cumprindo a medida de segunda a sexta e no fim de semana são liberados para ficar com suas famílias. Não sei como são as outras casas de medida (principalmente as fechadas), mas tenho sorte de, apesar da fragilidade de minha condição de educador social, trabalhar com uma equipe humana, que realmente acredita que a experiência dele na semiliberdade pode influenciar a vida deles e fazer com que eles mudem o curso de suas vidas. De uma vida de crime, morte, prisão e cemitério - para uma escola, um curso, um trabalho, um sonho.
Eu como educador social não posso ser juiz, não lido com crimes, não pergunto o que fizeram, não penso no que eles foram - penso (e sonho) no que potencialmente eles podem vir a ser.
Enfim, essa peça eu escrevi para ser encenada na unidade em que trabalho. Toda última sexta feira do mês temos um encontro com as famílias dos adolescentes. E sempre que o tempo (e a universidade) deixa, eu escrevo uma pecinha de teatro para ser interpretada tanto por funcionários quanto por adolescentes.
Resolvi inventar a história dos dois ladrões que foram crucificados ao lado de Jesus. É quase O evangelho segundo o Facundo. Gosto de pensar em como era a vida dessas pessoas que viveram na periferia das grandes histórias. Jesus é cheio desses personagens: o paralítico carregado por amigos, a mulher com fluxo de sangue, o jovem rico sr. certinho e claro, esses dois ladrões que nos últimos momentos tiveram posturas tão diferentes diante da morte.
Apresentamos a presente peça na quarta-feira que antecedeu o feriado de semana santa deste ano (2013). Eu fiz papel de Daniel, um adolescente fez papel de Joabe, e outros dois fizeram papel de soldado romano junto com educadores. A diretora da unidade foi Maria, o Fernando (professor de serigrafia) fez um excelente Pilatos. Enfim, algumas cenas que eram (em tese) para serem dramáticas fizeram as famílias bolarem de rir. Mas quando o enredo caminhou para o grand finale o público foi silenciando e o impacto da paixão tomou conta de todos.
Mesmo sabendo que Dimas era o nome real de um dos ladrões que foram crucificados com Jesus, resolvi usar o nome Joabe e Daniel em homenagem e dois adolescentes que passaram pela unidade e por conta do tráfico e das drogas foram brutalmente assassinados em seus bairros. Eu particularmente tinha uma grande afeição por eles, e senti bastante a morte desses dois adolescentes tão inteligentes, criativos e bem-humorados. Nunca vou esquecê-los...
Para o blog mudei algumas expressões que tinha no original que dizia respeito ao linguajar particular dos adolescentes para facilitar a sua compreensão, ó desocupado leitor.
Para o blog mudei algumas expressões que tinha no original que dizia respeito ao linguajar particular dos adolescentes para facilitar a sua compreensão, ó desocupado leitor.
E quem quiser aproveitá-la para encenar em algum lugar fiquem à vontade. Apenas uma condição: me convidem pra assistir.
Enfim, me digam o que acharam!
George Facundo
George Facundo
O bom Ladrão
Personagens:
Narrador
Daniel
Joabe
Soldado Romano 1
Soldado Romano 2
Soldado Romano 3
Soldado Romano 4
Pilatos
Mãe dos ladrões
Maria
Jesus
Narrador
Daniel
Joabe
Soldado Romano 1
Soldado Romano 2
Soldado Romano 3
Soldado Romano 4
Pilatos
Mãe dos ladrões
Maria
Jesus
Ato I
NARRADOR:
Respeitável público
Quero agora que vocês prestem muita atenção
Pois está história que hoje contarei
Pois está história que hoje contarei
Vai falar fundo ao seu coração
Vou contar a vocês
A história de dois rapáz
E é um conto antigo
De muito tempo atrás
É sobre a vida de dois jovens
Que andavam sem paz e nem luz
Viviam roubando e fazendo coisas erradas
Nos tempos de Jesus
Na vida e no crime eles eram irmãos
Tratavam a retidão e a justiça com desdém
Não tinham amor no coração
E aterrorizavam os arredores de Jerusalém
Os ladrões entram em cena fugindo de dois
soldados romanos
Daniel – Bóra
cara, a gente tem que se esconder! Rápido!
Joabe – Mas onde? Se a gente for pego de novo eles matam a gente!
Daniel – Que
pegar o quê cara! Tá doido? Tá é ruin a gente ser pego! Segura tua onda!
