Livro: O Incomparável Cristo
Autor: John Stott
Editora: ABU (Aliança Bíblica Universitária)
Páginas: 250
John Stott, de forma clara e enxuta, escreve como poucos sobre a sinergia entre teologia, espiritualidade e cristianismo.
O autor sempre busca ter precisão e coerência doutrinária, de forma que agrade tanto o leitor leigo, quanto ao cristão já devidamente doutrinado por uma igreja protestante de tradição histórica.
Stott não complica, tampouco polemiza. Sua motivação, de forma sóbria e centrada, é esclarecer o leitor.
Isto o torna um dos teólogos ingleses mais respeitados e consistentes do século XX.
As dezenas de livros do autor sempre estiveram nas boas graças de boa parte dos acadêmicos da área de teologia. Sem contar as igrejas; mais precisamente as igrejas históricas como batistas, anglicanas, luteranas e presbiterianas.
O livro O incomparável Cristo é baseado em uma série de palestras ministradas por ele na Igreja de All Souls (em Londres), na virada do milênio. Ele falou sobre a pessoa de Jesus Cristo; sua importância e relevância para os dias de hoje, mesmo passados dois mil anos.
Particularmente, o que mais me fascina no autor é que ele, declaradamente, é um conservador (no sentido menos pejorativo da palavra). E assim como o velho São Paulo, ele consegue ser como aquele velho xamã indígena, cheio de sabedoria, que faz esquecer a complexidade dos vícios relativistas, e remete o pensamento de volta a fascinante e encantadora simplicidade dos evangelhos.
John Stott
Porém, atenção!
Ele procura ser claro e preciso, mas nem sempre consegue ser aquele escritor que tem aquele apelo de, página após página, seduzir o leitor (a exemplo de Lewis, Yancey, Lucado e cia).
Você deve encarar o livro como uma aula, pois Stott é muito didático.
E é recomendável ter uma bíblia por perto, pois dela extrai várias citações.
O livro divide-se em quatro partes:
1) O Jesus original
Onde Stott explora, sem meias verdades, como o Novo Testamento retrata Jesus.
2) O Jesus eclesiástico
Nesta sessão ele avalia as diferentes formas de como Jesus foi representado através de toda a história; viajando dos primeiros séculos do cristianismo até hoje.
3) O Jesus Influente
Depois de explorar as formas como Jesus foi representado nas mais diversas fases e movimentos da história da igreja, ele agora mostra como a vida e os ensinos de Jesus Cristo impactaram indivíduos que conseguiram mudar a realidade deles mesmos e das pessoas que os rodeavam.
Dentre as várias personalidades citadas estão Francisco de Assis, Leon Tolstoi, Gandhi, Madre Teresa e Luther King.
"Não conheço ninguém que tenha feito mais para a humanidade do que Jesus. De fato, não há nada de errado no cristianismo. O problema são vocês, cristãos." (Mahatma Gandhi)
4) O Jesus eterno
Esta foi a parte que eu menos gostei.
Aqui, Stott explora os 22 capítulos do Livro de Apocalipse.
Ele defende que, no Livro de Apocalipse, o Espírito Santo através de São João, queria retratar Jesus e a igreja numa amplitude cósmica.
Por ser repleta de simbologia, o Livro do Apocalipse (ou Revelação) é de difícil compreensão. Além de dar margem a muitas controvérsias e interpretações bizarras.
São João, muito antes do festival de Woodstock, já recebendo inspiração (e instrução) para escrever o psicodélico Livro do Apocalipse.
Na sua forma britanicamente polida, Stott bem que tentou; conceituou as interpretações básicas das igrejas históricas (o que para um leigo deve ser fascinante). Mas a mim (já caduco de ir a igreja) não trouxe grandes novidades.
Gostei quando ele desmistifica alguns fragmentos ditos apocalípticos (leia-se proféticos) mostrando que, ao invés de prever o que ia acontecer no futuro, o Livro de Apocalipse falava diretamente para as igrejas perseguidas daquela época. E que tinha a intenção de, subliminarmente, conscientizar aquela geração de cristãos perseguidos que Deus, apesar da sangrenta e implacável investida do Império Romano, não esqueceu de seus filhos. São João, ao escrever o Livro de Apocalipse, encoraja a igreja para que, mesmo diante da certeza da morte por execução por parte das legiões romanas, tivessem, para consolo de suas almas, a certeza da redenção; que a vida do cristão transcendia a temporalidade terrena; e que o sofrimento, nem de longe, se compara a maravilha de desfrutar a eternidade na glória, também chamado céu, paraíso, etc.
Então, caro leitor, recomendo O incomparável Cristo de John Stott a você que têm o desejo de aprimorar os conhecimentos sobre diversos aspectos de tudo o que possa representar a pessoa de Jesus Cristo.
Então, ao invés de desejar boa leitura, termino com uma saudação mais apropriada para quem lê John Stott:
Bons estudos!
6 comentários:
Eu nunca li John Stott.
Não sei se fiquei animada para lê-lo agora... É que eu também sou caduca de igreja e eu gosto de livros que me trazem novidades, rs.
Olha,é verdade, a gente as vezes tendemos a interpretar a biblia e os mandamentos de Deus com vicios relativistas, o que isto é um erro. Se manter fiel apalavra enão tentar manipular a Biblia e o q está escrito nela, para adaptá-la a nossos erros e vicios, isso não quer dizer que somos legalistas. Alias, amei essa frase de Gandhi. Jesus é simplista, e não há nada de muito complicado. Seus textos são francos e verdadeiros, o problema mm eh com os cristaos. E que seja o nosso sim , sim, nao, nao. Não devemos passar disso.
Agora quanto a pocalipse, sim, é verdade,que no começo do livro foram escritos textos para as igrejas daquela epoca, mas que podemos tirar muita coisa boa, para a nossa igreja de hoje. Eu naum excluo nada da Biblia,pra mim, td se aproveita, pois a inspiração divina eh perfeita. Agora quanto a visao que Joao teve da Gloria, e de todos aqueles sinais (as 7 trombetas e abertura dos 7 selos),aí meu amigo, aqueles sinais serve eh pra nois mm. Sao sinais dos fins dos tempos. E como disse Joao: Preparem-se, pq o fim dos tempos está proximo!
Po, bicho! Me deixou com vontade de ler o livro!
Massa!!!
olaaa!
eu nunca li nada do john stott,para ser sincera eh a primeira vez que leio algo sobre esse escritor e claro que fiquei muito curiosa.
Como aqui eh praticamente impossivel encontrar um livro dessa natureza,irei pesquisar na net.
:D
E aquela frase do gandhi eh perfeita, pq nao tem como negar que os ensinamentos de Jesus sao perfeito,infelizmente os 'ditos cristoes' é que distorce as palavras D'Ele.
abracaooo.
Também não vou falar dele mas vou buscar esta leitura!
Blog abençoado!
Paz!
"que faz esquecer a complexidade dos vícios relativistas, e remete o pensamento de volta a fascinante e encantadora simplicidade dos evangelhos."
Isso tem um significado esplêndido pra mim. É o tipo de coisa que faz a minha mente e o resto da minha alma repousar na satisfação da confiança. A simplicidade do evangelho é consolação para as limitações do meu entendimento, é orientação quando nos desvaneios da razão e forte fundamento para construções solidamente racionais e apaixonadas.
Tenho estado lendo o blog, Facundo, e aprendendo muito sobre "outras leituras" do lido.
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