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10 abril 2013

Teatro: O bom ladrão (por George Facundo)


Introdução:

Não sei se todos sabem, mas sou Educador Social. Trabalho no Centro de Semiliberdade Mártir Francisca (CSMF), uma instituição do Estado do Ceará, pertencente a Secretaria do Trabalho e Desenvolvimento Social (STDS).

O educador social é aquele profissional que trabalha nas casas de medida socioeducativas de jovens e adolescentes infratores (ou, "em conflito com a lei", como quiser), que antigamente era chamada FEBEM, mas que graças a algumas significativas mudanças no estatuto da infância e adolescência, mudou sensivelmente algumas diretrizes e nomenclaturas que deram uma, digamos, oxigenada nas caducas estruturas.

Ainda assim, tanto pela falta de mais profundas políticas públicas nesta área, quanto a própria estrutura que em muitas unidades ainda estão bem precárias, há muito o que se avançar nesta área.

O Educador Social aqui no Ceará ainda não tem a profissão reconhecida (tanto que na carteira de trabalho tem "Instrutor Educacional"), e em algumas casas de medidas o "educador" é muito mais um agente carcerário (da pior espécie) disfarçado, do que propriamente um educador social.

Mas apesar destes que mancharam o nome de nossa profissão (e dos que ainda não foram demitidos), ainda existem um numero de heróis anônimos, espalhados em casas de medida fechada, na semiliberdade (meu caso), em abrigos, etc, que realmente acreditam no que fazem e lutam para uma condição de trabalho mais reconhecido pelo Estado.

Somos terceirizados, não temos plano de saúde, nem taxa de risco de vida, e para conseguirmos uma válvula de escape pelo fato de ser um trabalho tão duro, encaramos (assim como os irmãos professores) a nossa profissão como missão.

Nós educadores sociais trabalhamos corpo a corpo com os adolescentes, conversando, convivendo, tentando mesmo sensivelmente influenciar positivamente essas vidas. E nisso temos que, além de estar com eles, nos desdobrar em ideias e criatividade.

Como disse, trabalho numa semiliberdade, lá os adolescentes ficam cumprindo a medida de segunda a sexta e no fim de semana são liberados para ficar com suas famílias. Não sei como são as outras casas de medida (principalmente as fechadas), mas tenho sorte de, apesar da fragilidade de minha condição de educador social, trabalhar com uma equipe humana, que realmente acredita que a experiência dele na semiliberdade pode influenciar a vida deles e fazer com que eles mudem o curso de suas vidas. De uma vida de crime, morte, prisão e cemitério - para uma escola, um curso, um trabalho, um sonho.

Eu como educador social não posso ser juiz, não lido com crimes, não pergunto o que fizeram, não penso no que eles foram - penso (e sonho) no que potencialmente eles podem vir a ser.

Enfim, essa peça eu escrevi para ser encenada na unidade em que trabalho. Toda última sexta feira do mês temos um encontro com as famílias dos adolescentes. E sempre que o tempo (e a universidade) deixa, eu escrevo uma pecinha de teatro para ser interpretada tanto por funcionários quanto por adolescentes.

Resolvi inventar a história dos dois ladrões que foram crucificados ao lado de Jesus. É quase O evangelho segundo o Facundo. Gosto de pensar em como era a vida dessas pessoas que viveram na periferia das grandes histórias. Jesus é cheio desses personagens: o paralítico carregado por amigos, a mulher com fluxo de sangue, o jovem rico sr. certinho e claro, esses dois ladrões que nos últimos momentos tiveram posturas tão diferentes diante da morte.   

Apresentamos a presente peça na quarta-feira que antecedeu o feriado de semana santa deste ano (2013). Eu fiz papel de Daniel, um adolescente fez papel de Joabe, e outros dois fizeram papel de soldado romano junto com educadores. A diretora da unidade foi Maria, o Fernando (professor de serigrafia) fez um excelente Pilatos. Enfim, algumas cenas que eram (em tese) para serem dramáticas fizeram as famílias bolarem de rir. Mas quando o enredo caminhou para o grand finale o público foi silenciando e o impacto da paixão tomou conta de todos.

Mesmo sabendo que Dimas era o nome real de um dos ladrões que foram crucificados com Jesus, resolvi usar o nome Joabe e Daniel em homenagem e dois adolescentes que passaram pela unidade e por conta do tráfico e das drogas foram brutalmente assassinados em seus bairros. Eu particularmente tinha uma grande afeição por eles, e senti bastante a morte desses dois adolescentes tão inteligentes, criativos e bem-humorados. Nunca vou esquecê-los...

