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18 novembro 2014

Resenha Livro's: Bíblia Sagrada - Nova tradução na linguagem de hoje



Gente, não vou aqui fazer uma resenha sobre a Bíblia propriamente dita. Já resenhei-a antes. O que vou me ater aqui é apenas na questão da tradução.

Acho que nem o sentido literal de tradução vai contar aqui. Mal sei falar (escrever) em português, que dirá nas línguas originais.

Como leitor voraz da bíblia, a forma que encontrei para tornar as leituras, digamos, menos repetitivas, é mudar a tradução a cada leitura.

A escolhida desta vez foi esta simpática tradução.

Digo simpática porquê a última tradução que eu li foi a da Bíblia de Jerusalém, onde a preocupação com a precisão foi tão grande que a leitura era mais densa e com palavras mais "obscuras" do vocabulário convencional.

Então, para descansar mais a mente resolvi escolher uma tradução bem mais fácil de ler. E lhes digo, principalmente no Antigo Testamento, é uma delícia de ler. Seus olhos passeiam fáceis em cada frase. Todas as medidas de pesos e cumprimentos são colocados nas medidas mais convencionais.

É uma tradução perfeita para quem se aventura pela primeira vez nesta longa e árdua leitura. Demorei quase um ano para ler toda. Agora repito, esta tradução é para leitura e não para estudos. Serve para situar o leitor curioso numa melhor compreensão dos fatos e histórias.

O Antigo Testamento vira uma leitura tão interessante e leve como uma saga tipo Senhor dos Anéis. Claro que bem menos lúdico e bem, beeeeeem mais violento obviamente.

O Antigo Testamento é um verdadeiro Game of Thrones com pitadas de Tarantino.

Digo isso não como uma crítica, mas como um incentivo. Você não precisa necessariamente acreditar em Deus para ler esse livro. Você pode perfeitamente lê-lo como uma literatura fantástica que dá no mesmo. Trama, suspense, traições, heróis, vilões, mocinhas, guerras, sangue, e claro, o protagonista e fascinante personagem chamado de Deus aparecendo e desaparecendo dessa narrativa na voz de reis, profetas maltrapilhos, homens desacreditados transformados em gente importante, etc...

Já no Novo Testamento a coisa deixa de ser áspera e passa a tomar uma carga mais, digamos, emotiva. Deus manda seu filho Jesus como porta-voz para pregar o amor e desconstrução e construção de uma nova espiritualidade em meio a dominação do Império Romano e uma efervescência sem tamanho por parte da religiosidade judaica. Resultado? Se tiver estômago veja o filme do Mel Gibson que você vai ter uma ideia do que tô falando.

Enfim, babaquices que a religião cristã fez no decorrer da história (e hoje principalmente) usando este livro à parte, é fato que a bíblia é um livro fascinante. Leia ele desarmado, sem se preocupar com bobagens do tipo real ou histórico, leia como um livro, como uma saga, e garanto que você vai ter uma boa experiência.

Até pra você que detesta religião e religiosos é uma boa. É sempre bom falar mal de algo com propriedade.

E pra você que se diz cristão à muitos anos, até décadas, e nunca leu a Bíblia, como você diz que acredita num documento que nunca leu? Se você for deste tipo me avise logo que eu tenho uns documentos de transferência de posse pra você assinar às cegas.

Gostei muto desta tradução. Não se pode dizer que é exata, mas pelo menos deixa a leitura bem agradável.

Então é isso. Para os corajosos desejo perseverança e boa jornada.

p.s. - há, uma coisa boa sobre esta tradução é que ela tem formatos bem baratos. A minha eu comprei a R$ 10,00.

12 outubro 2014

Resenha Filme's: Lucy (EUA - 2014)



Lucy é um daqueles filmes que lhe ganham no trailer no cinema. Logo quando vi fiquei louco pra ver... E não me arrependi! Apesar de muitas coisas no roteiro ser sem nenhum nexo, o grande lance é você se deixar "ser enganado" pelo filme e viajar nesse grande entretenimento de ação.

O que aconteceria se o ser humano conseguisse aproveitar mais do que os "10% de sua cabeça animal", como diria Raul Seixas?

O filme explora as inúmeras possibilidades teóricas que pode ocorrer se isso viesse a acontecer. Só que como todo cinema Americano, do exagero ao estremo, ele leva a personagem até os 100%. Sendo que com 30% já daria pra fazer um grande estrago.

O filme só me decepcionou um pouco porquê, na parte que interessa que é ela usando essa capacidade nas partes de ação para destruir seus adversários, boa parte dessas cenas já são sugestionadas no trailer. E acho que o filme deveria ter explorado bem mais cenas assim.

Scarlett Johansson se entregou mesmo ao papel. E interpreta de forma muito convincente a personagem.

Enfim, se você está em casa, ou mesmo indo ao cinema, e quer ver um excelente trailer de ação para se entreter e absorver algumas curiosidades e possibilidades que você leria na revista Super Interessante, esta certamente é uma excelente pedida.

Veja abaixo o trailer do filme:

 

11 outubro 2014

Resenha CD's: Derek And The Dominos - Layla And Other Assorted Love Songs (1970)



Cerva vez um repórter perguntou a Janis Joplin a receita para se ser a maior cantora de blues/rock do mundo. Ela sem pestanejar respondeu "um coração partido".

Essa é basicamente a essência do disco de hoje...

Patti Boyd, na década de 60, era uma modelo bastante requisitada. Linda de morrer. Numa gravação de um clipe dos Beatles fase iê iê iê arrebatou o coração de George Harrison e se tornou sua esposa.

Quando Harrison entrou na onda do Hare Hare indiano, passou a olhar a vida sob uma perspectiva espiritual, colocando de lado, ou lá atrás em suas prioridades, o mundo material. E nesse mundo material estava a sua mulher, Patti.

Patti Boyd
Musa inspiradora desse disco clássico

Com Harrison fazendo inúmeras viagens à Índia, sua esposa passou por um processo muito louco de solidão. Passou a precisar de um ambro amigo para se consoar da solidão. E quem foi o escolhido? Simplesmente o melhor amigo de George Harrison, o guitarrista Eric Clapton.

Claro que beleza extrema, carência, solidão, e o coração mole de um dos maiores guitarristas do mundo é uma fórmula tão perigosa quanto, lembrando a canção de Roberta Sá, "fogo e gasolina".

E daí o sacaninha do anjinho cupido, sem dó nem piedade, tascou uma flechada envenenada no coração do Clapton, e este se viu completamente apaixonado pela mulher do melhor amigo dele.

E esse amor proibido foi a inspiração para a composição de um dos melhores discos de blues/rock de todos os tempos.

Claro que se Clapton fosse lançar as músicas com declarações explícitas a Patti Boyd, todo mundo ia ficar sabendo disso, inclusive Harrison. Então o mesmo criou uma banda fictícia chamada Derek e seus comparsas, o The Dominos.

Por conta de Clapton não ter assinado o disco com seu nome, o mesmo passou desapercebido, e teve vendas super baixas. Patti Boyd, que já inspirou canções como "Something" dos Beatles teve um choque quando ouviu as músicas do disco de Eric, especialmente "Layla". Uma declaração de amor mais explícita que essa meus amigos, só se ele desenhasse.

Depois de ouvir o disco não teve mais jeito, o coração da frágil Patti Boyd se entregou de vez a Clapton, e reza a lenda que quando o Harrison descobriu tudo e também ouviu o disco disse para o melhor amigo "fique com ela, você a ama mais que eu".



