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31 agosto 2010

Livro teen temperado com criatividade para leitores adeptos do virtual.



Livro: romeu@julieta.com.br
Autora: Telma Guimarães
Editora: Saraiva
Páginas: 79

O termo teen é usado para determinar humanos habitantes das zonas urbanas com idade entre 10 e 17 anos.

Este público específico é responsável por boa parte do que sai de capital ($$$) das carteiras dos humanos chamados adultos (período que geralmente começa após os 25 anos e termina num infarto fulminante em torno dos 70).

Na relação entre estas duas fases da vida dos humanos existe a chamada Indústria do Entretenimento, que tem por função vital induzir os teens a comprar um determinado produto num dia x e, obrigatoriamente, convencê-lo de que o produto é ultrapassado um mês depois.

Daí se forma a seguinte equação:

xd + 30d = ei mãããeeeeeee! Meu celular não filma em HD! Que drooooga! Quero celular que filma em HD!

O nome deste ciclo contínuo de adquirir algo e achá-lo descartável depois de um mês chama-se Consumo.

A principal arma da Indústria do Entretenimento para fazer os teens infernizarem a vida dos adultos chama-se Propaganda. A Propaganda usa de vários elementos para atingir seus obtivos. Dentre os quais se destacam: redes de televisão, rádios, eventos, propagandas urbanas, cinemas, mulheres gostosas trangênicas, e claro, não podemos esquecer o novo grande elemento desse time dos sonhos, a Internet!

p.s.-  sobre o parágrafo acima: a internet, assim como mulheres gostosas trangênicas, é veículo de comunicação de massa à tempos recentes (menos de 15 anos). Claro que a propaganda, desde os primórdios, usava mulheres. Mas ao contrário das trangênicas, elas eram só gostosas.

Abaixo, típico teen sobriamente interligado:



Continuando...

Diante deste bombardeio de informações e apelos com vida curta de um mês, onde ficam os livros?

Vou logo direto ao ponto porque estou aqui para comentar um livro.

Pelo menos é esta a proposta.

E toda esta baboseira pseudo-esclarecida que discorri no começo desta resenha é tão somente para perguntar:

Por que aqui no Brasil ler livros ainda é algo tão exótico, cult e diferente?

E o por quê que, para o europeu, por exemplo, ler é tão normal quanto jogar xadrez, transar, suicidar-se, beber cerveja quente, fazer necessidades fisiológicas, gostar de Franz Ferdinand ou manter a filha em cativeiro no porão de casa por 23 anos?

É verdade que muita gente tem o costume de ler. Porém, comparando a proporção de leitores junto a grande massa populacional brasileira, é ainda um número pequeno, o que coloca os adeptos da leitura na categoria de undergroud.

Diante disto atrevo-me a blasfemar o seguinte:

Os críticos podem descer o cacete em autores como Paulo Coelho, Rowling, Mayer e genéricos. Mas penso que as aventuras (em sua grande parte bem medíocres) da obra auto-ajuda-exotérica de Paulo Coelho, a série Crepúsculo e o imbatível Harry Potter, têm papel fundamental para, quem sabe, serem portas de iniciação dos teens ao maravilhoso mundo da leitura.

Digo isto porque sou um assíduo usuário (não voluntário!) de transporte público. E fico fascinado ao ver no busão a grande quantidade de adolescentes com estas obras em mãos indo para a escola.


Sobre isto não tenho mais nada a acrescentar...

*    *    *    *

E aqui oficialmente começo a resenha do livro romeu@julieta.com.br!

Voltando os olhos para nosso celeiro tupiniquim, tive o prazer de ter em minhas mãos um criativo livro da autora Telma Guimarães.

Criativo pelo fato dela retratar um pequeno recorte da vida de um típico teen chamado Romeu (apelido Meuzão com nick Mettallica) que, como todo carinha de sua idade, tem em sua rotina uma vida colegial e virtual muito movimentada; temperada a muita azaração e (óbvio!) o sonho de todo garoto desta idade em ter uma banda de rock. Afinal, quem nunca ficou ouvindo Led Zeppelin na sala de casa usando um cabo de vassoura como guitarra se sentindo o último Jimmy Page do deserto?

Telma Guimarães consegue retratar a narrativa intercalando o mundo virtual e real de Romeu. É divertidíssimo as janelas de bate-papo que ela criou ocupando os espaços das páginas do livro mostrando para o leitor como Romeu desenvolve suas relações virtualmente.

Telma Guimarães

Ressaltando que o livro é de 1998, naquela época o MIRC tava bombando; e a conexão ainda era pela linha telefônica. Ou seja, se alguém tirasse o telefone do gancho puf! a conexão caía.

Então, para caras como eu que era um semi-pós-adolescente em 98, a leitura trará muita nostalgia. Principalmente pelos tipos de programas descrito pela autora.

Devido a velocidade com que o mundo virtual se tranforma, a autora deveria a cada cinco anos reformular os termos técnicos do livro. Como por exemplo trocar a janela de bate-papo do MIRC por um Messenger.

