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06 dezembro 2012
Resenha (Filme's): Jerry Maguire - A grande virada (EUA - 1996)
Filme: Jarry Miguire - A grande virada (EUA - 1996)
Diretor: Cameron Crowe
Estúdio / Produtora: Sony Pictures, TriStar Pictures, Gracie Films
Sou suspeito pra falar de Cameron Crowe, uma vez que ele dirigiu três filmes que certamente estão na lista dos meus, sei lá, 30 filmes prediletos. Principalmente o filme Quase Famosos (EUA - 2000), que eu tive o imenso prazer de resenhar a umas semanas atrás. Mas até chegar o Quase Famosos, Crowe teve que caminhar alguns anos dirigindo filmes. E o primeiro filme ao qual ele se destacou para grande indústria Hollywoodiana foi exatamente este que hoje resenho.
Apesar dele ser um diretor competente e preciso, a coisa que mais me encanta nos filmes dele certamente é o roteiro. Muito bem escritos, cheios de referências a cultura pop, realmente os filmes dele tem muita substância. Então, para mim, ele se tornou daqueles diretores que, mesmo às vezes dirigindo um filme mais ou menos, eu sempre vou ser propenso a gostar dele.
Jarry Miguire (Tom Cruise) é um daqueles empresários de grandes astros do esporte. Ele trabalha em uma empresa onde tem uma carta com vários clientes famosos. Ele (Jarry) é um cara jovem e um dos principais na empresa. Um dia ele escreve um pequeno memorando sobre a importância de haver um contato mais pessoal com os clientes, humanizando e individualizando o cliente, e não apenas os tratando como meros produtos. A empresa obviamente não gosta nada da ideia e o demite. Ele sai da empresa com uma mão na frente e outra atrás. E apenas uma pessoa, no caso uma secretária, (interpretada por uma Renée Zellweger em começo de carreira) gosta do que ele escreve, pede demissão e o segue.
E o mesmo tem que começar tudo de novo, do zero. Na verdade nem tão do zero assim, pois lhe sobra apenas um único cliente, e exatamente um cliente ao qual ele nunca acreditou muito. E este cliente é um jogador de futebol americano, que por conta de seu temperamento difícil (Cuba Gooding Jr. em excelente interpretação), nunca consegue cair nas graças de bons patrocinadores. Então meio que eles só tem um ao outro.
E daí começa uma caminhada muito interessante entre estes personagens. Uma história muito bem contada, daqueles filmes que delicia o telespectador. É destes que você assiste 200 vezes na sessão da tarde e nunca enjoa.
Apesar do filme ser antigo, só fui parar pra vê-lo agora a umas semanas atrás. É o diretor Cameron Crowe em sua melhor forma, querendo mostrar ao mundo (e a indústria) à que veio. Então, se assim como eu, você é um destes vinte e poucos indivíduos em todo planeta que ainda não viu esse filme, veja-o o quanto antes! Um filme que certamente vai fazer você repensar seus conceitos de amor e amizade.
Assista no vídeo abaixo o trailer do filme Jarry Miguire, a grande virada:
05 dezembro 2012
Resenha (Filme's): O cheiro do ralo (Brasil - 2006)
Filme: O cheiro do ralo (Brasil - 2006)
Diretor: Selton Mello
Sabe aquela sessãozinha caseira de cinema que eu falei pra vocês no comecinho da resenha anterior? Pois é, este filme que agora vos resenho foi o segundo filme visto naquela madrugada de sábado pra domingo. Fazia tempo que eu tinha curiosidade nesse filme, e achei massa a turma ter escolhido ele.
Então vamos lá... Mesmo que, ao final do filme eu tenha sido o único da turma que não gostou (boa parte desta postura só pra implicar e gerar discussão acalorada... réu confesso!), eu na verdade gostei. Na hora você fica meio assim "Será que eu entendi?" "Que louco!" essas coisas... Mas depois fui ruminando o filme na minha mente e percebi que na verdade gostei.
Selton Mello, que dirige e atua no filme, criou um personagem muito interessante. Um dono de loja de penhores. Não sei se você já foi em uma loja de penhor, ou em qualquer outra loja que que compra coisas usadas. Mas realmente, o perfil dos donos dessas lojas, se for definir em uma palavra, seria mercenário! Lógico... O lucro dele está exatamente nisso, em comprar uma coisa por um preço muito baixo e vender por um preço razoável para ter uma consistente margem de lucro.
E esse personagem de Selton consegue, de fato, encarnar perfeitamente a alma de um cara desses. Só que ele vai mais além, pois além de mercenário, o cara ainda é meio louco! Meio nada... O cara é doido mesmo, sem noção!
A estética do filme (fotografia e figurino) também está primoroso. Pegando um pouco daqueles cenários e submundos decadentes dos centros das grandes capitais. E realmente, os centros das capitais brasileiras são um verdadeiro chama para pessoas estranhas.
Gostei do filme mais pelo Selton Mello (e por tudo que ele ralou pra peitar o projeto desse filme) do que pelo filme em si. O filme tem, de fato, meu profundo respeito. Porém ele não me cativou. Não me seduziu. Para mim é um amontoado de vários personagens interessantíssimos, com uma potencialidade medonha. Porém, pouco explorados por conta da história (leia-se roteiro) não conseguir, sei lá, deslanchar. O filme tem ótimos momentos. Diálogos memoráveis. Mas o filme (leia-se roteiro) como um todo, por muitas vezes se perde. E a gente fica meio que a ver navios. Pelo menos eu me senti assim quando o filme acabou. Fiquei pensando: "Sim, e aí?"
Mas, contudo, todavia, pelo menos me mostrou a grande potencialidade de Selton Mello como diretor. E realmente no Brasil vários filmes também tem ótimas idéias, uma intenção muito massa, mas o roteiro não consegue abarcar a alma da coisa, e isso acaba afetando no desempenho do filme em si.
Mas certamente, neste quesito, anos depois o mesmo Selton Mello conseguiu acertar a mão no seu excelente filme O Palhaço (2011).
Mas isto já é uma outra resenha!
Assista no vídeo abaixo o trailer do filme O cheiro do ralo:
Resenha (Filme's): A lula e a baleia (EUA - 2005)
Filme: A lula e a baleia (EUA - 2005)
Diretor: Noah Baumbach
Estúdio / Produtora: Original Media, Ambush Entertainment, Destination Films
Tenho muitos grupos de amigos cinéfilos. Uns promovem sessões de ir uma multidão pro cinema. E outros fazem algo mais intimista. Do tipo que pega um data show, liga o computador nele e coloca o catálogo da Netflix pra gente escolher o filme e passar a madrugada a dentro comendo bobagens, vendo filme e se divertindo.
E foi numa destas sessões que, com um grupo sofisticado, foi escolhido esse filme que, até então, eu nunca tinha ouvido falar! E foi uma surpresa agradável.
Trata-se de um filme do circuito alternativo americano. Um drama familiar. Então haja energético pra driblar o sono e enfrentar o filme! E acho que fizemos uma ótima escolha, pois me amarrei no filme.
É um filme basicamente comportamental. Que fala a história de uma família cujos pais estão se divorciando, e de como isso tudo (querendo ou não) afeta a vida dos filhos. O elenco está muito bom, com destaques para Jeff Daniels (que é o pai intelectual, professor universitário), Jesse Eisenberg (o mesmo do filme A rede social [EUA - 2010]) e a deliciosinha Anna Paquin (a vampira da série X-Men). Os dois últimos no comecinho de carreira.
Chega um tempo em nossas vidas que não tomamos mais atitudes só por nós. Outras pessoas são envolvidas e afetadas por nossas escolhas. Algumas delas de forma que a gente nem consegue imaginar. Na criação de filhos isso é ainda mais evidente. Os pais são, de fato, espelhos e referência para os filhos, pelo menos até a sua adolescência. E esse filme realmente entra fundo no universo dessas crianças e adolescentes que passam por isso. E olhe que, no caso do filme, estamos falando de pais realmente descolados e modernos.
Uma coisa, para mim particularmente, muito massa no filme é que, em certo momento um dos filhos tem que apresentar um número autoral na escola. E o garoto querendo fazer algo genial resolve aprender a tocar a música "Hey You" (do álbum The Wall (1979) do Pink Floyd) e dizer pra todo mundo que a tal música era dele e se inscreve no concurso. Eu, como fã do Pink Floyd adorei! E se você quiser saber que fim deu nisso... Bem... Veja o filme!
Antes de terminar queria confessar um grande pecado de minha parte. Pois imagino que uma das curiosidades desse filme é saber o porquê diabos ele se chama A lula e a baleia. Realmente o filme explica isso em algum momento. E, ao que parece, tem uma ligação enorme com o contexto do filme.
Acontece que esse imbecil aqui resolveu cochilar (eram 2h30!) exatamente no fragmento do filme onde o título era explicado. E fiquei com vergonha de pedir pra voltar o filme só pra eu ver... Então, peço encarecidamente a você que, por acaso, ficou curioso de ver o filme, que o veja e me explique esse mistério.
Estamos combinado?
Assista no vídeo abaixo o trailer do filme "A lula e a baleia" (p.s. - infelizmente não encontrei o trailer legendado):
01 dezembro 2012
Resenha (Filme's): Led Zeppelin - Celebration Day (Reino Unido - 2012)
Filme: Led Zeppelin - Celebration Day (Reino Unido - 2012)
Diretor: Dick Carruthers
Estúdio / Produtora: Omniverse Vision, Warner Music, Swan Song
Meu coração quase para em 2007 quando soube que o Led Zeppelin ia se reunir em um show no O2 Arena, na linda Inglaterra. Me veio a esperança de, quem sabe, depois desse evento, haver uma turnê mundial. Já pensou ir a um show dos caras aqui no Brasil? Venderia um fígado pelo ingresso, juro!
