ShareThis

15 setembro 2012

Resenha (Curta-metragem): Trapiá - Uma comunidade (Brasil - 2012)

Curta-metragem: Trapiá - Uma Comunidade (Brasil - 2012)
Diretor: Marcus Chastinet
Estúdio/Produtora: UFC (Universidade Federal do Ceará) / ICA - UFC (Istituto de Cultura e Arte) / Curso de Cinema e Audiovisual - UFC

Sítio Trapiá é uma região rural pertencente ao município de Assú no Rio Grande do Norte, à 45 Km de Mossoró. Um dos milhares de lugares perdidos no meio do nada. Região que durante muitos anos e várias gerações foi marcada pela característica comum à boa parte das comunidades rurais pobres do nordeste: pobreza, falta de assistência do estado, alta taxa de mortalidade infantil, e da mesma forma um elevado numero de pessoas analfabetas.

Neste lugar em particular, esse quadro mudou sensivelmente depois que um casal de missionários ingleses (Mike e Davina Wilson) se mudaram para essa região, e a partir daí dedicaram mais de 20 anos de suas vidas, integralmente, no desenvolvimento humano e espiritual da comunidade. E entenda-se por desenvolvimento humano e espiritual, tratando estas duas palavras juntas, sem dicotomia. Era muito mais que simples assistencialismo religioso. Eles viveram na comunidade como um deles. Começaram morando numa casa de taipa e aos poucos foram construindo uma mais sólida e espaçosa. Seus filhos (Débora, Paulo e Julia) cresceram em Trapiá. E eu pude desfrutar da amizade desta família que, como poucos, me ajudaram a mudar radicalmente meu conceito do que é "estabelecer o reino de Deus" nesta terra.

Muito mais do que construir igreja e formar religiosos, uma das características da ação de pessoas inspiradas por Deus em um lugar tem como principais sintomas:

- Diminuição da injustiça
- Valorização da vida
- Desenvolvimento humano
- Educação
- Organismo comunitário participativo

E por aí vai...

E o presente curta, do também amigo de longas datas Marcus Chastinet, trabalho este realizado em parceria com o curso de cinema da UFC, onde o mesmo estuda, trata exatamente deste aspecto transformador que a presença de uma família cristã em um lugar esquecido pelo estado pôde atrair de benefícios e transformação. E tudo isso narrado pelos próprios moradores de Trapiá.

Hoje a família Wilson, depois de muitos anos em Trapiá, voltaram para a Inglaterra. Há poucas semanas estive lá, nesta comunidade para celebrar o aniversário da igreja batista que nasceu como apenas um dos muitos frutos deixados pela família Wilson. Porém, ao observar aquela igreja completamente cheia de jovens e adolescentes, percebo o legado deixado, e como fiquei feliz por saber que a obra é de Deus, que através de sua imagem e semelhança (humanidade), quando esta se abre para a influência do Mestre de Nazaré, é capaz de transformar qualquer circunstância em algo melhor. Ou seja, esperança!

Família Wilsom
Deb, Davina, Mike, Paulo e Julia

Pena que em um país onde mais de 90% da população se declare cristã, a realidade seja absurdamente contrastante ao que se é declarado. Mesmo com maioria cristã, o Brasil é considerado um dos países mais corruptos do mundo (em quase todas as áreas há sempre uma forma de corrupção), e apesar de estar entre as 10 maiores economias do mundo, é um dos países onde ainda há mais desigualdade.

Alguma coisa está errada não?

Ainda bem que, em meio a essa podridão, existem ainda focos da Graça de Deus, onde podemos nos inspirar e perceber que existe sim gente que lava o Reino de Deus a sério neste mundo.

Obrigado Marcus Chastinet por conseguir captar de forma tão bela e sincera esse foco da Graça chamada Trapiá!

Assistam abaixo o excelente curta-metragem "Trapiá - Uma Comunidade":

 

3 comentários:

Mirilene Santana disse...

Parabéns George pelo texto e a Marcos pelo filme.
Uma homenagem mais do que justa a família Wilson e ao povo de Trapiá. Gente que amo!!
Conheço cada personagem e tenho amizade com eles.
Sou testemunha desse trabalho desde o seu inicio.
Me sinto privilegiada e abençoada pela historia de Trapia e da família Wilsom, ter cruzado na minha vida. Em Trapia pude vivenciar o que é ser agente do Reino de Deus nesse mundo, a valorizar as coisas simples da vida e saber que pra ser feliz não precisamos de muita coisa.

Flávio Américo disse...

Cara, vou espalhar. Que coisa linda.

Marcos Chastinet disse...

Obrigado George pela crítica elogiosa e pela divulgação de meu modesto curta em seu blog. Quero apenas alertar a todos que este é o primeiro corte, ou seja, ainda espera pela arte final da edição (falta alguns elementos, ainda). Abraço a todos,
Marcos Chastinet