Joabe – Tá
doido? Eles tão vindo ali mah! Vão pegar a gente!
Daniel – Pronto, vamos ficar ali! Bóra, rápido, rápido!
Daniel – Pronto, vamos ficar ali! Bóra, rápido, rápido!
Joabe – Bora
logo, eles tão vindo!
Daniel – Pronto, cala a boca aí...
Daniel – Pronto, cala a boca aí...
Após se esconderem, entram dois soldados
romanos
Soldado 1 –
Acredito não! A gente deixou eles escaparem de novo!
Soldado 2 –
Aqueles vagabundos! Há se eu pego eles viu! Ainda bem que agora, pra manter a
ordem, é tolerância zero... Tão crucificando tudim pra manter a ordem em
Jerusalém. Essa porcaria de cidade já é agitada com esses profetas que aparecem todos os
dias...
Soldado 1 –
Pois é... Mas a gente tem que pegar eles! Num tem jeito não... A gente várias
vezes já meteu a pêia neles e os bixo parece que ficam é mais ruim... Tem é que
matar logo!
Soldado 2 –
Então bóra, a gente tem que pegar eles, bora, bora!
Os soldados saem de cena e os dois ladrões
saem do esconderijo
Joabe – Tá
vendo aí? Agora se a gente for pegue a gente vai ser é papocar!
Daniel – Tá
dizendo o quê mah? Quem entra nessa vida num pode ter medo de morrer não... E
outra, eles dizem isso pra ver se a gente fica com medo deles.
Joabe – Eu num
quero morrer não mah. E outra, nossa mãe morre de desgosto!
Daniel – A mãe é fraca mah! Ela queria o que? Que a gente fosse pedir esmola é? Eu morro mas não peço esmola!
Daniel – A mãe é fraca mah! Ela queria o que? Que a gente fosse pedir esmola é? Eu morro mas não peço esmola!
Joabe – A
gente pode trabalhar né não?
Daniel – No sol quente? Tu quer essa vida é? Ser pião? Olha aqui mah, o tanto de saco de moeda que a gente conseguiu!
Daniel – No sol quente? Tu quer essa vida é? Ser pião? Olha aqui mah, o tanto de saco de moeda que a gente conseguiu!
Joabe – Pois
é, achei essa tua ideia maior paia! Onde já se viu! Roubar o povo durante o
sermão daquele profeta, comé mesmo o nome dele?
Daniel – Sei
lá, aquilo é um doido! É lá de Nazaré... Daí tu tira, tem nada que preste lá.
Joabe – Nada
que preste é? Tu num viu não ele curando aquele cego? E tu num pode nem dizer
que é mentira porque aquele cego a gente conhece faz é tempo...
Daniel –
Inclusive a gente até roubou ele né? Hahahahahahaha
Joabe – A gente nada, foi tu! Eu fui contra!
Joabe – A gente nada, foi tu! Eu fui contra!
Daniel – Tu é
um frouxo mah! Aquele bixo nem deu falta das moeda. Ele era cego, tava nem
vendo... hahahahahaha
Joabe – Vai
brincar com isso bixim! Um dia Deus te castiga!
Daniel – E Deus lá liga pra gente cara! Os fariseus num olham nem na nossa cara! Só querem ser os santarrão... Ficam lá andando todo arrumado, se acham melhor que todo mundo. Sou ladrão? Sou! Nego não! Mas num me troco por nenhum deles... Aquilo é tudo nojento, num gostam de ninguém... Ei mah, Eiiii... Tô falando contigo, tá viajando é?
Daniel – E Deus lá liga pra gente cara! Os fariseus num olham nem na nossa cara! Só querem ser os santarrão... Ficam lá andando todo arrumado, se acham melhor que todo mundo. Sou ladrão? Sou! Nego não! Mas num me troco por nenhum deles... Aquilo é tudo nojento, num gostam de ninguém... Ei mah, Eiiii... Tô falando contigo, tá viajando é?
Joabe – Tava
pensando nas coisas que aquele homem falou... Nunca vi ninguém falar como ele!
E ele falava dum jeito que todo mundo entendia...
Daniel – Eu só
vi foi o povo hipnotizado, com os olhos tudo arregalado olhando pra ele... Foi
mó limpeza roubar o povo, ninguém nem percebeu, bando de trouxa!
Joabe – Tu acha que ele é o Messias?
Joabe – Tu acha que ele é o Messias?