Mas não foi o caso. Na ocasião, ia ser de fato um dia especial de celebração à memória de Ahmet Ertegun, fundador da Atlantic Records. Era um show beneficente. Mas o que esperar de uma das mais cultuadas bandas do mundo? O maior símbolo da década de 70? Nossa! Um único show para 18.000 sortudos. Mais de 20 milhões de fãs disputaram à tapas esses ingressos!
Um evento único desta magnitude deveria ter sido transmitido para o mundo todo! Mas não! Infelizmente...
Esperei 5 anos, e finalmente vi o cartaz no cinema do show em duas únicas exibições. Com mais de três semanas de antecedência comprei os ingressos com minha inseparável companheiras de aventuras Lorena. Que, por sinal, também é minha noiva. E foram três semanas contando os minutos.
Acho muito massa que esteja voltando essa moda de exibir os shows no cinema. Principalmente para caras como eu, que mora em Fortaleza, e não têm muita grana para se aventurar no eixo Rio-São Paulo para ver um espetáculo de grande porte. Então, desejo realmente que estas iniciativas continuem. E pelas salas lotadas dos shows que eu já assisti no cinema, acho que vai vir mais por aí viu.
Então chegou o grande dia. O meu Celebration Day! Ia poder ver num telão, e em auto-volume, meus músicos prediletos.
Entramos na sala 03 do multiplex, 10 minutos antes das 22h, e a sala já estava lotada. Sentamos em duas poltronas laterais e, as luzes apagaram, meu coração bateu mais forte, e começaram mais de duas horas de som cristalino e imagens espetaculares.
Ingresso comprado com antecedência! \m/
Tinha um certo receio de se a energia dos caras no show seria bacana, uma vez que eles já estavam bem velhos. O som do Led exige uma versatilidade quase sobre-humana, fiquei pensando se eles iriam ter fôlego. Mas que nada! Os caras (pelo menos Page e John Paul Jones) estavam com muita sede de tocar ao vivo. Eles de fato estavam adorando a reunião. E isso foi muito claro para quem estava assistindo!
Tivemos direito de degustar todos os clássicos! Eles deram um passeio por quase todos os álbuns. Mas o que para mim mais se destaca neste show foi que, quando eles saiam dos clássicos comuns esperados, sempre revisitavam o catálogo de meu álbum predileto deles: o Physical Graffiti (1975). Penso que essa foi certamente o grande diferencial desse show. E de fato foi uma homenagem bem merecida, uma vez que não há muitos registros deles executando as canções desse disco ao vivo. O que eu achava sempre uma grande injustiça por conta da variedade de sons e experimentos fascinantes que tem nesse álbum. "In My Time Of Dying", "Trampled Under Foot" e "Kashmir" foram as escolhidas do álbum!
Outro destaque foi "For Your Life" e "Nobody's Fault But Mine", ambas do álbum Presence (1979).
No mais, foi uma avalanche de clássicos já esperados! Desde "Good Times Bad Times" à clássica "Stairway To Heaven" que, de tão clássica, é proibida em todo departamento de testes de guitarras e violões em qualquer loja de instrumentos musicais.
Jimmy Page tava tão empolgado que fez até seu apoteótico e místico número de tocar com arco de violino em "Dazed And Confused".
Uma coisa também que foi notório era a grande consideração e carinho que eles têm com o Jason Bonham, filho do falecido baterista da banda John Bonhan, morto engasgado com o próprio vômito em 1980. E pelo desempenho de Jason, o paizão dele deve ter dado umas boas batucadas na madeira do caixão de tanto orgulho.
Enfim, foi um show muito massa! Mesmo sendo uma experiência vivida numa sala de cinema. Mas mesmo assim, assistir em meio a uma coletividade, em uma sala cheia de coroas descolados, acompanhados de seus filhos e netos, todos balançando a cabeça (ou hipnotizados nos momentos dos solos épicos de guitarra), mostra que Led Zeppelin ainda tem fôlego para ser atemporal, e encantar e fascinar plateias por muitas e muitas gerações!
Assista no vídeo abaixo o trailer do filme/show Led Zeppelin - Celebration Day:
29 novembro 2012
Resenha (Filme's): Possessão (EUA - 2012)
Filme: Possessão (EUA - 2012)
Diretor: Ole Bornedal
Estúdio / Produtora: Paris Filmes, Ghost House Pictures, North Box Productions
Tenho um grupo de amigos que, pelo menos uma vez a cada dois meses, tiram uma sexta a noite para ir ver uma sessão de meia-noite lá no cinema do Iguatemi, aqui em Fortaleza. E geralmente, quando em cartaz, a gente escolhe um terrozão.
Pois o filme Possessão foi numa dessas sessões.
Só que fui assistir na completa ignorância. Só sabia que era terror e, pelo título, saquei que se tratava de uma história de possessão demoníaca. Dãã! Obvio né?
Então vamos lá. Pipoca comprada (aos olhos da cara!), refrigerante também (e lá se foi meus últimos tostões!), entramos na sala de cinema e esperamos o filme começar.
Todo mundo na sala de cinema com aqueles risinhos medrosos. Os mais medrosos (como é regra) são os que ficam tirando mais piadinhas pra distrair a atenção. Então as luzes apagam e começa o dito cujo.
Então vamos lá! Como um fã de filmes de terror, tenho toda a segurança pra dizer a vocês que o filme é muito, mas muuuito fraco. Acho que ruim seria mais apropriado. Poxa meu povo! Se vai pegar uma ideia já manjada (possessão é clássico na temática terror), vamos pelo menos inovar!
Mas o que acontece é: Bóra fazer um filme de terror falando de uma menina possuída. Já existem milhares de filmes. Vamos investir no ponto comum e só encher linguiça! Pronto! Resumi o filme!
Neste, uma jovem e inocente garotinha, por acaso passa em um jardim em que o dono da casa está vendendo alguns móveis (prática bem comum nos EUA). Então, no meio de tanta bugiganga ela encontra uma caixa misteriosa e se apaixona de cara por ela. Depois de alguns segundos de pai compra! Vaaaai pai compraaaa! Compraaaaa! O pai compra e ela leva a caixa pra casa. Uma vez ela abrindo essa caixa, libera um demônio antigo chamado, acho que, Abysou. E esse demônio vai, à partir de então, possuir essa garota. Daí ela vai começar a, progressivamente, manifestar os sintomas de menina-inocente-possuída-pelo-capiroto.
Aí adivinha o que o pai faz? Percebe que a filha está ficando estranha (tipo, uma monstruosidade que vai além da TPM) e liga isso ao tempo que a filha adquiriu a caixa. E então vai investigar a caixa. E nisso (entre comportamento bizarro da filha e investigação sobre a caixa) gira o enredo da história.
O filme tem grosseiros erros de continuidade. Os sustos são previsíveis. Os efeitos esperados. Gente aparece no filme e desaparece sem sentido algum. E enquanto estava assistindo, virei pro meu amigo na poltrona e comentei: - Cara, tá parecendo aqueles trashzão pastelão do Sam Raimi! E, no final, quando eu vi quem assinava a produção, bingo!, era ele o produtor! Suspeitei desde o princípio!
Hoje, poucos filmes que tratam do sobrenatural me assustam. Há muito tempo o sobrenatural deixou de me impressionar. O que me assusta hoje em termos de cinema são filmes que exploram a capacidade humana de fazer o mal. Há meu amigo, dependendo do filme com essa temática, sou até capaz de dormir na cama com minha mãe cheio de medinho.
Nessas alturas esse filme já deve ter saído de cartaz. Então, se você for à locadora com seus amigos e eles quiserem levar esse, bata o pé e não deixe! É muito ruim! Prefira o "Arraste-me para o inferno" (EUA - 2009). Esse é do Sam Raimi mesmo. É propositalmente ruim (pois é trash), e você ainda garante boas gargalhadas com a putaria de bizarrice que é o filme.
Assista no vídeo abaixo o trailer de Possessão:
28 novembro 2012
Resenha (Filme's): Namorados para sempre (EUA - 2010)
Filme: Namorados para sempre (EUA - 2010)
Diretor: Derek Cianfrance
Estúdio / Produtora: Paris filmes, Incentive Filmed Entertainment, Silverwood Films, Hunting Lane Films, Motel Movies, Chrysler Corporation, Cottage Industries
Eu tenho uma teoria bem absurda e idiota, no qual defendo que as comédias românticas e filmes românticos são uma das principais causas de os relacionamentos hoje serem tão volúveis.
Aí você me questiona:
- Peraí! Mas os filmes românticos são lindos, fofos, inspiradores! Todos tratam de um amor sublime, de uma intensidade contínua, que dura até a morte e, apesar do tempo, sempre se mantém belo!
Pois é exatamente por isso!
Os filmes românticos passam para o telespectador desavisado que o amor é exatamente esse sentimento contínuo, que sempre anda em perfeita parceria com a paixão. E que no amor real a paixão é algo que nunca apaga!
Aí o que acontece? Ein?
As namoradas saem da sala de cinema num estado de introspecção profunda, e percebem o quanto essa realidade com seus respectivos namorados (principalmente quando o namoro está naquela faixa crítica entre os 3 e 4 anos) está bem diferente do roteiro do filme. E aí vem aquela nuvenzinha cheia de perguntas do tipo:
Onde está aquele amor?
Onde está aquele cavalheirismo do início da relação?
Onde está aquele carinha sem barriga que comecei a namorar?
Onde está aquele friozinho na barriga, e aquela emoção ao pré-encontro?