"Pode ficar com ela, você a ama mais do que eu"
Harrison disse para Clapton após ouvir o disco 

No disco você sente todo o sofrimento que Clapton estava passando. É de ficar emocionado perceber em todo disco uma voz embargada, a guitarra chorando deslizando em lindas melodias. Você de fato consegue imaginar um cara aos farrapos, ajoelhado, se humilhando para um amor proibido e, até então, impossível.

O disco asseia por várias atmosferas. De blues corta-pulso como "Nobody Knows You When You're DownAnd Out" e "Have You Ever Loved A Woman". Momentos singelos e sensíveis como a excelente faixa de abertura "I Looked Away" somando com as acústicas "I Am Yours" e "Thorn Tree In The Garden". Passando por blues/rock's com toda a alma e fúria (lembrando os tempos do Cream) "Anyday", "Tell The Truth", "Why Does Love Got To Be So Sad?" e claro,  grande hit do disco "Layla", que começa com a força de um grito embargado, e na segunda metade termina com um instrumental tão meigo e sereno que faria qualquer motoqueiro de Harley brutamontes lutador de MMA tatuado ir as lágrimas como um adolescente solitário.

Um destaque interessante do disco é uma homenagem ao então recém falecido Jimi Hendix com uma cover sensacional do clássico "Little Wing" que nas mãos de Clapton ficou antológico com muitas camadas de guitarras.

Uma coisa bacana no álbum são os extras no no segundo disco. Muitas sobras de estúdio que talvez fosse ocupar um segundo álbum deste projeto, sem contar o áudio de algumas apresentações ao vivo no programa do Johnny Cash.

Tempo depois do lançamento deste disco, depois de muitas lágrimas derramadas, e desentendimentos com Harrison, ele finalmente conseguiu sua musa inspiradora Patti Boyd. Casaram e o casamento durou alguns anos. Não, não foi pra sempre.

Essa mulher foi a "garota de Ipanema" desses músicos. Inspirou inúmeras músicas de Harrison e Clapton. E graças a esse estigma chamado "coração partido" citado por Janis Joplin, o mundo teve o privilégio de ouvir um dos grandes clássicos disco de todos os tempos.

Para terminar, queria destacar a faixa que eu mais gosto. "Bell Botton Blues" é uma verdadeira oração. Oração ao blues, essa musa cheio de dor, que inspira músicos rasgando seus corações com ma faca bem afiada. Na minha primeira audição desse álbum, essa foi a música que eu mais me apeguei. Você consegue ouvir na voz de Clapton uma angústia,um lamento, tanto em sua voz como em sua guitarra. E esta certamente é a minha predileta no disco, e é com essa linda canção que eu me despeço dessa resenha.

Escute com uma caixinha de lencinho do lado viu!

       

17 abril 2014

Migalhas Teológicas: Um amém à santa Gaga!



Antes de começar gostaria de compartilhar com você, ilustre leitor, alguns fragmentos de uma carta de suicídio:

“Então... Adeus! Eu não sei se consigo. (...) Passar pelo o que eu passo, ouvir o que eu ouço não é bom e eu não desejaria isso nem ao meu pior inimigo. Os últimos dois anos da minha vida têm sido um verdadeiro inferno."

Bem, então temos aqui um adolescente passando por um "inferno" em vida. Mas quem tem feito isso com ele? Agora a coisa vai tomar um sentido mais drástico:

"Desde que eu me assumi para a minha mãe, ela vem dizendo coisas horríveis para mim. Sou chamado de drogado, prostituto, promíscuo, sujo, demoníaco e sou condenado ao inferno todos os dias... Pela pessoa que mais amo na minha vida! Minha família inteira me aceitou, mas minha mãe evangélica, e extremamente religiosa, não aceitou."

E nesta mensagem dramática o tiro de misericórdia:

"Ela esfrega a bíblia na minha cara sempre que pode, e isso faz com que eu me sinta mal."

Já li, por pura curiosidade, algumas cartas de suicídio espalhados pelos mundos do Google. Geralmente quando você tem uma caneta e papel na mão (ou um teclado) pouco antes de tirar a vida, aquilo que se escreve é cheio de significados. Uma mensagem de carinho para as pessoas importantes, um desabafo para os desafetos, uma confissão, ou, no caso desta mensagem em específico, o que me chama a atenção são duas coisas.

A primeira é a representação deste inferno na vida desse jovem: uma mãe "cristã".

A segunda é para quem ele direciona seu texto.

Leia agora este trecho final da mensagem:

"Eu não sei se aguentarei muito mais tempo. Realmente não sei. Eu já realizei muitos de meus sonhos. Eu não vou viver completamente feliz, mas eu sei que partirei com a lembrança da Gaga cantando meu nome durante a performance de ‘Alejandro’ na ‘Born this way ball’ no Rio de Janeiro. Monsters, talvez esse seja meu último post aqui, então... adeus! Eu amo todos vocês e te amo muito, Gaga!”

Will Nascimento é um dos milhares de "little mosters" - como são chamado os milhões de fãs da Lady Gaga espalhados pelo mundo. Ele postou esta mensagem de despedida no site "littlemonsters.com". Espaço criado pela cantora para ler as mensagens dos fãs no qual ela vez por outra interage.

É incrível o grande paradoxo dessas informações que eu acabei de compartilhar.

O garoto sofre um inferno nas mãos de sua mãe que é cristã e busca refrigério no site da cantora Lady Gaga. Curioso não?

Antes de prosseguir queria só um à parte:

As pessoas me perguntam por que diabos eu estudo teologia. 

Bem, religião sempre foi pra mim um assunto fascinante. E pro bem ou pro mal de fato o é. As religiões são capazes das ações mais sublimes, humanas  e desprendidas de interesse que se pode ter notícia. Mas potencialmente ela também é autora cruel de grandes atrocidades.

A bíblia então nem se fala! Influenciado por este livro Luther King Jr. lutou contra a segregação racial nos EUA. E pelo mesmo livro o pastor Jim Jones levou mais de novecentas pessoas ao suicídio. 

Por este mesmo livro Madre Tereza se entranhou na pobreza extrema de Calcutá e Edir Macedo se tornou um milionário. O mesmo livro! Como pode?

A bíblia é um objeto curioso. Digo isso porque eu já a leio a mais de quinze anos. A meu ver ela revela muito mais o caráter de quem a lê do que propriamente o que ela tem a dizer em si.

Quando você lê a bíblia, ou O Senhor dos Anéis, ou até mesmo assiste um filme no cinema, apesar do objeto apreciado ser o mesmo, dependendo do leitor ou de quem assiste, haverá várias perspectivas diferentes.

É exatamente esse olhar que me fascina e assombra ao mesmo tempo. Um objeto como a bíblia pode ser fonte de alegria e paz, assim também como de terror e destruição, dependendo do coração que a lê. À semelhança do anel de poder da saga Senhor dos Anéis, ela (a bíblia) pode lhe elevar ao heroísmo de um hobbit ou lhe transformar num Gollum. (Imagino que você habitou nesta galáxia nestes últimos quinze anos e assistiu ao Senhor dos Anéis né?) 