Daniel –
Aquilo parecia um mendigo mah... Tu num viu não as roupas dele? Ele e o povo
que segue ele vive no mei do mundo... Tudo um bando de vagabundo!
Joabe – Quem é tu pra chamar os outro de vagabundo mah? E outra... Ele é profeta viu! Ele adivinhou uma coisa que a gente fez! Tu lembra?
Daniel – Pois num é, ele contou lá pra todo mundo aquele assalto que a gente fez com aquele cara, a gente meteu a chibata nele e deixou ele lá... Pensei que tinha matado ele!
Joabe – O profeta lá disse que teve um cara samaritano que ajudou ele... Pagou remédio, hospedagem e tudo! Ele sobreviveu mah...
Joabe – Quem é tu pra chamar os outro de vagabundo mah? E outra... Ele é profeta viu! Ele adivinhou uma coisa que a gente fez! Tu lembra?
Daniel – Pois num é, ele contou lá pra todo mundo aquele assalto que a gente fez com aquele cara, a gente meteu a chibata nele e deixou ele lá... Pensei que tinha matado ele!
Joabe – O profeta lá disse que teve um cara samaritano que ajudou ele... Pagou remédio, hospedagem e tudo! Ele sobreviveu mah...
Daniel – Um
samaritano ajudando um judeu legítimo? Esses povos se odeiam mah... É tipo TUF
e Cearamor! Esse profeta é um mentiroso!
Joabe – Acontece que o profeta adivinhou o que a gente fez! E aí? O que você acha dele?
Daniel – O que eu acho? É um cabueta! Se ele tivesse apontado pra gente eu tinha quebrado ele!
Joabe – Mas ele olhou pra mim e sorriu mah... Nunca vi ninguém igual a ele.
Joabe – Acontece que o profeta adivinhou o que a gente fez! E aí? O que você acha dele?
Daniel – O que eu acho? É um cabueta! Se ele tivesse apontado pra gente eu tinha quebrado ele!
Joabe – Mas ele olhou pra mim e sorriu mah... Nunca vi ninguém igual a ele.
Daniel – Tu
tem que prestar atenção é nisso aqui mah... Olha aqui quanto a gente roubou...
Temos moeda aqui de sobra... Quero é ver a mãe reclamar!
Joabe – A mãe já disse que não quer que a gente use dinheiro do roubo pra levar as coisa pra casa...
Joabe – A mãe já disse que não quer que a gente use dinheiro do roubo pra levar as coisa pra casa...
Daniel – Pois
ela vai morrer é de fome! E outra, quié que tá acontecendo contigo mah? Tu tá
diferente! Desde que a gente voltou daquele monte e tu viu aquele cara lá falar
tu tá mei assim... Vai querer virar fanático também?
Joabe – Deixa
de ser besta mah... Né isso não... É que de repente, essa nossa vida pareceu
mei sem sentido... Tu num viu ele dizendo não? De que vale a gente ganhar o
mundo e perder a alma?
Daniel – E tu
tem alma agora é? Tu é uma carniça mah...
Joabe – Ele
disse que se a gente acreditar, quando a gente morrer a gente vai pro reino
dele...
Daniel – Tu vai é pro reino dos tapuru embaixo da terra mah! Hahahahahahahahaha
Daniel – Tu vai é pro reino dos tapuru embaixo da terra mah! Hahahahahahahahaha
Entram em cena, sorrateiramente, os dois
soldados romanos, e anunciam a prisão
Soldado 1 -
Harááá! Finalmente peguei vocês! A casa caiu seus meliantes!
Soldado 2 – Eita
que nosso chefe vai ficar orgulhoso da gente! Pegamos os elementos mais
perigosos de Jerusalém!
Soldado 1 – Já
pensou? Talvez role até promoção!
Soldado 2 – Tá é vendo é? A gente sendo capitão lá em Roma? Sair desse buraco!
Soldado 2 – Tá é vendo é? A gente sendo capitão lá em Roma? Sair desse buraco!
Joabe – Pelo
amor de Deus! Prende a gente não! Nossa mãe só tem nós dois!
Daniel – Taí
ó, podem ficar com o dinheiro e liberem a gente vai lá!
Joabe – Tá
vendo onde tu meteu a gente?
Daniel – Eu num te obriguei a nada, tu veio porque quis!
Joabe – Eu sabia que isso ia acontecer com a gente! A gente dessa vez não escapa irmão!
Daniel – Tá dizendo o que mah? Morreu enterra!