Cadê aquele cara que me beijava com gostinho de Halls vermelho na boca?
Onde está isso ou aquilo?
E aí já viu né? Quando menos se espera a garota está lhe ligando dizendo que não sabe mais o que sente, e pede um tempo...
Pois se você (homem ou mulher), assim como eu, já passou por uma situação assim, quero dizer a vocês que esse estupendo filme "Namorados para sempre" lavou definitivamente minha alma!
Não se enganem, pois o péssimo título em português (pois o título original é Blue Valentine) acabou dando certo quando você entende que trata-se de pura ironia.
O filme relata a vida de um casal, alternando dois momentos - sendo um recorte mostrando o começo da relação, e o outro, depois de quase quinze anos de casados, com filho, em um claro momento em que a relação está desmoronando. Então, o tempo todo, o filme fica alternando nestes dois momentos.
Então estamos tratando aqui de um filme que trata, de fato, do que realmente acontece. O roteiro, nesse sentido, é visceral. Mostra com delicadeza e beleza o início da relação, que é a parte mais massa de se conhecer alguém. E de repente lhe transporta para um momento onde os dois já estão engolidos pela rotina depois de anos de relação, onde não há mais aquela magia de outrora.
E realmente afirmo que, um filme desses é algo que pode sim trazer um grande benefício para um casal que o assiste. Pois vai certamente gerar um debate sobre essas questões de amor e paixão. Como lidar com o tempo que é um agente implacável na rotina de qualquer que seja a dimensão de relação? Como conseguir se reciclar com o passar do tempo a ponto de isso não gerar uma ruptura traumática?
Uns encaram o amor como uma escolha. Outros encaram o amor como um sentimento. Outros (como eu) acreditam que a coisa fica oscilando entre as duas afirmações anteriores. Então como se manter unido com uma pessoa por um longo tempo sem isso desgastar a relação a ponto dos dois não se suportarem mais?
Enfim... Voltando pro filme, o casal de atores tem um desempenho brilhante. Michelle Williams está bárbara. E o ator Ryan Gosling (o mesmo anti-herói do espetacular Drive [EUA - 2011]) termina de completar a química perfeita. Muito bom! Muito bom mesmo! Super recomendado!
Assista no vídeo abaixo o trailer do filme "Namorados para sempre":
Resenha (Filme's): A delicadeza do amor (França - 2011)
Filme: A delicadeza do amor (França - 2011)
Diretor: David Foenkinos, Stéphane Foenkinos
Estúdio / Produtora: Califórnia Filmes, 2.4.7. Films, France 2 Cinéma, Studio Canal, Canal +, Ciné, Banque Postale Image 4, La Compagnie Cinématographique Européenne, Palatine Étoile 8
Toda vez que resenho um filme francês sempre falo a mesma coisa. Sensibilidade é com eles mesmo! E um título como esse, se fosse de um filme americano (sem preconceito porque já falei várias vezes que, vez por outra, gosto de um blockbusterzinho) eu já ia ficar pensando que era uma película candidata a sessão da tarde. Mas não! Quando algum filme francês tiver no título algo como "delicadeza" e principalmente "amor", vá na bilheteria, pague seu ingresso porque geralmente vale muito à pena.
O cinema francês é, em sua essência, humanista. O ator francês (com um roteiro ajudando) consegue passar sentimentos profundos através da sutileza de suas expressões. As demostrações emocionais, muito mais do que ditos, são transmitidos para o telespectador através de um olhar silencioso, ou até na forma como o ator sopra a fumaça do cigarro. É uma escola de cinema orgânica, onde, de fato, o ator é exposto e colocado em foco na câmera para dar ao telespectador tudo aquilo que o roteiro pede dele.
E certamente esse filme (que para os padrões franceses é uma comédia romântica leve) é um excelente exemplar disto que tô falando.
A química entre a atriz Audrey Tautou (que tem aquela beleza clássica e delicada do tipo feia-linda! ex. Julia Roberts) e François Damiens (que certamente seria o candidato perfeito para interpretar o Charles Bukowski em qualquer cinebiografia) estão de um primor sem tamanho.
Gosto muito de histórias (até aquelas bem garapinhas americanas) que tratam de amores improváveis (e socialmente impossíveis) que acontecem de forma inesperada. E de como os personagens vão se adaptando a essa nova situação.
A protagonista é uma viúva jovem, linda, super talentosa e com um futuro brilhante que ainda se sente magoada com a vida por perder seu jovem marido. Uma mulher desejada por todos! Onde todos os amigos ficam naquela expectativa de "Quem vai ser o novo amor dela?", e diante disso começam a fantasiar um certo perfil de pretendente. E nesta expectativa as pessoas que a rodeiam caem no senso comum de, obviamente, imaginar um cara lindo e bem-sucedido.
É aí que entra nosso herói. Ela resolve, depois de tanto tempo de viuvez, (e no impulso) beijar um cara que apareceu na sala dela. Sabe aqueles caras que trabalham num andar abaixo do escritório principal, numa salinha cheia de papéis, totalmente invisível e feio, e desengonçado, e tudo mais que não gosto nem de lembrar pois penso logo em mim mesmo? É a partir desta conexão bizarra e inesperada entre essas duas pessoas de universos completamente diferentes que vai girar a trama desta história.
O filme trata de aparências. Tem muito a dizer a pessoas que sempre se deixam levar pela primeira visão. Consigo lembrar claramente num momento do filme em que o cara aparece pela primeira vez. E lembro a cara de nojo da platéia quando ela o beija. E me marcou muito a forma como, à medida que o filme entra na vida do personagem, o mesmo muda o olhar do expectador. Ele consegue ir exalando sua beleza, charme e encanto sem mudar absolutamente nada em sua aparência.
Isso aconteceu (e acontece) muito em minha vida. E certamente, se você observar as pessoas à sua volta com mais atenção, irá perceber também.
Há pessoas com aquela beleza genérica que, obviamente, todos que olham vai, de cara, achar atraente e tal. Isso por uma série de combinações de apelações midiáticas e senso comum em determinada época.
Mas não se engane!
Conheci muita mulher linda que, depois de algumas horas de conversa e convivência, se tornaram mais feias que a bruxa do 71.
Mas o mais bacana é quando acontece o contrário!
Existe uma beleza muito mais sutil. Aquela que se apresenta a você não à primeira vista. Ela é como um mistério, que vai lhe cativando aos poucos, que vai se desenrolando em pequenas doses, num olhar mais atento, de perto, entre expressões, sorrisos, idéias compartilhadas, e bingo! O que para você era o âmago, o comum, passa de repente a ser belo, sublime, espetacular!
Você já passou por isso? Não?
Uma pela pra você...
Abra seus olhos!
Confira no vídeo abaixo o trailer de "A delicadeza do amor":
26 novembro 2012
Resenha (Filme's): Histórias Cruzadas (EUA - 2011)
Filme: Histórias Cruzadas (EUA - 2011)
Diretora: Tate Taylor
Estúdio / Produtora: 1492 Pictures, Imagenation Abu Dhabi FZ, Harbinger Pictures, DreamWorks SKG, Reliance Entertainment, Participant Media
Tem certos assuntos que nunca se esgotam. Podem fazer mil filmes sobre isso, escrever centenas de livros, mas quando você pensa que nada mais vai lhe surpreender sobre esse assunto, de repente aparece algo que muda seu conceito.
A perspectiva social na América racista das décadas de 50 e 60, principalmente no sul dos EUA é uma dessas fontes inesgotáveis de assunto. Muito se escreve e se filma sobre essa temática. Umas dando muito certo, e outras nem tanto.
Já que minhas resenhas não servem pra resumir as histórias (se você entrou aqui pra isso, é melhor voltar lá na sua pesquisa do Google e procurar outro link), digo que se trata de uma garota jovem inteligente e aspirante a jornalista. Que cresceu numa comunidade branca bem típica no Mississipi do início dos anos 60.
Apesar de ser branca, jovem, linda e do grupo das populares entre as amigas, ela percebe que tem alguma coisa errada, muito errada acontecendo. E essa coisa errada é a forma como os negros (em especial as domésticas) são tratadas, mesmo numa época em que a abolição dos escravos já foi decretada à tempos. Você pode mudar o princípio nas leis. Mas daí colocar esse mesmo princípio no coração das pessoas, aí é outra história.
Acontece que essa garota, como uma entusiasta do jornalismo, tem uma ideia. Escrever um livro relatando a perspectiva das domésticas negras que, durante gerações, cuidou dos filhos da classe média branca nos EUA. E o filme lhe leva nas entranhas do que se vivia em termos de "o sonho americano" naquela época. As aparências da classe média escondendo uma desumanidade, herança de anos de domínio escravocrata.
Apesar de ser ficção, ele vai tratar da realidade. E o filme lhe leva para a intimidade de vários lares de brancos cristãos e devotos americanos.
E por falar em cristãos devotos, foi essa uma das perspectivas do filme que mais me chamou a atenção. E sobre isso gostaria de discorrer um pouco nas próximas linhas.
"Você é uma herege!"
O que sempre me impactou na história do racismo branco americano nunca foi o racismo deles em si. Isso já era previsível e de se esperar.
Muito menos o fato dessa geração branca racista serem ditos cristãos fiéis e, ao mesmo tempo, serem membros ativos da Ku-klux-klan. Não, isso também era de se esperar.
O que me deixa mais impressionado é o fato da geração de negros terem não só absorvido o cristianismo da tradição branca (isso na época dos escravos), como perceber claramente que a postura cristã dos brancos em relação a eles era uma clara distorção do olhar dos brancos sobre as escrituras. Pois no filme, apesar do grande choque de realidades e posições na escada social, pelo menos uma coisa eles tinham em comum. Tanto um lado quanto o outro professava o cristianismo.