Para o blog mudei algumas expressões que tinha no original que dizia respeito ao linguajar particular dos adolescentes para facilitar a sua compreensão, ó desocupado leitor.

E quem quiser aproveitá-la para encenar em algum lugar fiquem à vontade. Apenas uma condição: me convidem pra assistir.

Enfim, me digam o que acharam!

George Facundo

O bom Ladrão

Personagens:

Narrador
Daniel
Joabe
Soldado Romano 1
Soldado Romano 2
Soldado Romano 3
Soldado Romano 4
Pilatos
Mãe dos ladrões
Maria
Jesus
Ato I
NARRADOR:

Respeitável público
Quero agora que vocês prestem muita atenção
Pois está história que hoje contarei
Vai falar fundo ao seu coração

Vou contar a vocês
A história de dois rapáz
E é um conto antigo
De muito tempo atrás

É sobre a vida de dois jovens
Que andavam sem paz e nem luz
Viviam roubando e fazendo coisas erradas
Nos tempos de Jesus

Na vida e no crime eles eram irmãos
Tratavam a retidão e a justiça com desdém
Não tinham amor no coração
E aterrorizavam os arredores de Jerusalém

Os ladrões entram em cena fugindo de dois soldados romanos

Daniel – Bóra cara, a gente tem que se esconder! Rápido!
Joabe – Mas onde? Se a gente for pego de novo eles matam a gente!
Daniel – Que pegar o quê cara! Tá doido? Tá é ruin a gente ser pego! Segura tua onda!
Joabe – Tá doido? Eles tão vindo ali mah! Vão pegar a gente!
Daniel – Pronto, vamos ficar ali! Bóra, rápido, rápido!
Joabe – Bora logo, eles tão vindo!
Daniel – Pronto, cala a boca aí...

Após se esconderem, entram dois soldados romanos

Soldado 1 – Acredito não! A gente deixou eles escaparem de novo!
Soldado 2 – Aqueles vagabundos! Há se eu pego eles viu! Ainda bem que agora, pra manter a ordem, é tolerância zero... Tão crucificando tudim pra manter a ordem em Jerusalém. Essa porcaria de cidade já é agitada com esses profetas que aparecem todos os dias...
Soldado 1 – Pois é... Mas a gente tem que pegar eles! Num tem jeito não... A gente várias vezes já meteu a pêia neles e os bixo parece que ficam é mais ruim... Tem é que matar logo!
Soldado 2 – Então bóra, a gente tem que pegar eles, bora, bora!