Então mesmo você colocando o nome cristão no mesmo saco, é óbvio que as perspectivas são diferentes. E claro que em muitos aspectos a igreja (a grosso modo) tem perdido a mão na forma como acolhe as pessoas. Principalmente no que diz respeito a achar que certos pecados são piores que outros. Neste quesito, apesar de ainda manter o conservadorismo, o Papa Francisco está dando sensíveis avanços, pelo menos na intenção de nivelar todos ao mesmo estado de "pecadores necessitando de redenção".

Detesto esta "santidade" que olha o outro (ou próximo) de cima pra baixo. Adoro uma ilustração que eu ouvi à muito tempo em um curso da JOCUM que fiz na minha adolescência onde foi dito que evangelizar é apenas um morador de rua mostrando a outro morador de rua o melhor lugar para se encontrar uma boa sopa quente. Entendi na hora a metáfora! Ninguém é melhor que ninguém. Todos estamos no mesmo barco. Cada um lutando contra sua própria tempestade interior.

Mesmo que a Igreja esteja certa em sua cosmovisão sobre as relações homoafetivas (e digo "mesmo que" porque há inúmeros estudos teológicos que podem ser um contra argumento sobre esta perspectiva), ainda assim é notório que a postura da igreja diante destas pessoas está redondamente equivocada.

E neste quesito artistas como Lady Gaga entram como suporte de apoio e abrigo. Uma pedra que clama (mesmo indiretamente) em nome do amor de Deus para suprir a defasagem do amor da igreja. (Lucas 19. 37-40)

Neste ponto concordo totalmente com a teóloga Maggi Van Dorn, mestranda em Divindade na Harvard Divinity School, com foco em artes, espiritualidade e justiça social:  

"Enquanto a igreja alega ter uma tradição de amor incondicional e prática ritual integrada, a admiração obsessiva da maioria dos fãs de Lady Gaga revela um grande déficit pastoral em nossa forma de praticar o amor e a aceitação. De modo especial em relação àqueles que são continuamente marginalizados pela igreja e pela sociedade. Poderíamos esperar que os esforços da igreja para compreender e celebrar o amor seriam tão provocativos quanto os de Gaga?"

Ao que parece "a letra que mata" está sendo mais importante que "o Espírito que vivifica" (2 Co 3.6). Quanto a primeira, teria que escrever outro longo texto sobre esse fundamentalismo bíblico, essa literalidade pobre. Mas não vou tomar mais muito seu tempo nobre leitor.

A propósito, acabei de lembrar de um versículo:

"Para envergonhar os sábios, Deus escolheu aquilo que o mundo acha que é loucura." (1 Coríntios 1. 22a)

Nunca pensei que fosse ler esta passagem imaginando os "sábios" representando alguns cristãos intolerantes.

Eu, nestes anos de caminhada espiritual, nunca vi alguém se tornar cristã depois de derrotada numa discussão. Pelo menos todos os meus amigos que, no mínimo, passaram a ser um pouco mais simpatizantes com o cristianismo por conta de minha conexão com eles foi através de atitudes sinceras de amizade, abraço de conforto, postura de acolhimento, compaixão e, principalmente, capacidade de me colocar no lugar do outro, e neste exercício, me perceber também como alguém que precisa de Jesus Cristo como referência para ser alguém melhor.

Já diz o velho Philip Yancey: "Julgamento sem amor suscita inimigos e não convertidos."

E você deve estar se perguntando: Sim mas... E aí? O que aconteceu depois que ele escreveu a mensagem no site da Lady Gaga?

Ela respondeu!

E sua resposta até hoje ecoa em meu coração como um fragmento da Graça de Deus que se manifesta através de qualquer pessoa que esteja disposta a ser movida pelo amor:

"Não se atreva! Olhe para esse rosto lindo! Toda tristeza pode mudar. Mas você precisa trabalhar para isso. Converse com aqueles que te apoiam e fique com a gente nesse site. Nós PRECISAMOS DE VOCÊ. Eu preciso de você. Sem você eu perderia uma parte do meu coração. Eu te amo, monster, outras pessoas às vezes podem não ter compaixão. Não se sinta mal, sinta-se mal por eles!"

O garoto desistiu do suicídio depois de ler esta mensagem.

Amém Lady Gaga!

E obrigado pela lição!


Agora vocês me dão licença porque, de repente, este maltrapilho aqui sentiu uma enorme necessidade de tomar uma bela sopa quente...

FONTES: 
oglobo.globo.com
www.teleios.com.br
littlemosnters.com


p.s. - Leia autores como Brennan Manning e Philip Yancey. Eles me ajudaram a atravessar muitas tempestades.


07 abril 2014

Resenha Filme's: Azul é a cor mais quente (França - 2013)



Orgânico... Se eu pudesse resumir em uma palavra o porquê gostei tanto deste filme seria essa.

O bom cinema francês é assim. Sem enfeites nem subterfúgios tecnológicos. Apenas uma câmera focada no rosto do ator. Não tem para onde correr. Se o ator não tiver segurança na verdade que ele está dizendo através do personagem, as lentes focadas vão desmascará-lo na hora.

Daí toda a tradição do cinema francês na fabricação de excelentes atores.

E com este filme não é diferente.

Neste filme há poucas cenas abertas. A maior parte é feita com a lente focada nos rostos dos atores deixando o telespectador ver cada detalhe do rosto.

O filme trata da história de Àdele e de sua fase de descoberta sexual. Uma adolescente urbana, linda e cheia de amigas. Namorando um cara super legal e carinhoso. E que por algum motivo tem a sensação que lhe falta alguma coisa na vida. E esse motivo ela descobre quando olha para os cabelos azuis de uma jovem que cruza com ela pela rua. Aquela garota por algum motivo não sai mais de sua cabeça. Até que as duas se reencontram e, daí, o enredo começa a dar essas respostas de que ela tanto busca.

O filme tem cenas de sexo viscerais. E explícito. A primeira cena de Àdele transando com o namorado dela dura quase 5 minutos. A segunda cena da Àdele matando a sede na saliva com sua linda amante de cabelos azuis duram mais de 10 minutos.

Na sala de cinema pude ver reações das mais diversas. Uns mais assanhados gritavam como se tivessem vendo uma partida de futebol, e a grande maioria ficava com risinhos constrangidos ou simplesmente o silêncio.

Bem, Nelson Rodrigues dizia que se todo mundo soubesse o que os outros faziam entre quatro paredes ninguém se cumprimentava na rua. Há coisas na vida que só dá pra explicar adentrando na intimidade destas quatro paredes. Ou seja, apesar da cena ser forte, na intensidade das cenas dá pra sacar porquê aquela intimidade é tão marcante (como ferro quente marcando um gado) na ligação daquelas garotas. O que pode refletir para qualquer casal, seja lá o gênero sexual que for.

Sexo é um negócio bizarro e fascinante na vida dos seres humanos. Casais permanecem juntos durante anos baseados naquilo que vivenciam na cama. Outros se separam pelos mesmos motivos (ou pela ausência ou apatia sobre estes motivos).

Significa que as cenas foram realmente necessárias? Talvez na mente do diretor sim. Exatamente porquê a resposta pro enigma estava ali, não tinha como explicar de outra forma.

Agora claro que essa curiosidade para ver essas cenas de vários minutos de sexo pode ter sido um pouco prejudicial, principalmente por restringir bastante o público que irá assiti-lo. Por conta disto muita gente vai deixar de ver um filme belo. Um drama excelente maravilhosamente vivenciado pela bela dupla de atrizes francesas Àdele Exarchopoulos e Léa Seydoux.