É exatamente esse paradoxo que me assusta.
Gandhi era um cristão confesso até conhecer a igreja branca. Viu que havia um abismo imenso do que ele enxergava que Cristo viveu e o que a religiosidade protestante de igrejas de brancos viviam. A ponto dele, ao ruminar na mente durante dias esse paradoxo, afirmar:
"Não conheço ninguém que tenha feito mais para a humanidade do que Jesus. De fato, não há nada de errado no cristianismo. O problema são vocês, cristãos. Vocês nem começaram a viver segundo os seus próprios ensinamentos."
"Não conheço ninguém que tenha feito mais para a humanidade do que Jesus. De fato, não há nada de errado no cristianismo. O problema são vocês, cristãos. Vocês nem começaram a viver segundo os seus próprios ensinamentos."
Isso ficou claro no filme, em uma cena onde a empregada finalmente esgota toda sua paciência, e num momento de plena indignação e revolta, se vira para sua patroa e diz: Você é uma herege!
Não, os negros não se revoltaram e criaram outra religião. Eles simplesmente tiveram um olhar sobre essa mesma religião, a absorveram e aprenderam, e categoricamente perceberam que os brancos estavam equivocados em suas leituras. Enquanto os brancos gozavam prosperidade no país e cantavam para Jesus abrir as portas do céu e derramar bênçãos. Os negros por outro lado se identificavam com o sofrimento de Jesus e O pedia forças para suportar mais um dia. Tanto é que o próprio blues (que significa choro, lamento) nasceu daí.
Será que essa perspectiva mudou? Os paradoxos ainda existem? Tire um domingo e vá a uma igreja bem pobre na periferia de sua cidade, e no outro domingo vá na mais "moderna" e jovial que tiver. Observe os hinos cantados e você vai saber do que estou falando. Observe pelo que ambos agradecem na hora dos testemunhos, assim também como o que pedem.
Mas calma, isso sempre existiu!
Não esqueçamos que o próprio Jesus foi brutalmente assassinado por conta de colocar dúvidas sobre a religião estabelecida em sua época. E ele mesmo percebeu o paradoxo, se indignou contra isso, e pregou a verdade em cada esquina que andava. Mal sabia ele (ou sabia...) que logo fariam a mesma coisa com sua doutrina.
Afinal, não é assim que alguém resumiu o curso da história? Uma série de rupturas e continuidades?
Confira no vídeo abaixo trailer do filme Histórias Cruzadas:
17 novembro 2012
Resenha (Filme's): Os 3 (Brasil - 2011)
Filme: Os 3 (Brasil - 2011)
Diretor: Nando Olival
Estúdio / Produtora: Warner Bros.
Faz um tempinho já que eu saturei completamente de filmes nacionais com a temática da violência, tanto da perspectiva dos bandidos, quanto da polícia e até do contexto da pobreza em si. Enchi o saco!
Não que o cinema nacional só trate desses temas. Muitos filmes abordam outros tipos de contexto. Acontece que, a bem da verdade, era eu que não procurava muito. E realmente, os filmes que tratam destes temas antes citados tem um apelo maior para o público.
Então resolvi, de uns tempos pra cá, priorizar filmes nacionais que abordam outras facetas do comportamento do brasileiro.
Diante disso, posso dizer a vocês com toda segurança, que esse filme Os 3 é um verdadeiro achado! Um filme que trata do urbano, no contexto universitário de São Paulo. Muito massa!
O filme trata da história de três universitários (dois caras e uma mulher) que se conhecem casualmente numa festa na porta do banheiro, e a partir de então começam uma amizade, resolvem morar juntos e criam um interessante triângulo amoroso. Então temos aqui três jovens descolados, vivendo numa grande cidade, e fazendo de tudo para que essa realidade não mude.
Porém ela muda. E muda exatamente porque chega ao fim da vida acadêmica. E não se preocupem que eu não disse nada de grande relevância sobre o filme até agora.
Como estudantes de comunicação, eles apresentam como projeto final do curso (TCC) um projeto de um Reality Show onde um grupo de estudantes que vivem num apartamento são acompanhados 24h por dia. E a sacada é que nesse sistema (acompanhado somente online) todos os produtos do apartamento são colocados a venda. Então o usuário que acompanha o programa pode clicar em cima do produto exposto e adquirir a mercadoria comprando online.
Um dos professores acha essa ideia tão boa que joga a proposta para os três estudantes implantarem essa ideia no próprio apartamento deles. E é exatamente aí que gira a trama.
Um filme muito bem montado, um roteiro super criativo, e uma temática urbana e no contexto universitário. Enfim, um filme muito bacana que, assim como outros muitos filmes nacionais (muitos desses que ainda não vi), mostram que no Brasil existe mais enredos do que a questão da pobreza e violência. Diante desta minha expectativa, o filme Os 3 me foi de muitíssimo agrado.
Assista no vídeo abaixo o trailer do filme Os 3:
15 novembro 2012
Resenha (Filme's): Deixe-me Entrar (EUA - 2010)
Filme: Deixe-me Entrar (EUA - 2010)
Diretor: Matt Reeves
Estúdio / Produtora: Paramount Pictures Brasil - Overture Films - Hammer Film Productions - EFTI - Goldcrest Post Production London
Era uma vez eu na Distrivídeo da Dom Luiz, aqui em Fortaleza:
- Cara, tu tem o filme Deixe ela entrar? Tô doido pra ver esse filme!
- Tem não ó...
- Putz... Mó paia! Valew então!
- Ei, espera! Tenho aqui o remake americano... Saca só!
Foi na pratileira e trouxe o DVD...
- Será que é bom ein? Porque todo mundo fala que o sueco é espetacular.
- Cara, num vi nenhum dos dois. Mas leva cara!
- É... Vou levar...
Pois é pessoal. Fui a locadora fissurado para ver o Deixe ela entrar (Suécia - 2008), mas fiquei frustrado por não encontrar. E para não perder a viagem eu resolvi levar a versão americana. E sinceramente acho que fiz uma besteira.
Não que o filme seja ruim. Não é! Os dois atores mirins são muito bons, a química entre os dois tá bem legal.
Acontece é que, realmente, quando os EUA pegam um filme de sucesso, principalmente europeu, para fazer uma versão, na maioria dos casos eles transformam a coisa numa obra menor, mais superficial, etc.
A versão americana realmente não empolga. Em muitos momentos se torna até previsível. Minha noiva sacou a grande charada do filme quando este estava na metade. Enfim, me arrependi de não ter sido mais persistente e ter procurado em outras locadoras a versão sueca.
Agora, mesmo tendo visto o filme e saber da história toda, faço questão de, futuramente, ver a versão sueca. É uma questão de honra! Mesmo não tendo visto ainda, tenho quase certeza que é bem melhor. Pois o americano fica apenas no médio. Pra não dizer fraquinho.
Descobri um dia desses que, quando um filme europeu faz sucesso, os americanos preferem ver o ramake pelo simples fato de não gostarem de ver filme legendado. Pode uma coisa dessas?
Assista no vídeo abaixo o trailer do filme Deixe-me Entrar:
Resenha (Livro's): Harry Potter e o enigma do príncipe
Livro: Harry Potter e o enigma do príncipe
Autora: J. K. Rowling
Editora: Rocco
Ano: 2005
Páginas: 510
Ao contrário dos outros livros que, apesar de sempre deixarem um gancho de continuidade, que na maioria das vezes era outra investida de Valdem... ops, quer dizer, Aquele-que-não-deve-ser-nomeado, tentando voltar de uma ou outra forma durante o período de um ano letivo dos alunos de Hogwarts, que é o tempo que se passa a trama de cada livro.
Pois muito bem, Harry Potter e o enigma do príncipe é, ao contrário dos outros livros, um gancho (e que gancho) para o livro final. Este é o penúltimo livro da saga. E já estou com o coração na mão por saber que só falta um livro. Você de fato se apega muito a esses bruxinhos.
Enfim, não vou aqui ficar fazendo um resumo descritivo do que é o livro. Para isso você já tem o Wikpedia. Então resumo apenas o que eu senti ao ler, e isso já vai dar a ideia se eu recomendo ou não o livro. E até agora, essa saga não me decepcionou. Ainda nem vi os filmes, e acho que ainda vou protelar por um bom tempo. Mas esse livro em particular é eletrizante! Cara, fico imaginando quem lia no período do lançamento em si, que tinha que esperar quase 1 ano para ler o outro. Eu, pelo menos, comprei a coleção inteira numa tacada só. E quando terminei de ler a última página deste, corri para a estante para pegar o último livro. Com o coração a mil. E estou devorando cada página!
Aquele-que-não-deve-ser-nomeado coloca ainda mais pressão em Potter. A cada página vai adquirindo mais poder. Ao mesmo tempo você percebe uma certa maturidade no desenvolvimento dos personagens. Há uma aproximação bem maior de Harry com Alvo Dumbledore. Harry está um pouquinho mais seguro de si mesmo e ciente de seu papel fundamental para o combate de seu maior inimigo. E também é um momento onde vai fluir várias descobertas amorosas. Outra coisa legal nesse livro é que, pela primeira vez, há uma certa interação mais clara entre o mundo bruxo e o mundo trouxa (trouxa é a forma como os bruxos chamam os não-bruxos).
Enfim, para os amantes da ficção, leitura mais que obrigatória!