Os soldados saem de cena e os dois ladrões saem do esconderijo

Joabe – Tá vendo aí? Agora se a gente for pegue a gente vai ser é papocar!
Daniel – Tá dizendo o quê mah? Quem entra nessa vida num pode ter medo de morrer não... E outra, eles dizem isso pra ver se a gente fica com medo deles.
Joabe – Eu num quero morrer não mah. E outra, nossa mãe morre de desgosto!
Daniel – A mãe é fraca mah! Ela queria o que? Que a gente fosse pedir esmola é? Eu morro mas não peço esmola!
Joabe – A gente pode trabalhar né não?
Daniel – No sol quente? Tu quer essa vida é? Ser pião? Olha aqui mah, o tanto de saco de moeda que a gente conseguiu!
Joabe – Pois é, achei essa tua ideia maior paia! Onde já se viu! Roubar o povo durante o sermão daquele profeta, comé mesmo o nome dele?
Daniel – Sei lá, aquilo é um doido! É lá de Nazaré... Daí tu tira, tem nada que preste lá.
Joabe – Nada que preste é? Tu num viu não ele curando aquele cego? E tu num pode nem dizer que é mentira porque aquele cego a gente conhece faz é tempo...
Daniel – Inclusive a gente até roubou ele né? Hahahahahahaha
Joabe – A gente nada, foi tu! Eu fui contra!
Daniel – Tu é um frouxo mah! Aquele bixo nem deu falta das moeda. Ele era cego, tava nem vendo... hahahahahaha
Joabe – Vai brincar com isso bixim! Um dia Deus te castiga!
Daniel – E Deus lá liga pra gente cara! Os fariseus num olham nem na nossa cara! Só querem ser os santarrão... Ficam lá andando todo arrumado, se acham melhor que todo mundo. Sou ladrão? Sou! Nego não! Mas num me troco por nenhum deles... Aquilo é tudo nojento, num gostam de ninguém... Ei mah, Eiiii... Tô falando contigo, tá viajando é?
Joabe – Tava pensando nas coisas que aquele homem falou... Nunca vi ninguém falar como ele! E ele falava dum jeito que todo mundo entendia...
Daniel – Eu só vi foi o povo hipnotizado, com os olhos tudo arregalado olhando pra ele... Foi mó limpeza roubar o povo, ninguém nem percebeu, bando de trouxa!
Joabe – Tu acha que ele é o Messias?
Daniel – Aquilo parecia um mendigo mah... Tu num viu não as roupas dele? Ele e o povo que segue ele vive no mei do mundo... Tudo um bando de vagabundo!
Joabe – Quem é tu pra chamar os outro de vagabundo mah? E outra... Ele é profeta viu! Ele adivinhou uma coisa que a gente fez! Tu lembra?
Daniel – Pois num é, ele contou lá pra todo mundo aquele assalto que a gente fez com aquele cara, a gente meteu a chibata nele e deixou ele lá... Pensei que tinha matado ele!
Joabe – O profeta lá disse que teve um cara samaritano que ajudou ele... Pagou remédio, hospedagem e tudo! Ele sobreviveu mah...
Daniel – Um samaritano ajudando um judeu legítimo? Esses povos se odeiam mah... É tipo TUF e Cearamor! Esse profeta é um mentiroso!
Joabe – Acontece que o profeta adivinhou o que a gente fez! E aí? O que você acha dele?
Daniel – O que eu acho? É um cabueta! Se ele tivesse apontado pra gente eu tinha quebrado ele!
Joabe – Mas ele olhou pra mim e sorriu mah... Nunca vi ninguém igual a ele.
Daniel – Tu tem que prestar atenção é nisso aqui mah... Olha aqui quanto a gente roubou... Temos moeda aqui de sobra... Quero é ver a mãe reclamar!
Joabe – A mãe já disse que não quer que a gente use dinheiro do roubo pra levar as coisa pra casa...
Daniel – Pois ela vai morrer é de fome! E outra, quié que tá acontecendo contigo mah? Tu tá diferente! Desde que a gente voltou daquele monte e tu viu aquele cara lá falar tu tá mei assim... Vai querer virar fanático também?
Joabe – Deixa de ser besta mah... Né isso não... É que de repente, essa nossa vida pareceu mei sem sentido... Tu num viu ele dizendo não? De que vale a gente ganhar o mundo e perder a alma?
Daniel – E tu tem alma agora é? Tu é uma carniça mah...
Joabe – Ele disse que se a gente acreditar, quando a gente morrer a gente vai pro reino dele...
Daniel – Tu vai é pro reino dos tapuru embaixo da terra mah! Hahahahahahahahaha

Entram em cena, sorrateiramente, os dois soldados romanos, e anunciam a prisão

Soldado 1 - Harááá! Finalmente peguei vocês! A casa caiu seus meliantes!
Soldado 2 – Eita que nosso chefe vai ficar orgulhoso da gente! Pegamos os elementos mais perigosos de Jerusalém!
Soldado 1 – Já pensou? Talvez role até promoção!
Soldado 2 – Tá é vendo é? A gente sendo capitão lá em Roma? Sair desse buraco!
Joabe – Pelo amor de Deus! Prende a gente não! Nossa mãe só tem nós dois!
Daniel – Taí ó, podem ficar com o dinheiro e liberem a gente vai lá!
Joabe – Tá vendo onde tu meteu a gente?
Daniel – Eu num te obriguei a nada, tu veio porque quis!
Joabe – Eu sabia que isso ia acontecer com a gente! A gente dessa vez não escapa irmão!
Daniel – Tá dizendo o que mah? Morreu enterra!
Soldado 1 – Calem a boca! Podem fechar essa matraca! Vamo levar vocês dois pro chefe!
Soldado 2 – Menos dois fora de circulação! Ô beleza!!! Bora logo levar esses elementos!

E aos chutes e maltratos, os dois soldados conduzem os irmãos para audiência com Pilatos. Ao sair de cena, uma mesa é posta no cenário e têm-se então o gabinete de Pilatos

Ato II

Narrador:

Presos em flagrante
Sem ação de dar qualquer argumento
Os soldados levaram os irmãos presos
Para Pilatos fazer o julgamento

Pilatos era representante de Roma
Mandava e desmandava na cidade
Tinha fama de impiedoso
Encarnava a crueldade

Antes dos irmão Joabe e Daniel
Entrarem em cena para o julgamento
Ele tinha acabado de mandar Jesus de Nazaré
Para a cruz sofrer seus tormentos

Para Pilatos foi um dia importante
Foi uma decisão para colocar ordem no estado
Ainda sim para ele foi uma decisão difícil
Ele estava exausto e cansado

Pilatos entra em cena

Pilatos – Caramba, tô cansado! Esse Jesus me deu um trabalho, mas finalmente consegui me livrar dele. Lavei minhas mãos! Owwww povo estranho são esses israelitas, preferiram o ladrão assassino e arruaceiro Barrabás do que aquele pobre coitado. Por hoje já basta, vou pra casa!