As duas se garantiram tanto que o Festival de Cannes, não sabendo qual das duas foi a melhor, resolveu premiar as duas como melhores atrizes. E foi muito bem merecido.

Realmente fui arrebatado pela interpretação delas. Uma verdadeira escola de dramatização. E a atriz que interpreta a Àdele é linda demais.

É um filme humano. Muito mais do que uma história gay, é uma busca de uma garota por auto-conhecimento. É também a história de uma relação a dois (ou duas) com todas as facetas positivas e negativas. Fala de hipocrisia, de lealdade, de tempo, de desgaste. Está tudo ali na tela. Humano demasiado humano.

Gosto muito de filmes comerciais americanos. Mas tem momentos que meu cérebro clama por filmes de arte mais densos e tal. Então na medida que posso intercalo esses dois tipos de filme.

Para quem for se aventurar esteja desprendido de qualquer pudor para ver as cenas de sexo. E no mais é aquilo que o cinema francês tem de bom: impecáveis atuações!

Enfim, foi uma interessante experiência cinematográfica para mim.

p.s. - o novo cinema do Dragão do Mar está nota 10!
    
Assista abaixo ao trailer do filme "Azul é a cor mais quente":

31 março 2014

Resenha Livro's: Pré-cinemas & pós-cinemas



Livro: Pré-cinemas & pós-cinemas
Autor: Arlindo Machado
Ed. Papitus
303 páginas

Eu achava que gostava de, digamos, práticas cinematográficas. Até o dia em que fui convidado por um amigo produtor pra ser assistente de câmera em uma produtora aqui de Fortaleza. E aí começou um de meus mini-purgatórios. Gravar é um processo sacal, enfadonho e, principalmente, cansativo. Claro que isso é a perspectiva de quem foi assistente. Logo ficava com a parte mais pesada do trabalho - levar equipamento, montar equipamento, ajustar equipamento, desmontar equipamento, guardar equipamento. Quando ficava sabendo que a grua ia pra gravação chega me batia uma tristeza interior.

Indiretamente, por conta desta experiência, meu olhar pro cinema mudou um pouco também. Toda vez que eu via uma cena com uma média logística de complexidade eu já ficava cansado imaginando o trabalho que deve ter dado montar todo o equipamento para aquela cena ser possível.

Enfim, me desapeguei totalmente da ideia de ser um cara dessa área. E com o tempo fui esquecendo essa experiência e meus olhos foram voltando ao costume de ver um filme como puro entretenimento sem pensar muito na técnica.

Esse livro eu adquiri antes dessa fase cansativa de assistente de câmera. Uma época que eu achava que podia ser o que quisesse, inclusive diretor de cinema.

A Vila Das Artes, uma excelente escola de audiovisual aqui de Fortaleza abriu um edital para um curso de cinema e eu me inscrevi. E dentre a bibliografia recomendada para prova estava um capítulo desse livro.

Passei na primeira fase, mas na segunda eu não consegui. Mas o livro ficou guardado na minha biblioteca, até que finalmente resolvi lê-lo.

Bem, o sr. Arlindo Machado é um grande pesquisador na área audiovisual. Um cara que já escreveu toneladas de artigos sobre o tema e que, de fato, academicamente tem uma incontestável autoridade no que fala.

Esse presente livro é uma compilação dos mais importantes artigos dele. Compilados de tal forma que sequencialmente passa a ser um passeio sobre a história do cinema. E leia-se história do cinema, segundo ele, remetido desde eras das cavernas, onde nossos ancestrais desenhavam animais nas paredes numa sequencia que dá a nítida impressão de continuidade. E daí ele vai explorando aos poucos a evolução desse conceito de desenho querendo exprimir movimento, até os primeiros ilusionistas de espelho em circos espalhados pelo mundo em meados dos séculos VII e VIII.

Mas assim, devo alertá-los que em 85% do livro o cara é muito técnico. Realmente não é um livro para alguém que só goste de cinema e quer se informar mais um pouco. É um livro bem pra estudante de cinema mesmo. Então em muitas partes a leitura é bem árida.

Mas se você tiver paciência e seguir em frente você vai acompanhando minunciosamente todos os pormenores de como cada fase do cinema foi evoluindo. Desde as tomadas, as sequências, os roteiros. Nisso o livro é bem rico.

Indo mais para o contemporâneo ele vai falar sobre a evolução dos vídeos e de como isso poderia afetar positiva e negativamente a produção cinematográfica, e daí vai divagar sobre o próprio conceito do que é cinema. Lembrando que os textos foram escritos numa era pré Internet e Youtube. Acho até que o autor poderia, na próxima edição, adicionar novos capítulos (artigos) sobre esses temas.

Ao final do livro tem um artigo superinteressante falando sobre a cobertura audiovisual e jornalística da guerra do golfo. Falando de como os meios de comunicação tem o poder de informar, mas também de alienar a massa sobre os acontecimentos.

Emfim, no geral é um livro interessante, porém é tão técnico que tive muita dificuldade de terminá-lo por ser cansativo as descrições em muitas partes. Mas enfim terminei e realmente me sinto um cara mais bem informado sobre o assunto.    

04 março 2014

Resenha CD's: AC/DC - For Those About To Rock We Salute You (1981)



Banda: AC/DC
Álbum: For Those About To Rock We Salute You
Ano: 1981
Gravadora: Columbia

Geralmente pensa-se que o segundo trabalho depois de um disco de sucesso é o mais difícil para uma banda. Eu discordo! Porque geralmente o segundo disco ainda vai ter aqueles resquícios de criatividade que houve no sucesso anterior. Agora, difícil mesmo é manter o mesmo fôlego no terceiro disco. Ou a banda se recicla ou vai fazer um trabalho deprimente por motivos contratuais tirando a última gota do bagaço da laranja.

Agora se coloque no lugar dos caras do AC/DC, em especial o guitarrista Angus Young.

Você cria um álbum de sucesso estrondoso chamado Highway To Hell (1979), perde seu vocalista (Bon Scott, morto repentinamente em 1980) e consegue manter a unidade do grupo, convoca um novo vocalista (Brian Johnson) e, novamente, repete o feito gravando um clássico chamado Back In Black (1980) que levou o AC/DC como um foguete para os braços do mundo.

Mas e aí? A banda iria ficar refém de seus dois últimos clássicos e levar uma carreira confortável (e cômoda) empurrando com a barriga com discos medianos? Bem, era o que todos esperavam.

Mas aí a banda se recolhe na França (sim, França meus amigos!) e cheios de boemia gravam este outro grande estouro de disco For Those... no ano que eu nasci (1981) e, se alguém tinha duvidas sobre o talento desses australianos criadores de infindáveis riffs, a dúvida certamente dissipou-se como uma névoa dando lugar a um sol brilhante.

Para o título do disco (e principal faixa) "For Those About To Rock (We Salute You)", Angus Young se inspirou num livro que estava lendo chamado "For those about to die, we salute you" sobre os gladiadores romanos. Antes de começar o festival de sangue nas arenas, os gladiadores viravam-se para o imperador e diziam "Ave Caesar moriture te salutant" (César, os que vão morrer te saúdam). Daí o título de convocação a todos que gostam de rock a se embrenhar nas arenas dos estádios pra ver um poderoso som cheio de eletricidade. Este basicamente virou a música de encerramento dos shows do AC/DC, com direito a sons estrondosos de canhões. Um verdadeiro grand finale!