14 novembro 2012
Resenha (Filme's): Escola de Rock (EUA - 2003)
Filme: Escola de Rock (EUA - 2003)
Diretor: Richard Linklater
Estúdio / Produtora: UIP, Paramount Pictures
Antes de escrever sobre o filme vou deixar bem claro que estou levando em conta o fato de ver esse filme como um filme para crianças. Neste quesito, o filme é muito bacana. Pois realmente é uma espécie de introdução para pré-adolescentes que querem, ou tem curiosidade de adentrar nessa atmosfera do rock clássico.
Mas mesmo assim, tem filmes que são feitas para as crianças que também agradam aos adultos. No meu caso, eu não me empolguei tanto quanto deveria.
Não sei se pelo fato de já estar saturado desse típico personagem do Jack Black (aspirante a rockstar buscando seu lugar ao sol como roqueiro). Enfim, o filme têm, de fato, ótimas referências. Mas o roteiro achei bem fraquinho, com muitos erros de sequência (e olhe que eu nem sou um expert no assunto).
Gosto muito de filmes que tratam de pessoas se adaptando a uma nova realidade. Como nesse caso, um cara sem rédeas, irresponsável, porra louca, tendo que encarar o desafio de ser professor de crianças.
Enfim, muito provavelmente eu vá mostrar esse filme pro meu filho quando ele tiver, sei lá, uns 9, 10 anos. Porém, para o público que tem mais de 15 anos o filme se mostra muito bem intencionado. Porém, não convence.
Assista no vídeo abaixo o trailer do filme Escola de Rock:
p.s. - infelizmente não encontrei nenhum trailer desse filme com legenda...
13 novembro 2012
Resenha (Filme's): Querido John (EUA - 2010)
Filme: Querido John (EUA - 2010)
Diretor: Lasse Hallström
Produtora / Estúdio: Sony Pictures, Relativity Media, Temple Hill Productions
Tenho um certo tipo de categoria esquisita para catalogar filmes. Uma delas é "filmes tipo sessão da tarde que são uma delícia de assistir". Pois é, assim se resume minha opinião sobre esse filme super "cute-cute" chamado Querido John.
Poderia acabar minha resenha aqui, mas vou conversar com vocês um pouco mais sobre isso. Assim como na música, no cinema também sou super eclético. Adoro filmes de arte, daqueles bem densos do leste europeu. Filmes cult's franceses, alemães. Estou numa fase de descobrir o cinema latino - por sinal bem tardiamente pois o cinema latino já bomba faz tempo.
Acontece que também gosto do cinema americano. Gosto de muita coisa que Hollywood produz. Inclusive aqueles bem garapinha. Claro que, até fazer um filme garapinha pode dar certo ou errado. E tem filmes garapinhas e previsíveis, com roteiro repetitivo, que mesmo tendo tudo isso, mesmo assim é um prazer só assistir.
Tem dias que você só quer sentar numa maldita cadeira de cinema com sua pipoquinha e refri (de preferência Fanta laranja) e se divertir, se entreter sem necessariamente ter que abstrair nada de profundo do que você está assistindo.
Pois Querido John é isso. Um filme lindinho, bem montadinho, com lindos atores, que tem um draminha bem construído, roteiro bem enxutinho e tudo isso bem no diminutivo, pra ficar bem fofinho e emocionar sua namorada (ou paquerinha). É daqueles filmes de sair da sala de cinema abraçadinho e feliz.
Enfim, se você está nessa vibe de ver um filme bacaninha pra ajudar a passar o tempo, ou até mesmo asssitir ao lado de uma garota para criar um climinha romântico e garantir uns bons amassos no sofá após o fim do filme (ou durante, sei lá), Querido John é uma ótima pedida. Vá por mim!
Confira no vídeo abaixo o trailer do filme Querido John:
11 novembro 2012
Resenha (Filme's): Busca Implacável 2 (França - 2012)
Filme: Busca Implacável 2 (França - 2012)
Diretor: Olivier Megaton
Produtora / Estúdio: Fox Film / Europa Corp.
Busca Implacável 2, a meu ver, tem dois pequenos problemas.
1. O primeiro é muito bom!
2. O primeiro filme não deixou nenhum gancho em sua trama para que houvesse uma continuação. Pelo menos não com os mesmos personagens, no caso, a família do nosso herói.
Achei meio forçação de barra no roteiro colocar a família do cara em outra situação escrota para que assim, meio que fazer acreditar que o público simplesmente ia engolir a história e eles (produtores) ia ter um bom lucro a mais.
Ao contrário do primeiro filme, que no cinema deixava o telespectador grudado na poltrona com o coração na mão, Busca Implacável 2 subestima a inteligência do público. Muito parecido com o que fizeram com Se Beber Não Case 2 (EUA - 2011). Quando vi este último, pude até imaginar os produtores numa sala super luxuosa com charutos na boca pensarem: - Porra! Ganhamos milhões com o primeiro filme! Bóra lucrar mais fazendo a continuação!
No que deve ter tido um sensato estagiário que disse: - Mas cara, os mesmos caras se meterem em uma situação bizzarra daquela repetindo os mesmso erros não seria forçar demais não?
No que os cartolas responderíam em uníssono: - Há, cala esta boca!
Enfim, acho que o herói de Busca Implacável 2 poderia até ser usado novamente. Mas que colocasse ele em outra situação. E não apelar para que novamente a família do cara se meta nas mãos de bandidos pra ele salvar todo mundo de novo.
Quer ver? Tipo, ele poderia ser segurança da filha de um cara poderoso e, de repente, a coisa sai do controle e ele tem que resgatar a garota (a mesma essência sem forçar a barra).
Ou...
Ele vai ser contratado por um xeique árabe. e descobre que nos porões da mansão o cara mantém meninas menores de idade, e como um pai incorrigível, vai tentar salvá-las, tirá-las do país e adotar todas elas no final (claro que depois de destruir o xeique árabe e todo o seu grupo de seguranças).
Ou...
O melhor amigo dele sai erm uma missão secreta e é pego pelos inimigos, e o único cara que pode ir em um fim de mundo qualquer, matar todo mundo e salvar o cara é nosso herói. (agora que eu lembrei que o Rambo já fez isso...)
O personagem do Lian Neeson é muito bom, e tem uma personalidade interessante. Qualquer aventurazinha inventada com esse mesmo personagem ia render um filme de ação razoável.
Mas francamente, a mesmíssima fórmula do primeiro filme já é abusar da minha inteligência. Se é que eu tenho uma...
Enfim, eu aceitaria qualquer outro roteiro previsível, menos a mesma coisa... E foi exatamente isso que eu, e pelo visto a sala de cinema que saiu totalmente desempolgada viram. Um repeteco do primeiro filme, só que bem mais fraco, mas beeeeeeeeem mais fraco mesmo.
Porém, o pior de tudo é que há quem ainda assim goste. Não foi o meu caso.
Confira no vídeo abaixo o trailer de Busca Implacável 2:
08 novembro 2012
Resenha (Filme's): Quase Famosos (EUA - 2000)
Filme: Quase Famosos (EUA - 2000)
Diretor: Cameron Crowe
Produtora / Estúdio: UIP / Columbia Pictures / DreamWorks SKG / Vinyl Films
- E aí? Qual vai ser o disco hoje?
- Tô querendo o Delicate Sound of Thunder, pode ser?
- Pode, mas seguinte, vou logo dando o toque que eu vou ser o David Gilmour viu?
- Como assim? Porra cara, toda vez tu quer ser o Gilmour! Tu já foi semana passada quando a gente tocou o Dark Side! Toda vez eu sou o Roger Waters! E nesse show do Delicate o Waters já tinha saído da banda!
- Toque como se fosse ele cara! E outra, eu já fui o Waters uma vez lembra não? E com muito orgulho! E nem fiquei reclamando feito um bosta!
- Claro que não reclamou, até porquê foi o The Wall né? Assim até eu! Tu gosta é de aparecer pô!
- Há, vai tomar nesse teu cú George!
- Vá te lascar!
E assim, pela milésima vez, o grupo imaginário que eu (na época com 11 anos) e meu primo Junior (com 13) tínhamos se dissolveu. Muito provavelmente no outro dia a gente ia voltar. Nenhum dos dois ia conseguir passar um dia sem empunhar vassoura e rodo (respectivamente) e tocar guitarra imaginária de frente pro som e se imaginar sendo um rockstar.
Junior é filho de minha madrinha Marlene, que sempre foi uma segunda mãe pra mim. E o Junior sempre como um segundo irmão (com tudo de positivo e negativo que isso representa). E foi nos vários fins de semana que passei na casa dele que fui catequizado no maravilhoso universo do rock. O pai dele tinha uma loja de discos no centro de Fortaleza, em um prédio em frente a Praça dos Leões. E todo sábado pela manhã a gente ia lá e ficávamos degustando discos e mais discos num dos aquários da loja até o ouvido sangrar.
Ali ouvi clássicos do Pink Floyd (incluindo seus discos mais obscuros), Led Zeppelin (viajando na música e na capa do disco Physical Grafitti - 1975), Janis Joplin, The Who e por aí vai. Adorava o cheiro da loja. Das pessoas entrando e conversando sobre música como verdadeiros eruditos. E assim que eu passei a conhecer um pouco mais de música, deixei de ser discípulo de meu primo para tornar-me adversário. Essa rivalidade foi ótima para mim, pois aí eu ficava mais fissurado em correr atrás de informações, e isso naturalmente me levou a primeira publicação de música que eu passei a ler - a BIZZ.
Até hoje tenho guardado com muito carinho quilos dessas edições. Vez por outra até folheio. E cada página me remete a tempos de descoberta musical. Gostava muito daquela escrita jornalística, com um tom informal. Parecia uma conversa. Lendo as linhas eu até podia ouvir a voz do jornalista ao meu lado, conversando comigo sobre música. Elogiando ou mandando ao inferno um disco. Todo mês esperava ansiosamente a revista chegar às bancas para devorá-la.