Daniel – Eu num te obriguei a nada, tu veio porque quis!
Joabe – Eu sabia que isso ia acontecer com a gente! A gente dessa vez não escapa irmão!
Daniel – Tá dizendo o que mah? Morreu enterra!
Soldado 1 –
Calem a boca! Podem fechar essa matraca! Vamo levar vocês dois pro chefe!
Soldado 2 – Menos dois fora de circulação! Ô beleza!!! Bora logo levar esses elementos!
Soldado 2 – Menos dois fora de circulação! Ô beleza!!! Bora logo levar esses elementos!
E aos chutes e maltratos,
os dois soldados conduzem os irmãos para audiência com Pilatos. Ao sair de
cena, uma mesa é posta no cenário e têm-se então o gabinete de Pilatos
Ato II
Narrador:
Presos em flagrante
Sem ação de dar qualquer argumento
Os soldados levaram os irmãos presos
Para Pilatos fazer o julgamento
Pilatos era representante de Roma
Mandava e desmandava na cidade
Tinha fama de impiedoso
Tinha fama de impiedoso
Encarnava a crueldade
Antes dos irmão Joabe e Daniel
Entrarem em cena para o julgamento
Ele tinha acabado de mandar Jesus de Nazaré
Para a cruz sofrer seus tormentos
Ele tinha acabado de mandar Jesus de Nazaré
Para a cruz sofrer seus tormentos
Para Pilatos foi um dia importante
Foi uma decisão para colocar ordem no estado
Foi uma decisão para colocar ordem no estado
Ainda sim para ele foi uma decisão difícil
Ele estava exausto e cansado
Pilatos entra em cena
Pilatos –
Caramba, tô cansado! Esse Jesus me deu um trabalho, mas finalmente consegui me
livrar dele. Lavei minhas mãos! Owwww povo estranho são esses israelitas,
preferiram o ladrão assassino e arruaceiro Barrabás do que aquele pobre
coitado. Por hoje já basta, vou pra casa!
Entram em cena agora os soldados com os
presos
Soldado 1 – Chefe, chefe! Olha só o que a gente
trouxe pro senhor!
Soldado 2 - Esses meliantes aqui é o Joabe e o Daniel!
Pilatos – Não acreditooo!!!!! Fazia tempo que eu procurava vocês seus pilantras! Ninguém dormia sossegado nessa cidade por causa de vocês!
Joabe – Tem misericórdia da gente senhor!
Soldado 1 – Cala essa boca!
Soldado 2 - Esses meliantes aqui é o Joabe e o Daniel!
Pilatos – Não acreditooo!!!!! Fazia tempo que eu procurava vocês seus pilantras! Ninguém dormia sossegado nessa cidade por causa de vocês!
Joabe – Tem misericórdia da gente senhor!
Soldado 1 – Cala essa boca!
Pilatos –
Misericórdia???? Vocês ainda tem a cara de pau de me pedir misericórdia? Já é a
quinta queda de vocês! E pelo visto todas as chicotadas e espancamentos e dias
trancafiados não serviram de nada!
Soldado 1 – É mesmo viu chefe! Nesses aí nem pêia dá mais jeito!
Pilatos – Vocês não me pegaram num dia bom! Acabei de condenar um cara a morte que valia muito mais que vocês! Ele morreu só por inveja daqueles fariseus imbecis. Coitado! Mas fazer o quê né não? Tudo pela ordem! Mas vocês, hááááá, o povo vai me agradecer muito se eu der fim de vocês!
Soldado 1 – É mesmo viu chefe! Nesses aí nem pêia dá mais jeito!
Pilatos – Vocês não me pegaram num dia bom! Acabei de condenar um cara a morte que valia muito mais que vocês! Ele morreu só por inveja daqueles fariseus imbecis. Coitado! Mas fazer o quê né não? Tudo pela ordem! Mas vocês, hááááá, o povo vai me agradecer muito se eu der fim de vocês!
Joabe – Por
favor senhor! Misericórdia da gente! Prometo que vou mudar! A pobre da nossa
mãe só tem a gente!
Pilatos – E você Daniel? Tem nada a dizer não em sua defesa?
Daniel – Tá é ruim eu me humilhar! Pode me prender, mas num imploro pra vocês nem a pau! Tá dizendo nada! Pode mandar meter a pêia e me mandar pra cadeia que num tô nem aí...
Pilatos – E você Daniel? Tem nada a dizer não em sua defesa?