Este intocável 8º álbum do AC/DC tem um som com uma pegada mais lenta, porém com rifs bem fortes. Faixas como "Let's Get It Up" (que assim como "Put The Finger On You" celebram o lado sacana de alguém louco por mulher no sentido mais primeira fase dos Raimundos possível...), "Inject The Venom" e "Spellbound" mostram bem essa pegada lenta porém intensa.

"Snowballed" retoma a velha pegada AC/DC, rápida, direta, sem enfeites, de sua era mais setentista.

"Breaking The Rules" e "Night Of The Long Knives" (esta última teve como inspiração a sangrenta noite de 1934 quando Hitler mandou matar todas as pessoas que estavam em seu caminho em sua habitual caminhada noturna) também tem aquela levada mais lenta porém bastante consistentes.

Agora claro, deixei para o final a cereja do bolo! Mesmo falando de temas mais, digamos avulsos, quando não falando de noitadas intermináveis rodeado de vadias e muito álcool, o aspecto que mais aprecio nesta banda, definitivamente, é quando eles, sem reverência alguma, brincam com a perspectiva católica medieval do mal (leia-se capiroto, coisa ruim, capeta, etc...).

Claro que isso é de uma infantilidade tremenda, e escutar as músicas do AC/DC sobre esse tema é tão divertido quando ver um dos inúmeros filmes de exorcismo, demônios, possessões, fantasminhas malvados, etc...

"Evil Walks" mostra bem isso. O mal que nos acompanha o tempo todo, está (como diz um jargão bíblico) como um leão andando ao redor da presa esperando um momento de fragilidade para atacar.

Claro que vou aprofundar mais essa perspectiva quando resenhar os dois álbuns anteriores deles.

"C.O.D." está dentro desta temática sombria, mas essa vou deixar pro final.

For Those... catapultou definitivamente o AC/DC para o topo das paradas de sucesso no mundo todo e, definitivamente, a tornou uma banda das grandes arenas.

Claro que os críticos (alguns com certa razão) dizem que à partir de então a banda meio que vem gravando o mesmo disco sempre, mudando apenas o título. Realmente, quando você tem uma fórmula pronta apenas tem que seguir em frente e administrar isso. Algumas bandas para provar algo a si mesmas caminham experimentando novas sonoridades, fazem coisas que destoam totalmente no projeto original usando a mesma marca (tô com preguiça demais para citar as inúmeras bandas que fizeram isso). Algumas poucas bandas realmente conseguiram se inovar e tal. Mas a maioria não conseguem nem agradar os ouvidos mais apurados, tampouco os fãns.

AC/DC optou pelo caminho "mais fácil" mas sem perder a sua essência. Um hard rock puro, pesado, sem enfeites, direto ao ponto, com letras de conteúdo absolutamente irresponsáveis (no sentido mais positivo possível), e nisso tem arrastado multidões de fãns por décadas. E muita gente começou a curtir a banda não pelos dois clássicos anteriores, mas por esse disco.

Eu por exemplo comecei a degustar o AC/DC depois que as americanas colocou todo o catálogo da banda na loja a R$ 14,90 cada. Comecei a comprar e ouvir os discos. É repetitivo? Sim! Se você passar dias seguidos escutando você enjoa. Porém, com o tempo, você vai aprendendo a colocar os discos pra tocar em momentos especiais. Lavando o carro, malhando, correndo, numa farra em casa com os amigos, e todos começam a fazer o chifrinho com a mão e brindam e conclamam algo muito parecido com o título do álbum:

For Those About to Rock, We Salute You!

A PREDILETA:

"C.O.D" é muito interessante por explorar essa dicotomia cristã ocidental do bem e do mal. A letra mostra o perigo quando o demônio (ou o mal, que, em tese, tem um pouco em cada um de nós) pode se tornar destrutivo principalmente para aqueles que nos rodeiam. Cuidado! É a música do disco que eu mais curto escutar. Enfim, é puro rock moleque: riff pegajoso pra escutar tomando uma cerveja jogando sinuca com letra sobre aspectos do capiroto!

Há, e para aquele leitor cristão que acha um absurdo uma banda falar sobre o diabo pense bem e reveja seus conceitos. Para muitos amigos cristãos que eu tenho a figura do diabo já se tornou algo mitológico, a tal ponto que, se você pensar bem, falar sobre o diabo (principalmente na sua forma mais caricatural) é tão conservador e religioso quando os neo medievais que acreditam em Deus. Afinal de contas, segundo essa linha o diabo não veio para "matar, roubar e destruir"? Então! Ninguém pode vir aqui e acusar o AC/DC de serem teologicamente imprecisos em sua visão do diabo que, para eles, se tornou um tema bem mais divertido e interessante do que Deus. Bem, se eu for pensar em tanta música sem sal que se escrevem sobre Deus por aí, sou até tentado a pensar que eles têm razão.

Ouça no vídeo abaixo a música "C.O.D.":

06 janeiro 2014

Meu Pequeno Ozzy

Capítulo 1
Morfeu, o black dog dos meus sonhos!

Meu ex sonho de consumo

No geral sou um cara superficial em relação a cães. Sempre fui do senso comum e, como quase todo senso comum, sempre sonhei em ter um labrador. Era a primeira coisa que ia fazer (pretendia eu) quando finalmente casar e, de preferencia, morar em uma casa com um espaço razoável para criar esse animal de médio/grande porte com todo cuidado e mimo do mundo. Me imaginava e sonhava com ele em várias situações - praias, sítios, festas comemorativas com ele fantasiado à caráter, iria virar um dono de cão super cool com fotos iradas no Facebook. E sempre quis ter um cachorro grande e todo preto por conta da minha música do Led Zeppelin predileta: "Black Dog".

Led Zeppelin - "Black Dog" 



Finalmente esse dia tão esperado chegou!

- Oi Gê, aqui é Alice!
- Diga lá queridona! A quanto tempo!
- Pois é Gê, tô te ligando por quê tô meia aperreada ó...
- Que foi menina?
- Bem, moro num apartamento pequeno e lá na casa da minha mãe vai ter uma reforma gigante e todo o terreno da casa vai embora pra virar um centro comercial. Aí Gê tô com o coração na mão por quê não sei com quem deixar o Morfeu...
- E quem é Morfeu?
- Meu labrador preto de 2 anos... Ele é mistura de labrador com chao-chao... Então ele é um labrador perfeito só que a língua dele é roxa... É a coisa mais linda, super dócil e tal... Apesar de ter muita gente brigando pra ficar com ele, sinceramente pensei em ti ó George... Tá afim de ficar com ele? ... George? ... George?
- Caraaaaaaaaaaamba que massa!!! Quero sim, nossa que sonho...

E aí meu sonho se concretiza. Agora é só preparar a casa para recebê-lo - ajeitar o jardim, instalar portão lateral, etc.

Dois dias depois recebo outra ligação:

- George, aqui é a Nice amiga de sua mãe... Olha só, tô com três filhotes aqui no meu abrigo (ela tem um abrigo só que a prioridade é gatos) e realmente tô numa situação bem complicada porquê não tenho como ficar com eles, e eles nem são vacinados ainda, o que os tornam impossibilitados de ir pra feira de adoção. Enfim, tô ligando prum monte de gente pra ver se tem quem os adote, senão vou ter que levá-los pra zoonoses. Resgatei eles de uma mulher que ia jogá-los no rio. Era uma ninhada de 8 e apenas 4 sobreviveram, e destes 4 um filhote ainda desapareceu.
- Olha, ééé, ummm... Bem, estou prestes a adotar um cachorro já, mas vou falar com a Lorena (minha esposa), acho que talvez role a gente adotar só um deles...
- Tranquilo, temos dois aqui bastante saudáveis... E já limpei eles totalmente... Os coitados estavam entupidos de carrapatos e pulgas... Passei remédio e tudo... Só um deles que tá mais fraquinho... Foi o mais maltratado e rejeitado da ninhada.