Enfim, achei muito criativo o livro de Telma Guimarães. Ela conseguiu colocar no papel uma dinâmica de narrativa que tornou a leitura muito prazerosa. Você nem sente que está lendo!

E que mais autores brasileiros tenham coragem de escrever livros para este público específico.

Aliás, devem até ter bons autores no Brasil para este público. Eu é que sou um completo ignorante nesta categoria de escrita literária. Réu confesso! 

A todos uma boa leitura!

19 agosto 2010

O livro do mala feio (e sem alça!) do Malafaia



Livro: A Extraordinária Presença de Jesus
Autor: Silas Malafaia
Editora: Central Gospel
Páginas: 58  

Silas Malafaia, depois dos imbatíveis R.R. Soares e clã Universal, é a figura religiosa que mais aparece na tv aberta brasileira.

Mesmo estando em terceiro lugar na corrida, Malafaia é um dos pioneiros no chamado formato tele evangelístico no Brasil (devidamente importado dos EUA, tinha que ser!), estando no ar há mais de 28 anos.

O autor é também presidente da Editora Central Gospel, que dentre muitos ítens no catálogo, estão dvd's, cd´s gospel e também (para variar!) livros.

Heil Jesus!
Silas Malafaia, vida alienada nas madrugadas! 

Minha sogra, assim como milhares de zumbis espiritualóides no Brasil, é uma sócio mantenedora do sr. Malafaia. Mensalmente dá uma generosa quantia em dinheiro; e como gesto de profunda gratidão, a Central Gospel a presenteia com um livro por mês.

E ela, como toda sogra que se preze, vê em mim um encosto na vida da filha. Todo dia ela fervorosamente ora para que eu abra meu coração e adicione Jesus no meu Orkut! Além das orações, ela, mensalmente, me repassa os livros que ganha do ungido Malafaia.

Como leio até bula de remédio e manual de instruções de liquidificador, resolvi dar uma chance ao verborrágico pastor. Pelo menos o livro não cospe enquanto fala!

Ainda por cima, tenho o péssimo hábito de só julgar algo quando leio (e tenho Paulo Coelho como testemunha!).

E infelizmente, o meu pré-conceito tinha razão.

A Extraordinária Presença de Jesus é apenas um folheto evangelístico de 58 páginas.

Não há personalidade no texto. Nem o mínimo traço da ironia e explosão, tão presentes nas pregações televisivas do autor (ele é comparado por alguns como o Ratinho evangélico pela forma tia velha dando xilique com que leva seus sermões!).

Conteúdo evangélico de qualidade para toda família!

Além de fraco conteúdo, o livro é feito com papel de péssima qualidade. Pelo menos já dá para saber que o dinheiro da sogra não chega à gráfica da Central Gospel.

Então é aquela velha e já saturada auto-ajuda evangélica: Com Jesus a vida é próspera e sem pÓbRemas! Sem Jesus você vai ser espeto de carne com farofa e vinagrete no inferno!

Deprimente!

Enfim, se você é evangélico e gosta de Silas Malafaia (o que não é meu caso, prefiro o INRI Cristo!) recomendo que você invista nos dvd's!

Ou então, nem gaste seu rico dinheirinho; segure o sono até pouco mais de meia-noite e deleite-se com as inflamadas gritarias gasguitas (e devidamente salivadas!) do autor nas intermináveis madrugadas da Band.

E é só!

P.s. - é sogrinha, não foi desta vez! Amém!

10 agosto 2010

Mayday, Mayday!


Livro: Saber Viver
Subtítulo: Risco de Vida
Autor: Sancler P. Santos
Editora: Biologia & Saúde
Páginas: 62

Era uma vez...

Um garoto de 3 anos que, na cozinha de casa, teve uma irresistível atração pela panela no fogão que estava fervendo uma porção de mingau. Ele se esticou, encostou no cabo da panela e... Bem, como era de se esperar, a panela caiu; parte do mingau quente pegou o joelho direito da criança que gritou de dor.

A mãe, em desespero, não teve dúvidas para amenizar a dor da criança; trouxe do banheiro seu remedinho aprendido por instrução dos antepassados. Aplicou Colgate de menta por cima da queimadura.

Esse garoto era eu. E uma das imagens mais marcantes que eu tenho deste fatídico dia foi ver, já no pronto socorro, a cara de indignação do médico ao ter todo um trabalho para remover o creme dental já endurecido do meu joelho. A dor indescritível que senti na remoção do creme dental foi maior que a queimadura em si. E até hoje carrego no meu joelho direito uma mancha branca.

Era uma vez...

Num belo açude no interior cearense, muitas crianças tomando banho, e algumas bem afoitas resolveram ir mais fundo. Uma delas se afogou. As outras crianças, amigos do afogado, gritaram por socorro. Imediatamente um adulto pulou na água e resgatou a criança afogada.

Colocaram a criança estendida na beira do açude e, pasmem, nenhum adulto presente fazia idéia do que fazer numa situação daquela. Até que alguém, num raciocinio digno de um cidadão de Lisboa, teve uma idéia brilhante e disse: Ora pois, se colocar a criança de cabeça para baixo, a água naturalmente vai descer pela boca!