Lembro que, no começo dos anos 2000', quando a BIZZ parou de ser publicada, foi como um soco no estômago pra mim. Senti-me órfão, desamparado. Era como se um amigo querido tivesse ido embora pra nunca mais voltar. Não ia mais ficar naquela ansiedade de imaginar quem seria a capa do próximo mês. Nem ia sair da banca passando as páginas perto do meu nariz para sentir o cheiro de folha nova. Foi um relacionamento de pouco mais de 10 anos com esta revista. Acho que criei praticamente um "toc" (transtorno obsessivo compulsivo) de toda vez olhar pra banca atrás de uma publicação sobre música desde então. Sempre encontrando o mostruário da banca lotada de Capricho's, Veja's, Cara's, Playboy's, ummm... Playboy! Me venda uma dessa aí seu zé! Enfim, um vazio na vida do cidadão aqui.
Até que no fim do primeiro semestre de 2002, ao olhar para uma banca (por pura mania), me deparo com uma revista, e nela estava estampada a cara do Kurt Cobain desfocada, e acima enunciado com letras garrafais ZERO. Meu olho dilatou! Fui ver mais de perto, e na capa via espalhado nomes como Nirvana, Cameron Crowe, Wilco, Radiohead, Ryan Adams, Lester Bangs, caralho, me venda essa revista aí seu zé!
Lembro que era em torno de 7:30h, e a banca ficava em frente meu colégio. Minha sede de ler a revista era tanta que não tive dúvidas. Gazeei aula e fui pra Ponte Metálica (Um cartão postal da orla de Fortaleza). Gostava muito daquela ponte! Não sei se pelo nome Metálica, ou por ser a única ponte metálica do mundo feito toda de madeira. Enfim, só tinha alguns caras pescando. Sentei na sombra e, ouvindo o barulho das ondas, degustei aquela revista incrível.
Primeira publicação da revista ZERO
Maio de 2002
O que chamou mais atenção na revista foi a matéria sobre o Nirvana e tudo aquilo que Seattle passou a representar para o mundo depois da febre grunge, porém, uma matéria que me impactou muito foi um texto super bacana sobre o maior crítico de rock de todos os tempos: Lester Bangs!
Lester Bangs escreveu pra revista Rolling Stones, e após ser banido dela foi pra Cream. Ele simplesmente escrevia o que sentia. Não se preocupava em ser diplomático, tipo, falar bem de artista tal porque assim ia cair nas graças das gravadoras. Nada disso! Para o bem ou para o mal, Lester Bangs era um jornalista livre! Nunca vendeu sua alma pra indústria. E isto o tornou para muitos um pária, e para outros tantos como eu um herói!
Aquele período de 1965 até 1975 acredito que tenha sido a época mais mágica e fascinante da indústria musical. O céu era o limite naquela época! Muitas super bandas acabando e outras tantas surgindo! Uma fertilidade de criatividade musical sem fim. E em tudo isso estava ele, Lester Bangs, usando a arma mais poderosa que ele tinha: uma máquina de escrever!
Lester Bangs
O maior crítico de rock de todos os tempos!
Lester Bangs, assim como as publicações BIZZ e ZERO (esta com vida curta de apenas 14 edições) foram muito influentes na minha vida! Acho que se hoje eu tenho um blog onde escrevo sobre discos, livros e filmes, devo isso inteiramente a Lester e a essas duas revistas.
Hoje leio regularmente a Rolling Stones Brasil e a Billboard Brasil, apenas como forma de me atualizar do que tá acontecendo na música pelo mundo. Mas no geral, elas são apenas meras vitrines de gravadora. O que é uma pena!
Aí você pergunta, ó desocupado leitor:
- O que tudo isso que você escreveu sobre tocar guitarra imaginária usando vassouras na pré-adolescência, ler compulsivamente revistas sobre músicas, ler sobre Lester Bangs, enfim, o que o filme "Quase Famosos" tem a ver com tudo isso?
No que eu lhe respondo:
- Tudo! Está tudo nesse filme!
"Quase Famosos" trata do amor pela música! O filme consegue retratar com fidelidade toda a magia daquele começo da década de 70'. E o mais fascinante é que o filme é, até certo ponto, um pouco autobiográfico.
Muito da história do próprio diretor Cameron Crowe está nesse filme. Um garoto fã de rock, que lia revistas sobre músicas compulsivamente, e que se tornou, aos 15 anos, colaborador regular da revista Rolling Stones. E este garoto vai conhecer os bastidores de tudo aquilo que rodeava os grandes festivais de rock na época. Vai presenciar a rotina de cair na estrada com uma banda de rock em ascensão.
Inspiração, ego, mulheres, drogas, solidão, música, amor, está tudo ali, transmitido de forma épica em cada centímetro desta película. Inclusive ele, Lester Bangs, que foi mentor de Cameron Crowe no início de sua carreira como jornalista, e que no filme é retratado de forma precisa pelo excelente ator Philip Seymour Hoffman.
Nunca vou me cansar de ver esse filme! Sempre mantive a média de assistir "Quase famosos" uma ou duas vezes por ano. Todo amante da música deveria ver. É obrigatório! "Quase famosos", até hoje, é uma grande inspiração na minha vida.
p.s. - O jornalista Luiz Cesar Pimentel (ex-diretor de redação e um dos fundadores da revista ZERO), em seu blog, teve a bondade de disponibilizar todas as 14 edições da revista ZERO em formato PDF. Então se tiver curiosidade de saber como era, de fato, escrever sobre música com alma, dê uma conferida no link abaixo:
Link: http://luizcesar.com/revistas/
p.s. 2 - Por mais que não tenham mais publicações de qualidade sobre música, há muitos sites bacanas em que você ainda pode ter, de certa forma, um deleite de ler um texto sincero sem o rabo preso com gravadoras nem indústria musical. O site Scream & Yell é um desses sites. Se você quiser dar uma olhada, acho que não vai se arrepender:
Link: http://www.screamyell.com.br/
Assista no vídeo abaixo o trailer do filme Quase Famosos:
06 novembro 2012
Resenha (Filme's): Millennium III - A rainha do castelo de ar (Suécia, Dinamarca, Alemanha - 2009)
Filme: Millennium III - A rainha do castelo de ar (Suíça, Dinamarca, Alemanha - 2009)
Diretor: Daniel Alfredson
Produtora / Estúdio: Vinny Filmes / Film i Väst / Nordisk Film / Sveriges Television (SVT) / Yellow Byrd Films / ZDF Enterprises
Finalmente chegamos ao terceiro filme da trilogia. E digo trilogia por conta de uma fatalidade, pois pouco depois de entregar o terceiro volume da saga numa editora, o autor dos livros Stieg Larsson sofreu um ataque cardíaco fulminante e morreu. Segundo dizem, a ideia dele era escrever em torno de dez livros dessa série. Quando morreu já tinha pelo menos umas 200 páginas escritas do quarto livro. Uma pena! Acho que a personagem Lisbeth Salander é uma das mais interessantes que apareceu nos últimos anos. E você fica só a imaginar a potencialidade de tramas que poderiam ser criadas em torno dela.
Apesar de ter dado uma pausa para escrever sobre esse filme, eu assisti os três de uma vez. Um filme puxava o outro. A ponto que, quando terminou o primeiro filme, eu e a turma que assistiu junto comigo foi correndo à locadora alugar o segundo, e da mesma forma o terceiro. A trama em si te prende do começo ao fim. Se você ainda não viu, alugue os três como um filme só e tire um dia inteirinho pra ver, vale muito á pena.
A única coisa que posso adiantar sobre esse filme para não estragar nenhuma surpresa é que no anterior ela foi acusada de vários assassinatos, e agora, além do ciclo dessa trama fechar, ela ainda vai ser submetida a um julgamento, e muita coisa sobre essa misteriosa personagem vai ser desvendada.
Muita gente me pergunta se não era para eu ter lido os livros primeiro. Realmente, apesar do grosso da trama ter sido revelada a mim, mesmo assim fiquei ainda mais curioso para ler os livros por acreditar que neles vou entrar mais profundamente nos detalhes psicológicos de todos os personagens. Então estou super empolgado para começar a ler essa saga.
Assista no vídeo abaixo o trailer de Millennium III - A rainha do castelo de ar:
Resenha (CD's): Ultraje a Rigor - "Nós Vamos invadir sua praia" (1985)
Banda: Ultraje a Rigor
Álbum: Nós vamos invadir sua praia
Ano: 1985
Gravadora: WEA
Enquanto o Dinho dos Mamonas Assassinas ainda ensaiava as primeiras gracinhas no colegial, Roger Moreira incendiava o Brasil com letras inteligentes, bem humoradas e cheias de ironia, sarcasmo e deboche. Estamos falando de uma geração no começo da década de 80, jovens que ainda vivenciavam os últimos anos da ditadura militar no Brasil, e que tinham muita coisa a dizer. A maior parte das bandas que fizeram a cabeça da geração 80 começaram a germinar neste período de 1980 à 1985.
Havia um clima de insatisfação total. Basicamente a classe artística e muita gente da política (como Ulisses Guimarães) já labutava pelas diretas. O grande orgulho nacional, que era aquela seleção de Telê Santana recheada de estrelas, perdeu a copa de 1982 e frustrou o país. Nem na dita paixão nacional o Brasil estava satisfeito.