Entram em cena agora os soldados com os presos

Soldado 1 Chefe, chefe! Olha só o que a gente trouxe pro senhor!
Soldado 2 - Esses meliantes aqui é o Joabe e o Daniel!
Pilatos – Não acreditooo!!!!! Fazia tempo que eu procurava vocês seus pilantras! Ninguém dormia sossegado nessa cidade por causa de vocês!
Joabe – Tem misericórdia da gente senhor!
Soldado 1 – Cala essa boca!
Pilatos – Misericórdia???? Vocês ainda tem a cara de pau de me pedir misericórdia? Já é a quinta queda de vocês! E pelo visto todas as chicotadas e espancamentos e dias trancafiados não serviram de nada!
Soldado 1 – É mesmo viu chefe! Nesses aí nem pêia dá mais jeito!
Pilatos – Vocês não me pegaram num dia bom! Acabei de condenar um cara a morte que valia muito mais que vocês! Ele morreu só por inveja daqueles fariseus imbecis. Coitado! Mas fazer o quê né não? Tudo pela ordem! Mas vocês, hááááá, o povo vai me agradecer muito se eu der fim de vocês!
Joabe – Por favor senhor! Misericórdia da gente! Prometo que vou mudar! A pobre da nossa mãe só tem a gente!
Pilatos – E você Daniel? Tem nada a dizer não em sua defesa?
Daniel – Tá é ruim eu me humilhar! Pode me prender, mas num imploro pra vocês nem a pau! Tá dizendo nada! Pode mandar meter a pêia e me mandar pra cadeia que num tô nem aí...
Pilatos – Prender? Vocês vão é morrer! Soldados!!!!
Soldado 1 e Soldado 2 – Sim senhor!!!!
Pilatos – Metam uma sola neles tão grande que eles nunca tomaram na vida deles, mas eu quero que vocês ralem o corpo desses vagabundos na pêia, depois, aproveitem que já vai ter um sendo crucificado e crucifiquem eles também!
Joabe – Nãããoooo!
Soldado 1 – Calaboca! Difunto não fala!
Joabe – Por favor!!!! Senhor!!!! Piedade!
Soldado 2 – Bóra que bandido bom é bandido morto!

Tantos os soldados maltratando os presos quanto Pilatos saem de cena

Coloca-se em cena então três pedestais de madeira onde irá ser o calvário, onde será postos os três personagens crucificados

Ato III

Narrador:

Então os irmão
Joabe e Daniel
Antes de serem cricificados
Foram levados pelos soldados para uma tortura cruel

Enquanto isso, lá no calvário
Havia da mesma forma um momento de tristeza e dor
Pois muitos estavam presenciando
A crucificação de Jesus, o salvador

Entra em cena jesus, com dois soldados romanos o chicoteando e Maria (a mãe de Jesus) entra também chorando, acompanhando o filho e os soldados

Soldado 3 – Bóra seu molenga! Anda! Deixa de ser frouxo!
Maria – Meu filho!!!! Não façam isso com meu filho!!!
Soldado 4 – Cale essa boca mulher! Vamos, se afaste!
Soldado 3 – Pronto, pega os pregos aí...
Soldado 4 – Esse zé ninguém aqui diz que é o rei dos judeus! Só se for mesmo viu!
Soldado 3 - Ficou massa essa coroa que a gente fez pra ele né? Né não reizinho? Fala!
  
Então Jesus é crucificado... A mãe fica aos pés dele chorando, e os soldados romanos ficam em volta...

Pouco depois entram os outros soldados com os dois irmãos

Soldado 1 – Bóra seus bandidos! Seus pilantras! Agora que tá começando a dor de vocês!
Soldado 2 – Olha só quem tá aí mah!
Soldado 3 – Os melhores soldadinhos de Roma! hahahahahahahaha
Soldado 1 – Podem ir frescando com a nossa cara! Pois olha só o que a gente trouxe...
Soldado 2 – Pegamos os meliantes mais procurados de Jerusalém!
Soldado 4 – Grande coisa! A gente aqui pegou foi um doido metido a revolucionário! E vocês sabem né? O que é umas moedas de ouro roubada aqui, um assalto a uma casa ali, diante de um rei que queria derrubar o império romano?
Soldado 1 – Derrubar o império romano??? Esse aí???
Soldado 1 e 2 – hahahahahahahahahahahahahahaha
Soldado 2 – Um trapo de gente desses! Rei??? Vocês são umas comédias mesmo!
Joabe – Olhaí Daniel! É Jesus! O mestre!
Soldado 1 – Cala essa boca idiota!!!! Bora logo crucificar esses dois que eu quero ir beber alguma coisa no fim do expediente!
Soldado 2 – Bora lá vocês dois! Anda!!!