Daniel – Tá é ruim eu me humilhar! Pode me prender, mas num imploro pra vocês nem a pau! Tá dizendo nada! Pode mandar meter a pêia e me mandar pra cadeia que num tô nem aí...
Pilatos –
Prender? Vocês vão é morrer! Soldados!!!!
Soldado 1 e Soldado 2 – Sim senhor!!!!
Pilatos – Metam uma sola neles tão grande que eles nunca tomaram na vida deles, mas eu quero que vocês ralem o corpo desses vagabundos na pêia, depois, aproveitem que já vai ter um sendo crucificado e crucifiquem eles também!
Joabe – Nãããoooo!
Soldado 1 – Calaboca! Difunto não fala!
Joabe – Por favor!!!! Senhor!!!! Piedade!
Soldado 2 – Bóra que bandido bom é bandido morto!
Soldado 1 e Soldado 2 – Sim senhor!!!!
Pilatos – Metam uma sola neles tão grande que eles nunca tomaram na vida deles, mas eu quero que vocês ralem o corpo desses vagabundos na pêia, depois, aproveitem que já vai ter um sendo crucificado e crucifiquem eles também!
Joabe – Nãããoooo!
Soldado 1 – Calaboca! Difunto não fala!
Joabe – Por favor!!!! Senhor!!!! Piedade!
Soldado 2 – Bóra que bandido bom é bandido morto!
Tantos os soldados maltratando os presos quanto
Pilatos saem de cena
Coloca-se em cena então três pedestais de madeira onde irá ser o calvário, onde
será postos os três personagens crucificados
Ato III
Narrador:
Então os irmão
Joabe e Daniel
Antes de serem cricificados
Foram levados pelos soldados para uma tortura cruel
Enquanto isso, lá no calvário
Havia da mesma forma um momento de tristeza e dor
Pois muitos estavam presenciando
A crucificação de Jesus, o salvador
Entra em cena jesus, com dois soldados
romanos o chicoteando e Maria (a mãe de Jesus) entra também chorando,
acompanhando o filho e os soldados
Soldado 3 –
Bóra seu molenga! Anda! Deixa de ser frouxo!
Maria – Meu
filho!!!! Não façam isso com meu filho!!!
Soldado 4 – Cale essa boca mulher! Vamos, se afaste!
Soldado 4 – Cale essa boca mulher! Vamos, se afaste!
Soldado 3 –
Pronto, pega os pregos aí...
Soldado 4 –
Esse zé ninguém aqui diz que é o rei dos judeus! Só se for mesmo viu!
Então Jesus é crucificado... A mãe fica aos pés dele chorando, e os soldados romanos ficam em volta...
Pouco depois entram os outros soldados com
os dois irmãos
Soldado 1 –
Bóra seus bandidos! Seus pilantras! Agora que tá começando a dor de vocês!
Soldado 2 –
Olha só quem tá aí mah!
Soldado 3 – Os melhores soldadinhos de Roma! hahahahahahahaha
Soldado 1 – Podem ir frescando com a nossa cara! Pois olha só o que a gente trouxe...
Soldado 2 – Pegamos os meliantes mais procurados de Jerusalém!
Soldado 1 – Podem ir frescando com a nossa cara! Pois olha só o que a gente trouxe...
Soldado 2 – Pegamos os meliantes mais procurados de Jerusalém!
Soldado 4 – Grande
coisa! A gente aqui pegou foi um doido metido a revolucionário! E vocês sabem
né? O que é umas moedas de ouro roubada aqui, um assalto a uma casa ali, diante
de um rei que queria derrubar o império romano?
Soldado 1 –
Derrubar o império romano??? Esse aí???
Soldado 1 e 2 – hahahahahahahahahahahahahahaha
Soldado 1 e 2 – hahahahahahahahahahahahahahaha
Soldado 2 – Um
trapo de gente desses! Rei??? Vocês são umas comédias mesmo!
Joabe – Olhaí
Daniel! É Jesus! O mestre!
Soldado 1 – Cala essa boca idiota!!!! Bora logo crucificar esses dois que eu quero ir beber alguma coisa no fim do expediente!
Soldado 1 – Cala essa boca idiota!!!! Bora logo crucificar esses dois que eu quero ir beber alguma coisa no fim do expediente!
Soldado 2 –
Bora lá vocês dois! Anda!!!