- E aí Lorena?
- E aí que vamos lá... E vamos adotar o mais fraquinho porque ele tem menos chance de ser adotado.
- Beleza cara, mas seguinte, lembre-se que eu quero o Morfeu, então chegar lá vamos escolher só um e pronto! Só um viu! Sóóó um! Estamos entendidos?

Capítulo 2
Os três mosqueteiros
ou A Senhora dos Gatos


Ozzy, Floyd e Pink

Nice é a melhor amiga de minha mãe. Ela é uma daquelas mulheres obstinadas que fez da proteção aos gatos uma filosofia de vida. Entramos na casa dela e tivemos essa constatação. Nunca tinha visto um amontoado tão grande de gatos. Por toda parte que se olhava percebia que era observado por grandes olhos curiosos de inúmeros bichanos. Gatos de todos os tipos, cores e tamanhos. E ela, Nice, desfilava no meio deles como uma verdadeira rainha.

Além de seus gatos, ela alimenta os gatos da UECE (Universidade Estadual do Ceará) do bairro Itapery e, claro, os gatos de sua vizinhança que, infelizmente (segundo ela) não cabem mais em sua casa.

Chegando ao quintal, no meio de todos aqueles gatos, logo pudemos ver aqueles três pontos marrons. E foi aí que, pela primeira vez, vi os três irmãos sobreviventes.

- Owwww ammor, olha só ele, tá tão fraquinho! Qual vai ser o nome dele?
- Sei lá Lorena, ele tá tão magrinho... Cabeça enorme... Ummm... Que tal Smeagol?
- Credo George! Ele é do bem, e independente das coisas ruins que ele passou está conseguindo sobreviver!
- Tá, então vai ser Ozzy!
- Ótimo! Bem, e os outros?
- Como assim "e os outros"?
- Owww amor, olha só como tão olhando pra gente!
- Não, não, não Lorena! Não inventa!
- Tá bom então... Vamos deixar eles aí pra ir pra zoonoses...
- Putzgrila Lorena! Seguinte, tem mais um macho e uma fêmea... Escolha só mais um e pronto!
- Tá, vou levar o macho!
- Pronto Nice, vamos levar os dois machos. Quem cria um cria dois!
- Ótimo, vou conseguir aqui uma caixa bem grande e vou dar comida e mais uma dose de remédio de verme. Vai dar para uns dois dias.
- Valew Nice... Você quer alguma ajuda de custo?
- Naaaaaaaaada meu povo! Quero ajuda não! Vocês é que tão ajudando!

Indo pro carro, com os dois filhotes na caixa, não conseguia parar de olhar para os olhos da fêmea que ia ficar. Ela tentava acompanhar os irmãos e, pra piorar, dava aqueles gemidinhos de cachorro triste. E pra piorar ainda mais, acho que ela deve ter aprendido com os gatos a fazer aqueles olhinhos do Gato de Botas do Shrek.

- Bora Lorena... Pega ela também! Quem cuida de dois cuida de três!
- E o Morfeu?
- Unf...

Capítulo 3
The Big Family


Eu e meus três mosqueteiros
Pink, Ozzy e Floyd

Então fomos nós! Eu, Lorena, o pequeno Ozzy e...

- Bem, e o nome deles?
- Há, sei lá... John e Yoko?
- Não, eles são irmãos e não um casal, tipo, casal de verdade saca?
- E desde quando cachorro liga pra isso?
- Gê, John e Yoko não! É incesto!

E no som do carro começa a tocar:

"... Hello? Is there anybody in there? Just nod if you can hear me? Is there anyone at home?"

- Acho linda a melodia dessa música!
- Taí! Perfeito! A Pink e o Floyd!
- Hahahahaha! Doido! Nada a ver!
- Doido nada... Troquei um labrador de língua roxa por eles! Ponho o nome que eu quiser e vai ser Pink e Floyd!

Pink Floyd - Comfortably Numb



E aí começou nossa, digamos, primeira vida familiar de um casal recém casado com três filhotes em casa.

O período de adaptação foi mais tranquilo do que imaginávamos. Talvez pelo fato de termos adotado três, e um fazer companhia ao outro, não houve tanto chororô da parte deles.

Com o passar dos dias, na rotina diária, fomos conhecendo um pouco mais da dinâmica de convivência deles. Floyd era o mais, digamos, bobão. Passivo a tudo o que a fêmea Pink fazia. Geralmente era o mais medroso, e quando tomava uma atitude era um maria-vai-com-as-outras. O Ozzy era o mais, digamos, introspectivo e recluso. Talvez pelo fato de ser o menorzinho do grupo, e por claramente ser o fisicamente mais debilitado, ele tinha grande desvantagem nos momentos das "brincadeiras" deles. No geral, ficava deitado e era metido a valente. A fêmea fazia o meio de campo entre eles. Ela que dava movimento ao grupo, liderando-os nas explorações no quintal, nos protestos de fome na porta da nossa sala (latidos infernais) e, quando ela via que o Ozzy tava muito tempo deitado, ia lá e ficava arrastando a cama dele de lugar do tipo "acorda pra vida cara". Com o Ozzy ela às vezes era rude, ficava irritando ele, meio que tirava ele de sua zona de conforto. Mas isso era alternado com claras demonstrações de carinho. Ela por vezes passava tempos bem longos lambendo o Ozzy, suas orelhas, sua boca, seu corpo. E aparentemente isso o animava muito.

Eu sempre tive receio de trazer animais pra casa. Tinha medo de que os bichos fossem prender eu e Lorena em casa. Não íamos poder fazer viagens de longo tempo, não íamos ter limpeza e organização em casa, iam ser zuadentos, enfim, temia que minha casa virasse um caos. Porém estava redondamente enganado. Esses animaizinhos trouxeram muita vida pro meu recém criado lar. De certa forma, cuidar deles até aprofundou ainda mais meus laços com minha mulher. Sei lá, é uma coisa que simplesmente eu não consigo explicar.

Agora mesmo enquanto escrevo estas linhas vejo minha mulher no sofá e nossos filhotes aos pés dela. Misteriosamente o Floyd desenvolveu uma ímpar curiosidade por TV. Já a Pink fica entre o sono e acordar, fazer aquele olhar para mim de longe, com suas orelhas de morcego levantadas e, quase que consigo enxergar uma nuvem de diálogo saindo de sua cabecinha com a frase "Por quê esse humano idiota não vêm brincar comigo? Saco!"

Vou ali brincar um pouco com ela. Volto já!

...

20 min. depois...

Pronto, voltei!

Onde eu estava? Há sim, lembrei!

Se fôssemos olhar como uma escadinha a Pink seria de longe a maior. O Floyd estaria um pouco abaixo da Pink. Já o Ozzy, apesar de comer proporcionalmente igual aos outros, por um motivo que eu não conseguia entender, simplesmente não crescia. E definitivamente isso começou a virar uma preocupação para nós... Pais aflitos.