Os dois são crucificados um de cada lado de Jesus

Narrador:

A dor era profunda
Os soldados zombavam com insolência
Que morte triste era essa da cruz
Um dos piores tipos de violência

E em momentos assim
Com o coração cheio de amor, e sem o menor julgamento
Sempre existe a figura da mãe
Que sobre os filhos derramam lágrimas de lamento

Ao lado de Maria ela chegou
A mãe de Daniel e Joabe
A tristeza dela era tão grande
Que o choro se ouvia por toda a cidade

Para ela era uma tragédia
Um castigo de Deus, uma má sorte
Ter seus dois únicos filhos
Pendurados no madeiro entregues a morte

Mãe – Meus filhos pelo amor de Deus! Nãããoooooo meu filhos nãão!!!! Tire meus filhos daí soldado! Por favor!
Soldado 2 – Quié que a gente faz com ela chefe?
Soldado 1 – É uma pobre desgraçada, deixa ela aí com a outra mãe...
Mãe – Joabe e Daniel meus filhos, e agora o que vai ser de mim meus filhos? Deus me esqueceu!
Maria – Chegue aqui minha irmã, chore comigo, também estou com meu filho no madeiro!
Daniel – Sai daqui mãe! Sai... Da qui... coff coff coff
Joabe – Mãe me perdoe! Me perdoe mãe! Me dê sua bênção pra eu ir em paz!
Mãe – Meu filhinho Joabe, pra quê você foi entrar nessa vida meu filho? Por quê???
Soldado 2 – Não aguento mais essas mães! Vou enxotar elas daqui!!!
Jesus – Pai, perdoa-lhes, pois eles não sabem o que fazem!
Soldado 1 – Até quando tá pra morrer é metido a falar igual a rei! Hahahahahaha
Daniel – Ei... Eiiiiii Jesus! Coff coff... Se tudo que tu disse é verdade, se salve e salve a gente!
Joabe – Cala essa boca Daniel! Coff coff! Nem na morte tu aprende a ter humildade! Jesus é um santo, não tem culpa nenhuma, é um homem de Deus! Enquanto nós estamos aqui porque merecemos... Coff Coff... Senhor Jesus, se lembre de mim quando tiver no teu Reino...
Jesus – Hoje mesmo estarás comigo no paraíso... Senhor... A Ti entrego o meu espírito...

Jesus, Daniel e Joabe morrem

Narrador:

E aqui termina a história
Dos irmãos Daniel e Joabe
Suas escolhas erradas
Os levaram pra morte com pouca idade

Daniel era frio
Não tinha misericórdia nem compaixão
Não só escolheu o caminho errado
Também levou consigo seu irmão

Daniel, nem nesse momento crucial
Vendo ir embora sua sorte
Não teve nenhuma atitude
De mudar o coração diante da morte

Joabe por outro lado
Em seus últimos momentos
Repensou a sua vida
E mudou o coração e seus sentimentos

A morte veio para ele cedo
Cheio de dor e brutalidade
Ainda assim reconheceu todos os seus erros
Pra sua mãe pediu perdão, na humildade

Joabe serve de exemplo
Que pra mudar basta ter o intuito
Não importa se durante a vida
Ou no último minuto

Vocês são todos jovens
Então curtam sua mocidade
Se aproximem de Deus
Como fez o jovem Joabe

Se afastem de Daniel
Que é daqueles que se fingem de amigo
Lhe ilude, lhe angana
E lhe arrasta pro perigo

Não desperdice sua vida
Nem desista de seu sonho
Seja bom, honesto, estude, trabalhe
Esse conselho te proponho

E se mesmo assim
Se essa caminhada te cansar
Saiba que terá sempre um Mestre
E em seus conselhos podem confiar

Jesus está de braços abertos
O Mestre tem um grande coração
Não importa se você é o mais certinho
Ou o pior ladrão

Mesmo sendo filho de Deus
Ele não é de julgar
Ele só quer o seu coração
Para moldar e transformar

Não seja como Daniel
Teimoso, que não se humilha
Mude como Joabe
E passe a Semana Santa perto de sua família

Cuidado com esse feriado
Não escolha o mal, não se arrisca
Volte são e salvo para esta unidade
Esse é o desejo de todos nós, do Mártir Francisca


FIM

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