A criança morreu. Se chamava Roberto (betinho) e era um de meus amigos de infância. E eu fui um dos  afoitos que entrou no açude com ele naquele dia.

Era uma vez...

Uma garota linda, universitária, que foi atropelada na calçada de uma avenida em Fortaleza por um motorista bêbado que perdeu o controle do carro. Algumas pessoas, no desespero, a socorreram imprudentemente e a colocaram dentro de um carro para deslocá-la ao hospital.

Hoje ela é paraplégica.

O curioso é que ela ficou assim não por conta do atropelamento em si, mas por ter a coluna rompida quando as pessoas imprudentemente mexeram no pescoço dela na agonia de socorrê-la. Se tivessem deixado o corpo intacto até os paramédicos chegarem, ela certamente estaria andando. O caso desta garota eu vi no jornal semana passada.

Era uma vez...

Um adolescente que se aventurou a subir numa serra com amigos. Esse lugar era muito distante da cidade. Ele caiu numa ribanceira e teve uma das coxas penetrada por um galho de árvore. Os amigos não tiveram dúvida, removeram o galho da coxa do rapaz. Ao remover o galho, uma artéria foi rompida, e isto o fez perder sangue rapidamente. Morreu poucas horas depois.

Agora a pergunta que vale 1 milhão de dólares!

O que estas quatro histórias têm em comum?

Resposta:

Se as pessoas que estavam perto das vítimas tivessem noções mínimas de procedimentos em primeiros socorros, o final destas histórias certamente não seriam tão trágicas!

Você sabia, por exemplo, que os acidentes domésticos são responsáveis por 1/4 da totalidade de acidentes mortais no mundo?

Certamente muitas mortes seriam evitadas se tivéssemos uma preparação básica de segurança preventiva e aplicação em primeiros socorros.


Este manual chamado Risco de Vida me chamou a atenção quanto a isso. Abriu meus olhos para perceber o quão sou ignorante e despreparado. Me fez ainda lembrar o quanto eu e pessoas queridas ao redor de mim estão constantemente expostas a riscos o tempo todo.

Óbvio que isto não deve necessariamente criar em nós uma paranóia. Ao contrário! O medo não é algo que existe para nos privar de vivenciar nossas experiências. O medo serve para nos dar prudência. É um aliado natural do nosso corpo. É o que me faz pensar que, os procedimentos que eu tomo entre o momento que ocorre um acidente e a chegada do socorro profissional pode fazer toda diferença entre a vida e a morte de alguém.

O manual Risco de Vida me ensinou um sem número de aplicações básicas que qualquer pessoa pode fazer. Você não precisa ser um Dr. House ou um salva-vidas saradão do S.O.S Malibu para dar a mínima assistência a um acidentado. E a gama de possibilidade são muitas: fraturas por quedas ou acidentes automobilísticos; picadas de animais peçonhentos; insolação; queimadura; ataques respiratórios ou epilépticos; afogamentos; cortes profundos; e por aí vai.


                  Quem disse que tenho que ser esse cara para salvar alguém?

Enfim, não digo que virei um especialista em primeiros socorros depois da leitura dessa instrutiva cartilha, mas aprendi bastante coisa. E pretendo aprofundar ainda mais meus conhecimentos nesta área. A vida é muito preciosa, e se por acaso acontecer alguma merda (até porque merdas acontecem o tempo todo) eu não queria ficar desesperado, impotente com a mão na cabeça sem saber o que fazer.

Pretendo (e recomendo a você) procurar algum corpo de bombeiros local para me informar sobre cursos básicos em primeiros socorros.

 Procure cursos sobre primeiros socorros num corpo de bombeiros perto de você!

E se eu encontrar algum político influente, certamente irei sugerir a idéia de tornar o tema Primeiros Socorros obrigatório em pelo menos uma das etapas do ensino fundamental ou médio.

E quanto à cartilha Risco de Vida, achei muito boa e com ótimas (e fortes) ilustrações. Mas asseguro-lhe que você encontrará bastante dificuldade para encontrá-lo à venda na praça. Certamente você encontrará outros livros com este tema. Na Internet por exemplo tem uma tonelada de manuais para você baixar.

Mais do que uma recomendação, faço desta resenha um apelo para que você pondere a possibilidade de dar uma lida sobre esse tema. Até porque sabe-se lá Deus se de repente eu possa sofrer algum tipo de acidente. E sinceramente, gostaria de encontrar alguém minimamente preparado para me socorrer.

E esse herói pode ser você, ó prudente leitor.

E que Deus nos proteja!      

p.s. - Semana passada eu conheci um fotógrafo especialista em sobrevivência na selva que me ensinou, dentre muitas coisas, a como se fazer uma fogueira usando um O.B. e como usar areia de formigueiro como repelente natural contra insetos. Vou garimpar o quanto antes livros sobre este tema! Logo logo vai ter resenha sobre isso!