Capítulo 4
Vamos Ozzy! Resista!


Ozzy já na fase "dormir mais que o normal" 

Preocupados com o estado do Ozzy e também com Floyd (que também percebemos estar emagrecendo e com falta de apetite), levamos todos para uma clínica muito boa aqui no bairro chamada PetSanus, do dr. Gustavo Coser. Foi passado uma bateria de exames e um sem número de vitaminas, suplementos, e, bem, lá se foi nossas economias para um fim de ano em alguma pousadinha em beira de praia.

Temíamos muito que a falta de apetite do Floyd e Ozzy, bem como a aparente anemia neles (bem mais intenso no Ozzy) fosse calazar. O que, segundo nossas parcas pesquisas no Google ia significar ou o caminho da eutanásia ou um longo e caro tratamento.

No outro dia, com o coração na mão, ligamos para a clínica e foi constatado que tanto o Ozzy quanto o Floyd estavam com a doença do carrapato.

Nossa, lembro a Nice (do abrigo para gatos) relatando que todos os três estavam com as orelhas literalmente entupidas de carrapatos. Os meus três sobreviventes. Meus fortes sobreviventes.

Enfim, começamos o tratamento nos dois e na Pink que, apesar de não ter acusado a doença, incluímos por pura precaução no tratamento para prevenir ou eliminar caso a doença estivesse apenas encubada no corpo dela. E lá se foram as economias dos móveis planejados para o início do ano para nossa sala de estudos.

Mas mesmo assim não nos arrependemos em momento algum do "investimento". Afinal, eles eram nossa responsabilidade. Assumimos o sério compromisso de cuidar deles, e era isso que íamos fazer.

Então vamos lá! Medicação regulada, vitaminas, tabela de horários e eu e Lorena tentando ser os melhores enfermeiros possíveis.

Pink e Floyd reagiram super bem ao tratamento. Já o Ozzy, a cada dia que passava, apesar de comer e tomar as vitaminas como os outros, simplesmente não engordava nem crescia. E a partir de então a coisa só foi piorando, principalmente sua anemia.

Fisicamente o Ozzy começou a definhar. Seus ossos começaram a se destacar em sua pele. Ainda assim era comovente ver que, apesar dele maior parte do tempo ficar deitado e dormindo, sempre que podia ensaiava brincar com seus irmãos. Quando não ele tomando iniciativa, a Pink ia lá onde ele estava e arrastava a caminha dele para o meio do corredor e começava a "implicar" com ele, do tipo "vai passar o dia todo deitado aí zé mané?".

Eu e Lorena ficamos o tempo todo hidratando ele a cada 15 minutos com soro. Nas febres intermináveis dávamos remédios, e a coisa passou a oscilar entre ele estar bem ou mal. Ozzy até certo momento conseguia ter pleno controle de seus movimentos. Sua musculatura ainda permitia que ele andasse, latisse, etc.

Até que um dia ele simplesmente passou a não levantar mais, e eu passei a me me sentir desamparado e com o coração na mão, igual a mãe do Cazuza.

Capítulo 5
Uma longa noite




Num espaço de poucos dias Ozzy emagreceu assustadoramente

Já era noite bem avançada. Fui botar comida pros filhotes e Ozzy permaneceu lá, estendido em sua caminha. Quando fui pegar e dar colo a ele, ao invés da febre habitual, percebi que ele estava com as orelhas e patas bastante frias. Sua gengiva estava quase branca, bem como sua língua. Pegamos ele e imediatamente fomos à clínica.

00:20h

- Gente, nesse caso aqui só uma transfusão viu.
- Ótimo! Vamos fazer! Pode começar!
- Mas pra fazer uma transfusão tem que ter uma bolsa de sangue...
- O sr. não tem aí?
- Não...
- Putz...
- A coisa funciona da seguinte forma. Vocês conseguem um cão doador que tenha no mínimo 30kg e que seja saudável... Aí vocês com isso economizam R$ 200,00.
- E quanto é o processo todo?
- Em torno de R$ 500,00.
- Putz... E onde é que a gente encontra um cão doador numa hora dessas? Do jeito que ele tá aqui acho que não aguenta até de manhã... Será que em outras clínicas 24 horas têm ein?
- Não sei amor... Só tentando.
- Pois é, se vocês quiserem tentar... 

1:00h

Eu e Lorena, aflitos, resolvemos sair procurando uma bendita bolsa de sangue em alguma clínica 24h. Fomos em pelo menos 3 ou 4 e nem sinal de bolsa. Ozzy debatia no meu colo impaciente, irritado com o balanço do carro somada a sua clara dificuldade em respirar. Depois de receber vários "não temos bolsa de sangue" voltamos para casa.

3:40h

No trajeto de volta observei seus olhinhos curiosos olhando o mundo lá fora. Observando luzes, faróis de carros, uma ou outra pessoa na calçada... Nossa, como eu queria que ele saísse dessa! Por tudo que ele tava lutando ele merecia a cura! Definitivamente! Ao longo da av. Washington Soares, naquela fria madrugada, o pequeno Ozzy olhava o mundo pela janela e olhava pra mim. Como pode a gente criar tanto amor por uma criaturinha dessas? No rádio começou a tocar "Don't Know Why" da Norah Jones e meu coração desabou de vez...

Norah Jones - "Don't Know Why"



Capítulo 6
Anjos Desconhecidos

4:20h

- E agora amor, o que a gente faz?
- A gente tem que esperar amanhecer pra fazer alguma coisa... Não conheço ninguém que tenha um cachorro com 30kg...
- É osso viu Gê... Olha amor, Ozzy tá muito mal!
- Vamos continuar hidratando ele com soro já que ele vomita toda comida que a gente dá pra ele...
- Tá certo!
- Ó, acho que tive uma ideia... Vou jogar um apelo no Face pra ver se alguém conhece alguém que tenha um cão nesse perfil que possa ajudar a gente!
- É uma boa Gê já que tu é quase prefeito do Face!
- Deixa eu tirar uma foto de vocês dois...


Foto que tirei da Lorena cuidando do Ozzy no final da madrugada 

UM APELO... Nosso filhote Ozzy está muito doente... Ele foi detectado com a doença do carrapato e, além disso, ainda está com uma anemia profunda. Ele nasceu num "lar" onde foi muito maltratado e negligenciado junto com seus dois irmãos (a Pink e o Floyd). Adotamos os três (os únicos sobreviventes de uma ninhada de 8 e temos, eu e Lorena GGuerra dado muito amor e carinho a eles. De todos o Ozzy foi o mais maltratado pelos antigos donos. Enfim, são 3 da manhã e ainda estamos acordados de plantão cuidando dele e o Ozzy precisa urgentemente de uma transfusão de sangue... Para que isso ocorra temos que ter como doador um cachorro que pese no mínimo 30kg e seja saudável. Podemos até fazer todo o translado... A clinica é muito boa e para o animal que vai fazer a doação é super seguro uma vez que a doação é de apenas 100ml de sangue. Por favor lhe peço que se você tem ou conhece alguém que tenha um cachorro dentro destas condições por favor nos contate!!! A gente tá muito aflito e desejamos muito que ele sobreviva. Essa transfusão é a única chance que ele tem! Nos ajude! É urgente! Ass. George e Lorena"

- Pronto amor, enviei! O Ozzy dormiu, vamos tentar dormir um pouco...

