ShareThis

12 outubro 2014

Resenha Filme's: Lucy (EUA - 2014)



Lucy é um daqueles filmes que lhe ganham no trailer no cinema. Logo quando vi fiquei louco pra ver... E não me arrependi! Apesar de muitas coisas no roteiro ser sem nenhum nexo, o grande lance é você se deixar "ser enganado" pelo filme e viajar nesse grande entretenimento de ação.

O que aconteceria se o ser humano conseguisse aproveitar mais do que os "10% de sua cabeça animal", como diria Raul Seixas?

O filme explora as inúmeras possibilidades teóricas que pode ocorrer se isso viesse a acontecer. Só que como todo cinema Americano, do exagero ao estremo, ele leva a personagem até os 100%. Sendo que com 30% já daria pra fazer um grande estrago.

O filme só me decepcionou um pouco porquê, na parte que interessa que é ela usando essa capacidade nas partes de ação para destruir seus adversários, boa parte dessas cenas já são sugestionadas no trailer. E acho que o filme deveria ter explorado bem mais cenas assim.

Scarlett Johansson se entregou mesmo ao papel. E interpreta de forma muito convincente a personagem.

Enfim, se você está em casa, ou mesmo indo ao cinema, e quer ver um excelente trailer de ação para se entreter e absorver algumas curiosidades e possibilidades que você leria na revista Super Interessante, esta certamente é uma excelente pedida.

Veja abaixo o trailer do filme:

 

11 outubro 2014

Resenha CD's: Derek And The Dominos - Layla And Other Assorted Love Songs (1970)



Cerva vez um repórter perguntou a Janis Joplin a receita para se ser a maior cantora de blues/rock do mundo. Ela sem pestanejar respondeu "um coração partido".

Essa é basicamente a essência do disco de hoje...

Patti Boyd, na década de 60, era uma modelo bastante requisitada. Linda de morrer. Numa gravação de um clipe dos Beatles fase iê iê iê arrebatou o coração de George Harrison e se tornou sua esposa.

Quando Harrison entrou na onda do Hare Hare indiano, passou a olhar a vida sob uma perspectiva espiritual, colocando de lado, ou lá atrás em suas prioridades, o mundo material. E nesse mundo material estava a sua mulher, Patti.

Patti Boyd
Musa inspiradora desse disco clássico

Com Harrison fazendo inúmeras viagens à Índia, sua esposa passou por um processo muito louco de solidão. Passou a precisar de um ambro amigo para se consoar da solidão. E quem foi o escolhido? Simplesmente o melhor amigo de George Harrison, o guitarrista Eric Clapton.

Claro que beleza extrema, carência, solidão, e o coração mole de um dos maiores guitarristas do mundo é uma fórmula tão perigosa quanto, lembrando a canção de Roberta Sá, "fogo e gasolina".

E daí o sacaninha do anjinho cupido, sem dó nem piedade, tascou uma flechada envenenada no coração do Clapton, e este se viu completamente apaixonado pela mulher do melhor amigo dele.

E esse amor proibido foi a inspiração para a composição de um dos melhores discos de blues/rock de todos os tempos.

Claro que se Clapton fosse lançar as músicas com declarações explícitas a Patti Boyd, todo mundo ia ficar sabendo disso, inclusive Harrison. Então o mesmo criou uma banda fictícia chamada Derek e seus comparsas, o The Dominos.

Por conta de Clapton não ter assinado o disco com seu nome, o mesmo passou desapercebido, e teve vendas super baixas. Patti Boyd, que já inspirou canções como "Something" dos Beatles teve um choque quando ouviu as músicas do disco de Eric, especialmente "Layla". Uma declaração de amor mais explícita que essa meus amigos, só se ele desenhasse.

Depois de ouvir o disco não teve mais jeito, o coração da frágil Patti Boyd se entregou de vez a Clapton, e reza a lenda que quando o Harrison descobriu tudo e também ouviu o disco disse para o melhor amigo "fique com ela, você a ama mais que eu".



"Pode ficar com ela, você a ama mais do que eu"
Harrison disse para Clapton após ouvir o disco 

No disco você sente todo o sofrimento que Clapton estava passando. É de ficar emocionado perceber em todo disco uma voz embargada, a guitarra chorando deslizando em lindas melodias. Você de fato consegue imaginar um cara aos farrapos, ajoelhado, se humilhando para um amor proibido e, até então, impossível.

O disco asseia por várias atmosferas. De blues corta-pulso como "Nobody Knows You When You're DownAnd Out" e "Have You Ever Loved A Woman". Momentos singelos e sensíveis como a excelente faixa de abertura "I Looked Away" somando com as acústicas "I Am Yours" e "Thorn Tree In The Garden". Passando por blues/rock's com toda a alma e fúria (lembrando os tempos do Cream) "Anyday", "Tell The Truth", "Why Does Love Got To Be So Sad?" e claro,  grande hit do disco "Layla", que começa com a força de um grito embargado, e na segunda metade termina com um instrumental tão meigo e sereno que faria qualquer motoqueiro de Harley brutamontes lutador de MMA tatuado ir as lágrimas como um adolescente solitário.

Um destaque interessante do disco é uma homenagem ao então recém falecido Jimi Hendix com uma cover sensacional do clássico "Little Wing" que nas mãos de Clapton ficou antológico com muitas camadas de guitarras.

Uma coisa bacana no álbum são os extras no no segundo disco. Muitas sobras de estúdio que talvez fosse ocupar um segundo álbum deste projeto, sem contar o áudio de algumas apresentações ao vivo no programa do Johnny Cash.

Tempo depois do lançamento deste disco, depois de muitas lágrimas derramadas, e desentendimentos com Harrison, ele finalmente conseguiu sua musa inspiradora Patti Boyd. Casaram e o casamento durou alguns anos. Não, não foi pra sempre.

Essa mulher foi a "garota de Ipanema" desses músicos. Inspirou inúmeras músicas de Harrison e Clapton. E graças a esse estigma chamado "coração partido" citado por Janis Joplin, o mundo teve o privilégio de ouvir um dos grandes clássicos disco de todos os tempos.

Para terminar, queria destacar a faixa que eu mais gosto. "Bell Botton Blues" é uma verdadeira oração. Oração ao blues, essa musa cheio de dor, que inspira músicos rasgando seus corações com ma faca bem afiada. Na minha primeira audição desse álbum, essa foi a música que eu mais me apeguei. Você consegue ouvir na voz de Clapton uma angústia,um lamento, tanto em sua voz como em sua guitarra. E esta certamente é a minha predileta no disco, e é com essa linda canção que eu me despeço dessa resenha.

Escute com uma caixinha de lencinho do lado viu!