Em meio a tudo isso veio ao mercado Nós vamos invadir sua praia, um dos discos mais fundamentais da música brasileira, conquistou o gosto do povão. O disco caiu como uma luva a tudo o que estava acontecendo no país até então, e em muitos aspectos conseguiu representar algo que todo brasileiro queria dizer e não podia. Teve 9 de suas 11 faixas estouradas nas rádios. Clássicos inquestionáveis. Foi o primeiro álbum brasileiro a emplacar um disco de platina.
Engraçado que o disco que embalou os verões brasileiros na segunda metade da década de 80, que basicamente tocava em qualquer barraca de praia que você fosse tomar um solzinho ou surfar naquela época, é obra de paulistas. O próprio título é uma provocação de paulistas aos cariocas. Obviamente tudo foi levado com muito bom humor e ótima aceitação dos ratos de praia. E de fato foi uma invasão! Apesar da banda ser paulista, o álbum foi gravado no Rio. Na contracapa você pode ver a banda se sentindo em casa, numa foto que provavelmente foi tirada entre Leblon e Ipanema.
Ultraje
Invadindo as praias do Rio em 1985
Invadindo as praias do Rio em 1985
"Nós vamos invadir sua praia" abre o disco como uma invasão bárbara às praias cariocas. A música representa perfeitamente à que veio o Ultraje, invadir não só a praia, mas a mente e o verão de todos os brasileiros. "Rebelde sem causa" tem uma sacada genial que trata da perspectiva de uma geração da década de 80 de jovens que tem pais liberais, pais esses formados com toda liberalidade do movimento hippie. Como ter uma postura rebelde diante de pais tão descolados e legais? Eis a questão...
Reza a lenda que, nos shows, quando o Ultraje mandava o "Mim quer tocar", um reggae preguiçoso, pra maconheiro que se preze viajar, e entrava o refrão Mim quer ganhar dinheiro, o público jogava moedas no palco.
"Zoraide" é um basta a monogamia, que entra em perfeito contraponto a "Ciúmes", um clássico do disco que fala de um cara que não consegue ser moderninho, e percebe que não tem estrutura emocional para levar uma relação aberta. Sei muito bem como é isso...
"Inútil" tornou-se praticamente o hino de guerra das Diretas. Representava tudo aquilo que tava engasgado na garganta da população brasileira que estava insatisfeita com o governo, com a economia, com a seleção, enfim, uma letra que conseguiu perfeitamente dar uma alfinetada nesse sentimento de "síndrome de vira-lata", expressão que Nelson Rodrigues sabiamente usou para representar esse complexo de ser de segunda categoria que o brasileiro não admitia, mas no fundo se achava.
"Marylou" foi a trilha sonora de praticamente todos os meus aniversários até os 12 anos. Lembro da molecada toda pulando na sala da minha casa cantando essa música, da bagunça e dos gritos. Dos pais querendo acalmar os pestinhas. E de como eu não fazia ideia do duplo sentido que a letra continha.
"Independente futebol clube" encerra o disco com um levante à favor da plena liberdade. A liberdade de escolher o que quiser, de estar com quem quiser, enfim, um verdadeiro tratado existencialista.
Em 1985 eu tinha apenas 4 anos. E até hoje eu tenho muitas lembranças regadas as músicas deste disco. Em toda festinha de coleguinhas de rua e de escola, no som do carro em alguma viagem, no rádio da doméstica lá em casa, na praia com minha família, por muitos meios as músicas do Ultraje chegaram a mim. E hoje, com 30 anos, revisito este disco com muito carinho e nostalgia. Redescobrindo as letras e percebendo a importância desse clássico na minha história.
Hoje o Ultraje a Rigor é banda de apoio do Danilo Gentili, no programa Agora é Tarde, na Bandeirantes. Nada mais justo, pois no programa atua o que há de melhor no elenco do atual humor nacional (que nada tem a ver com Praça é Nossa, tampouco Zorra Total). Um humor que, assim como a banda, percebe que o riso é uma arma poderosa de conscientização e denúncia. Pois assim como em 1985, a corrupção é a mesma, a desigualdade social e a violência são as mesmas, e isto torna as músicas do Ultraje mais atuais que nunca.
A PREDILETA:
Tem uma máxima no cristianismo que diz que a gente deve amar o próximo como a si mesmo. Segundo esse princípio, um dos pré-requisitos para você ter capacidade de amar o outro é, antes de tudo, amando a si mesmo, pois a linha ética-moral que vai nortear suas atitudes é o princípio de que o bem que quero para mim, também ei de querer para o outro. Da mesma forma o mal que não desejo não posso desejar para o outro. O ponto de partida é olhar para dentro de si.
Sócrates teve um êxtase de iluminação quando leu o frase "Conhece-te a ti mesmo" escrito na entrada do templo de Delfos. A própria perspectiva metafísica do reino de Deus pregado por Jesus de Nazaré se dá, segundo ele, dentro de nós mesmos.
Enfim, "Eu me amo", para ouvidos desatentos, chega a parecer um hino hedonista, mas na verdade trata exatamente dessa busca do homem por si mesmo. Do auto-conhecimento. Do descobrir-se. Para daí encontrar maturidade e sentido em suas relações interpessoais. Através da busca de si é que se encontra sentido e experiência para interagir e, principalmente, somar com o outro. E isso é algo latente na minha própria existência. E essa música genial do Ultraje reflete exatamente isso. Representa basicamente todas as perspectivas desta busca. "Eu me amo" então, muito mais que uma música de um boçal egocêntrico, é na verdade um convite ao auto-conhecimento.
Confira no vídeo abaixo a música "Eu me amo":
24 outubro 2012
Resenha (Filme's): Millennium II - A menina que brincava com fogo (Suíça, Dinamarca, Alemanha - 2009)
Filme: Millennium II - A menina que brincava com fogo (Suíça, Dinamarca, Alemanha - 2009)
Diretor: Daniel Alfredson
Produtora / Estúdio: Imagem Filmes, Nordisk Film
A trilogia literária de Stieg Larsson me seduziu à primeira vista quando me deparei com os livros em uma estante de livraria. Gosto muito de tramas policiais, suspenses investigativos de arrepiar, etc.
Essa trilogia ainda estão na fila para eu ler, mas antes tenho outros tantos que terei de ler. Porém, não resisti a tentação e resolvi conferir os filmes dessa trilogia. E não me arrependi.
Vi os filmes sem medo por saber que, apesar de realmente o filme entregar o coração da trama, o mesmo não consegue abarcar o principal, que é a fascinante perspectiva dos personagens. No filme você assiste a ação, no livro você vai mais fundo, e adentra na motivação das ações. Você se torna onisciente, uma presença fantasma no corpo e na alma dos personagens. É isso que o livro dá que o cinema nunca irá conseguir chegar tão fundo.
Enfim, neste, a protagonista Salander é envolvida em um triplo assassinato. E se torna a principal suspeita. E seu fiel guardião, o diretor do jornal Millennium, vai atrás de provar a inocência dela. Se no primeiro filme a trama mostra do que essa (que é uma das personagens femininas mais interessantes dos últimos tempos) era capaz de fazer, neste, a trama procura a profundar as causas que a levaram ser quem ela é. E para isso é necessário, obviamente, garimpar o passado.
Ao terminar de ver o primeiro filme dessa trilogia, eu e meus amigos fomos correndo numa locadora pegar os outros dois. Realmente gostei muito. Não vou entrar no mérito técnico do filme, se o roteiro foi fiel ao livro ou não, porque o livro ainda não li. Mas para quem gosta de ler e tem interesse em folhear essa série, não se preocupe. O filme dá ainda mais curiosidade pelo livro, principalmente por em muitos momentos o filme ser vago e superficial do que diz respeito a vários personagens que aparecem.
Enfim, gostei muito!
Assista no vídeo abaixo o trailer de Millennium II - A menina que brincava com fogo:
04 outubro 2012
Resenha (Livro's): Harry Potter e a ordem da fênix
Livro: Harry Potter e a ordem da fênix
Autora: J. K. Rowling
Editora: Rocco
Ano: 2003
Páginas: 702
Ufa! Mais uma etapa concluída nessa minha maratona Harry Potter! E, mais uma vez digo a vocês que está sendo uma caminhada prazerosa.
Neste quinto volume Harry Potter está com 15 anos e está indo para mais um ano de estudos em Hogwarts. Depois de tudo o que aconteceu no último ano de estudos, principalmente os fatos que aconteceram no torneio do livro quatro (que obviamente eu não vou contar aqui pra evitar estragar a surpresa), a vida de Harry não anda nada fácil no universo dos bruxos.
Pesquisando sobre esse livro, descobri uma autora chilena chamada Francisca Solar, que é uma das maiores escritoras de contos fantásticos da America-latina. Ela, como uma das milhares de fãs da saga Harry Potter, esperou por horas e horas na porta de uma livraria a época do lançamento para para ser a primeira a comprar o livro no Chile. E conseguiu! Leu o livro em poucas horas e se decepcionou amargamente. Ela afirmou que "esperava que Rowling escrevesse um livro inteligente para dar conta da passagem da adolescência à idade adulta, e, no entanto, encontrei uma ficção infantil e infantilizada, com vilões estereotipados e sentimentos pouco complexos".
Francisca Solar então decidiu ela mesma recontar esse momento na vida de Harry Potter escrevendo um livro, uma fan fiction (narrativa em forma de homenagem publicada de graça da internet) de 756 páginas intitulado "Harry Potter el Ocaso de los Altos Elfos". Houve mais de 1 milhão de downloads!
Acho que ela exagerou um pouco no julgamento, no sentido que achar que o fato de completar quinze anos faz com que a cosmovisão de alguém fique mais profunda e complexa. Acho que não. Talvez eu pense assim por conta de perceber que, quando tinha quinze anos, ainda era uma imaturidade só.