7:00h

- Caramba Lorena, olha aqui!
- Mais de 100 compartilhamentos!
- Olha aqui amor na minha caixa de mensagens! Muita gente me escrevendo sendo solidário e oferecendo seus cães para a bolsa de sangue!
- Caramba que massa!

7:40h

por telefone

- Oi Lorena, aqui é o dr. Gustavo da clínica. Olha só, consegui uma bolsa de sangue. Um conhecido meu vai me vender uma. Então é o seguinte... A única coisa que eu quero que vocês façam é pagar pro cara essa bolsa de sangue que custa R$ 200,00. No mais, quanto a todo o processo e internação pode deixar conosco.
- Que massa dr. Gustavo! Muito obrigada! Estamos indo praí agora!

Muito comovidos pela solidariedade no Face e com a boa vontade do dr. Gustavo levamos o pequeno Ozzy (muuuuito debilitado) para a clínica.

8:00h

- Olha, eu tenho que ser absolutamente sincero com vocês. O risco de morte do Ozzy nesse processo de transfusão, dado o próprio quadro clínico dele, é considerado de alto-risco. Vou fazer o melhor que posso, mas de antemão tô informando porquê realmente o estado dele é grave...
- Tá certo dr. Gustavo... Estamos totalmente cientes disso, mas mesmo assim obrigado por reforçar. Aconteça o que acontecer vamos saber que o senhor e, principalmente o Ozzy, deram o melhor de si.
- Gente, esse cachorro é muito forte! Se ele fosse de raça já teria morrido há muito tempo!
- Pois é dr. Gustavo. Por isso coloquei o nome dele de Ozzy, que desde que era do Black Sabbath até hoje passa por poucas e boas mas nunca morre.
- Vou ficar mantendo vocês informados de tudo. Vou ligar quando a bolsa chegar, quando tiver rolando a transfusão, quando tiver acabado, e depois de algumas horas pra dizer a reação. E por falar nisso, geralmente o processo pra saber se ele reagiu bem a transfusão se dá ou nas primeiras horas após a transfusão, ou depois de 42h.
- Tá certo então dr. Gustavo. Novamente obrigado!
- Agora vão pra casa descansar que a noite de vocês foi muito longa!

Ozzy estava tentando ficar em pé na mesa de metal do consultório. Quem encostasse nele, mesmo sendo eu ou Lorena, ele tentava morder. Sua debilidade devido à anemia já atingiu seu pequeno e frágil sistema nervoso. Ele voltou a deitar, ficou com seus olhos demoradamente olhando para mim e Lorena. Me sentia absolutamente impotente.

Agora é contigo Ozzy! Pensei...

Então o ajudante do dr. Gustavo o levou para a internação. Enquanto ele era levado da sala não tirava os olhos de mim. Animal tem essa coisa de olhar nos olhos da gente. Eu ainda não sabia, mas foi a última vez que o vi...


Capítulo 7
O grande legado do pequeno Ozzy à minha família


Ozzy


Apesar de à princípio ter reagido bem a transfusão, e de ter passado boa parte do dia em situação estável, houve alguma complicação em seu organismo que gerou um ataque cardíaco no final da tarde... Os esforços profissionais do dr. Gustavo conseguiu trazê-lo de volta, porém, houve uma segunda parada poucos minutos depois que, infelizmente, foi fulminante para o pequeno Ozzy.

Optamos por não ver o corpo. Deixamos esse serviço para a clínica. Apesar da tristeza daquele momento, no fundo sentimos um certo sentimento de dever cumprido. Tínhamos claramente em nossa consciência o fato de ter feito tudo o que estava em nosso alcance. E, dado o quadro tão frágil do pequeno Ozzy, também sentimos certo alívio por sua dor e sofrimento ter sido (da forma mais triste possível, claro) aplacado.

Foram apenas 18 dias.

Me pego pensando sobre esta mística quase universal que existe nesta relação dos humanos com cães, gatos, cavalos e outros bichos.

Como um cara como eu pode se tornar tão sensível a dor de um filhote e ir numa McDonald's comer um sanduíche suculento de carne de uma vaca, esse ser mamífero cheio de sensibilidade iguais aos meus cães?

Talvez um leitor mais reacionário venha me falar de crianças humanas, órfãos e sem pais, que precisariam também de cuidados e amor.

Concordo plenamente também!

Acontece que eu sou envolvido com aquilo que naturalmente aparece em meu caminho. Se provavelmente alguém colocar um filhote de bezerro na minha porta, bem como uma criança dentro de um cesto com uma carta sensacionalista com o final "cuide dele por favor!", muito provavelmente era isso que eu ia fazer... No primeiro caso nunca ia permitir que alguém fizesse um churrasco com meu bezerro, que muito provavelmente ia se chamar Paul, em homenagem ao Paul McCartney.

Então me aparecem três filhotinhos. Não fomos atrás! Nos procuraram, ligaram, falaram da situação, e eu e minha mulher simplesmente respiramos fundo e dissemos: Então tá! E mudamos muitos dos nossos planos... Incluindo descartar o super labrador Black Dog preto de língua roxa...

Chegamos em casa muito tristes e fomos recebidos por uma Pink e um Floyd nos lambendo freneticamente, latindo e se esfregando em nossas pernas. Não sei se aquele entusiasmo todo era pra nos dizer um "siga em frente!" ou um "nos alimente!", ou as duas coisas.

Ozzy nunca sairá de nossos corações. E esses dois lindos filhotes vão estar aqui em casa para nos lembrar dele todo santo dia. Junto com meus discos do Black Sabbath também, obviamente...

Adote um animal!

Não, calma, não tô falando do seu amigo idiota... Tô falando de um animalzinho mesmo. Um gato, um cão, um porquinho da índia, sei lá. Só sei que esses filhotes trouxeram muita luz e serenidade ao meu lar, mesmo com todos os latidos e gemidos infernais que eles produzem. Mesmo a Pink fazendo xixi em minha revista de música predileta, ou o Floyd confundido um dos belos sapatos da minha esposa com uma mini privada. Nós os amamos do jeito que eles são. E, como casal, aumentamos muito nossa cumplicidade cuidando deles.

E por favor, se quiserem muito um cão ou um gato, não sejam racistas (como eu era) e vá à uma das várias feiras de adoção que deve ter em sua cidade e adote um lindo vira-lata cheio de amor e carinho pra dar.

Aqui em Fortaleza tem várias destas feiras! O São Google lhe diz onde, basta consultá-lo!

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Agradecimentos

Em primeiro lugar gostaríamos (eu e Lorena) de coração agradecer os 175 perfis do Facebook que compartilharam nosso apelo. Também a inúmeras pessoas que nos escreveram in box nos oferecendo ajuda e a todas as mensagens de encorajamento e apoio que recebemos.

Em segundo lugar agradecemos ao dr. Gustavo Coser da clínica PetSanus, que sempre nos demonstrou um sincero interesse ao nosso caso, e que desde o início cuidou e acompanhou muito bem nossos filhotes. Tenho absoluta certeza que ele fez o melhor que pôde pelo pequeno Ozzy. De igual modo ao também Gustavo, seu assistente, e a Bruna, sua atendente que sempre nos recebe com muito carinho e nos faz sentir super acolhidos.

Dr. Gustavo segurando a Pink
e seus excelentes assistentes Bruna e Gustavo, segurando o Floyd 

E por último, e não menos importante, a você querido leitor, que leu o texto até o fim... Obrigado!