Os dois são crucificados um de cada lado de
Jesus
Narrador:
A dor era profunda
Os soldados zombavam com insolência
Os soldados zombavam com insolência
Que morte triste era essa da cruz
Um dos piores tipos de violência
E em momentos assim
Com o coração cheio de amor, e sem o menor julgamento
Sempre existe a figura da mãe
Que sobre os filhos derramam lágrimas de lamento
Ao lado de Maria ela chegou
A mãe de Daniel e Joabe
A tristeza dela era tão grande
Que o choro se ouvia por toda a cidade
Que o choro se ouvia por toda a cidade
Para ela era uma tragédia
Um castigo de Deus, uma má sorte
Ter seus dois únicos filhos
Pendurados no madeiro entregues a morte
Pendurados no madeiro entregues a morte
Mãe – Meus
filhos pelo amor de Deus! Nãããoooooo meu filhos nãão!!!! Tire meus filhos daí
soldado! Por favor!
Soldado 2 – Quié que a gente faz com ela chefe?
Soldado 2 – Quié que a gente faz com ela chefe?
Soldado 1 – É
uma pobre desgraçada, deixa ela aí com a outra mãe...
Mãe – Joabe e
Daniel meus filhos, e agora o que vai ser de mim meus filhos? Deus me esqueceu!
Maria – Chegue
aqui minha irmã, chore comigo, também estou com meu filho no madeiro!
Daniel – Sai
daqui mãe! Sai... Da qui... coff coff coff
Joabe – Mãe me
perdoe! Me perdoe mãe! Me dê sua bênção pra eu ir em paz!
Mãe – Meu
filhinho Joabe, pra quê você foi entrar nessa vida meu filho? Por quê???
Soldado 2 –
Não aguento mais essas mães! Vou enxotar elas daqui!!!
Jesus – Pai,
perdoa-lhes, pois eles não sabem o que fazem!
Soldado 1 –
Até quando tá pra morrer é metido a falar igual a rei! Hahahahahaha
Daniel – Ei... Eiiiiii Jesus! Coff coff... Se
tudo que tu disse é verdade, se salve e salve a gente!
Joabe – Cala
essa boca Daniel! Coff coff! Nem na morte tu aprende a ter humildade! Jesus é
um santo, não tem culpa nenhuma, é um homem de Deus! Enquanto nós estamos aqui
porque merecemos... Coff Coff... Senhor Jesus, se lembre de mim quando tiver no
teu Reino...
Jesus – Hoje
mesmo estarás comigo no paraíso... Senhor... A Ti entrego o meu espírito...
Jesus, Daniel e Joabe morrem
Narrador:
E aqui termina a história
Dos irmãos Daniel e Joabe
Suas escolhas erradas
Os levaram pra morte com pouca idade
Daniel era frio
Não tinha misericórdia nem compaixão
Não só escolheu o caminho errado
Também levou consigo seu irmão
Daniel, nem nesse momento crucial
Vendo ir embora sua sorte
Não teve nenhuma atitude
De mudar o coração diante da morte
Joabe por outro lado
Em seus últimos momentos
Repensou a sua vida
E mudou o coração e seus sentimentos
A morte veio para ele cedo
Cheio de dor e brutalidade
Ainda assim reconheceu todos os seus erros
Pra sua mãe pediu perdão, na humildade
Joabe serve de exemplo
Que pra mudar basta ter o intuito
Não importa se durante a vida
Ou no último minuto
Vocês são todos jovens
Então curtam sua mocidade
Se aproximem de Deus
Como fez o jovem Joabe
Se afastem de Daniel
Que é daqueles que se fingem de amigo
Lhe ilude, lhe angana
E lhe arrasta pro perigo
Não desperdice sua vida
Nem desista de seu sonho
Seja bom, honesto, estude, trabalhe
Esse conselho te proponho
E se mesmo assim
Se essa caminhada te cansar
Saiba que terá sempre um Mestre
E em seus conselhos podem confiar
Jesus está de braços abertos
O Mestre tem um grande coração
Não importa se você é o mais certinho
Ou o pior ladrão
Mesmo sendo filho de Deus
Ele não é de julgar
Ele só quer o seu coração
Para moldar e transformar
Não seja como Daniel
Teimoso, que não se humilha
Mude como Joabe
E passe a Semana Santa perto de sua família
Cuidado com esse feriado
Não escolha o mal, não se arrisca
Volte são e salvo para esta unidade
Esse é o desejo de todos nós, do Mártir Francisca
FIM