Quanto à construção dos personagens, apesar de realmente ter algo de caricato desse universo batido do Bem vs. o Mal, não vejo problema nenhum nisso, uma vez que, pelo menos ela se mantêm fiel à narrativa, e neste volume especificamente, Rowling faz com que Harry passe até por um exercício de auto-conhecimento. Muita coisa vai ser revelada a Harry sobre ele mesmo e sua relação com Valdem... ops, quer dizer, com Você-sabe-quem!
Enfim, é isso que fascina os leitores dessa saga. Algo delicioso de ler e muito cativante. É um livro infanto-juvenil ora bolas! Complexidade pra quê? Para quê complicar?
Enfim, não foi o que eu mais gostei da saga, porém, ele é uma ponte muito importante para o desfecho que virá através dos dois últimos livros. Ou pelo menos é isso que eu sinceramente espero!
01 outubro 2012
Resenha (Filme's): Millennium 1 - Os homens que não amavam as mulheres (Suécia - 2009)
Filme: Millennium 1 - Os homens que não amavam as mulheres (Suécia - 2009)
Diretor: Niels Arden Oplev
Produtora / Estúdio: Imagem Films
Sempre nos meus passeios regulares à livraria Cultura namoro com essa trilogia Millennium. Até que acabei por comprar o primeiro volume. E ele está guardadinho no meu quarto só esperando o momento certo para ser lido.
Porém, infelizmente, não aguentei a curiosidade e acabei comprando esse filme nas Americanas que estava à preço de biscoito recheado. E acabei assistindo.
Ainda não vi (e nem sei se eu vou ter saco pra ver) a versão americana. Uma vez que, em termos de trama, a versão sueca (dizem) é mais crua e sombria. Coisa que imagino seja a atmosfera do livro. Adoro filmes de investigação, principalmente quando se trata do submundo bizarro e animalesco a que o ser humano pode chegar para satisfazer seu hedonismo.
E só ouso ir até aqui para não acabar com qualquer surpresa.
Millennium é o maior jornal investigativo da Suécia, que após ter recebido um baita processo por calúnia e difamação de um influente político, decide afastar temporariamente seu principal repórter. Este, inesperadamente, recebe uma proposta de trabalho de um rico industrial, que o pede para investigar o sumiço de sua sobrinha. Sendo que esse sumiço já está há mais de 30 anos.
Este filme me lembrou muito o 8mm (EUA - 1999), no sentido de, além de ser uma investigação encomendada, cada vez que o investigador se aprofunda na ferida, mais o pus vai aparecendo, chegando a descobertas horripilantes.
Para mim o grande carro chefe dessa saca, sem dívida, é a personagem Lisbeth Salander (incrivelmente interpretada pela Noomi Rapace, que é a bela cientista do último filme do Ridley Scott, Prometheus [EUA - 2012]), que talvez seja uma das personagens literárias femininas mais interessante que apareceu nos últimos tempos, e que nesta trama é uma misteriosa hacker que acaba ajudando o jornalista.
Enfim, ótimo roteiro, um suspense que de fato te prende, e personagens bem interessantes. Um filme que vale à pena ver!
Confira no vídeo abaixo o trailer do filme "Millennium 1 - Os homens que não amavam as mulheres":
30 setembro 2012
Resenha (CD's): Ryan Adams - "Gold" (2001)
Artista: Ryan Adams
Álbum: Gold
Ano: 2001
Gravadora: Lost Highway / Universal Music
Mês passado foi relembrado os onze anos dos terríveis ataques terroristas ocorridos nos EUA em 11 de setembro de 2001. Um deles, o do Word Trade Center, foi o visualmente mais marcante, pois o mundo todo acompanhou as duas torres gêmeas (símbolos do orgulho americano e centro de boa parte da economia nacional) virarem cinzas, deixando os novaiorquinos e todo o mundo estarrecidos com tamanha atrocidade.
Foi em meio a esse caos que, em 25 de setembro de 2001, Ryan Adams lança seu clássico, Gold, com uma capa que realmente demostra como estava os EUA naquele período: de cabeça pra baixo!
Porém, Ryan Adams (que reza a lenda é capaz de compor até nove músicas por dia) é alguém que, como ninguém, consegue transpor toda sua dor em canções excelentes!
Depois de destruir o coração de meio mundo com seu primeiro álbum (Heartbreaker - 2000), ele entra no panteão dos queridinhos da crítica especializada com esse segundo disco que o faz estar na lista dos grandes do country alternativo junto com Wilco, Gilliam Welch e Lucinda Williams. E Gold é uma excelente amostra de como Ryan é versátil em passear por vários gêneros, sempre mantendo ao fundo sua maior referência, o folk.
O disco começa com a alegre e amarga "New York, New York", que acabou tornando-se um verdadeiro hino na volta da alta-estima da cidade após os ataques do 11 de setembro. Hell, I still love you, New York. O clipe dessa canção foi gravada a exatos três dias antes dos ataques.
Com "Firecracker" a gaita come solta! Com direito a back vocal de Adam Duritz, vocalista do Couting Crows, que aliás participa de várias faixas.
Há momentos tristes e belos, como a doce homenagem de Ryan a linda poetiza suicida "SYLVIA PLATH", escrito desta forma mesmo, em letras garrafais. Enfim, ao que parece, depois da dor de algumas decepções amorosas, neste álbum ele se entrega em muita de suas letras naquela melancolia da fase de se reerguer, de cantar para si mesmo canções que abordam o sofrimento sem aquela auto-piedade de Heartbreaker. O que combinou perfeitamente ao espírito melancólico, porém ainda com esperanças, da nação americana àquela época.
Enfim, começando em Nova York e terminando em Hollywood, Ryan passeia por muitas estradas. Por folks arrazadores ("Somehow, Someday", "Gonna make you love me"), blues corta-pulso de primeira ("The rascue blues", "Touch, Fell & Lose"), rocks raivosos ("Enemy Fire", "Tina Toledo's Street Walkin' Blues") e baladas de fazer chorar o mais duro dos corações ("When the Stars Go Blue", "Nobody Girl", "Wild Flowers"), terminando sua jornada na solitária Hollywood de "Goodnight, Hollywood Blvd".
Poucos artistas como Ryan conseguem temperar suas músicas com tristeza na medida certa. A ponto de tornar o sofrimento na mais sensível doçura. Gosto muito de sua musicalidade, de suas construções de melodias, de sua voz rouca que consegue se adequar nas mais variadas formas.
"Com Gold, eu estava tentando provar algo para mim mesmo. Queria inventar um clássico moderno." - Ryan Adams
Depois de Gold, fértil como só ele, o queridinho do alt-country lançou muitos álbuns, numa linha tão irregular quanto Neil Young, levando a crítica e os fãs por vezes do céu ao inferno. E pretendo futuramente poder ter o privilégio de conversar com vocês sobre todos eles!
Assim como Nova York, Ryan Adams conseguiu se reerguer depois de um longo período de drogas, decepções amorosas e grandes perdas (como a morte do baixista do The Cardinals, sua tradicional banda de apoio). Hoje Ryan é um homem casado que largou qualquer tipo de substâncias lícitas e ilícitas. Está com mais maturidade, sobriedade e serenidade e, da mesma forma, criando músicas que são verdadeiros feedback's de seu interior.
Aqui no Brasil ele ainda é um ilustre desconhecido. Eu mesmo o conheci através do Gold, e passei a aprofundar meus conhecimentos sobre ele através da minha ex-namorada Nathalia, que por coincidência é uma das maiores autoridades no quesito Ryan Adams deste país.
Então, para os marinheiros de primeira viagem na musicalidade do Ryan, eu realmente indico este disco que, apesar de longo, de forma alguma enjoa. Você escuta ele de cabo à rabo, e é tão bom que parece que o disco tem 15 minutos! Uma verdadeira viagem sonora pelas longas estradas, bares e corações partidos dos EUA. Basicamente um clássico moderno!
A PREDILETA:
Reza a lenda que certa vez Ryan entrou numa loja de eletrodomésticos para comprar uma TV, e quando estava no caixa começou a rolar em inúmeras telas a imagem do show do The Corrs, que junto com Bono Vox cantavam "When the Stars Go Blue", no que ele olhou pro cara do caixa e disse:
- Ei, tá vendo essa música? Ela é minha!
- Ei, tá vendo essa música? Ela é minha!
No que o caixa indiferente respondeu:
- Whatever!
- Whatever!
Sacanagem né? Pois é, vou confessar que meu pecado foi adquirir o Gold por conta desta canção. Gosto muito dela! Escutei ela várias vezes nas minhas madrugadas de plena insônia. Ela foi trilha sonora de muitas das vezes em que vi o dia amanhecendo. Botava essa canção pra tocar na vinda da alvorada, e observava a claridade chegando e as estrelas sendo ofuscadas com a luz do sol.
Há muita beleza na tristeza e melancolia. Ela te faz repensar sobre a vida, seus valores, seu olhar diante do mundo. Não é a toa que a própria Bíblia reconhece esse estranho aspecto:
"É melhor ir a uma casa onde há luto do que ir a uma casa onde há festa, pois onde há luto lembramos que um dia também vamos morrer. E os vivos nunca devem esquecer isso. A tristeza é melhor do que o riso; pois a tristeza faz o rosto ficar abatido, mas torna o coração compreensivo. Quem só pensa em se divertir é tolo; quem é sábio pensa também na morte."
Eclesiastes 7. 2-4
Eclesiastes 7. 2-4
E é exatamente nesta perspectiva da morte que o homem se torna eterno através da arte. Mas isso já é uma outra conversa...
Confira no vídeo abaixo a música "When The Stars Go Blue":
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