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28 novembro 2012

Resenha (Filme's): A delicadeza do amor (França - 2011)


Filme: A delicadeza do amor (França - 2011)
Diretor: David Foenkinos, Stéphane Foenkinos
Estúdio / Produtora: Califórnia Filmes, 2.4.7. Films, France 2 Cinéma, Studio Canal, Canal +, Ciné, Banque Postale Image 4, La Compagnie Cinématographique Européenne, Palatine Étoile 8

Toda vez que resenho um filme francês sempre falo a mesma coisa. Sensibilidade é com eles mesmo! E um título como esse, se fosse de um filme americano (sem preconceito porque já falei várias vezes que, vez por outra, gosto de um blockbusterzinho) eu já ia ficar pensando que era uma película candidata a sessão da tarde. Mas não! Quando algum filme francês tiver no título algo como "delicadeza" e principalmente "amor", vá na bilheteria, pague seu ingresso porque geralmente vale muito à pena.

O cinema francês é, em sua essência, humanista. O ator francês (com um roteiro ajudando) consegue passar sentimentos profundos através da sutileza de suas expressões. As demostrações emocionais, muito mais do que ditos, são transmitidos para o telespectador através de um olhar silencioso, ou até na forma como o ator sopra a fumaça do cigarro. É uma escola de cinema orgânica, onde, de fato, o ator é exposto e colocado em foco na câmera para dar ao telespectador tudo aquilo que o roteiro pede dele.

E certamente esse filme (que para os padrões franceses é uma comédia romântica leve) é um excelente exemplar disto que tô falando.

A química entre a atriz Audrey Tautou (que tem aquela beleza clássica e delicada do tipo feia-linda! ex. Julia Roberts) e François Damiens (que certamente seria o candidato perfeito para interpretar o Charles Bukowski em qualquer cinebiografia) estão de um primor sem tamanho.

Gosto muito de histórias (até aquelas bem garapinhas americanas) que tratam de amores improváveis (e socialmente impossíveis) que acontecem de forma inesperada. E de como os personagens vão se adaptando a essa nova situação.

A protagonista é uma viúva jovem, linda, super talentosa e com um futuro brilhante que ainda se sente magoada com a vida por perder seu jovem marido. Uma mulher desejada por todos! Onde todos os amigos ficam naquela expectativa de "Quem vai ser o novo amor dela?", e diante disso começam a fantasiar um certo perfil de pretendente. E nesta expectativa as pessoas que a rodeiam caem no senso comum de, obviamente, imaginar um cara lindo e bem-sucedido.

É aí que entra nosso herói. Ela resolve, depois de tanto tempo de viuvez, (e no impulso) beijar um cara que apareceu na sala dela. Sabe aqueles caras que trabalham num andar abaixo do escritório principal, numa salinha cheia de papéis, totalmente invisível e feio, e desengonçado, e tudo mais que não gosto nem de lembrar pois penso logo em mim mesmo? É a partir desta conexão bizarra e inesperada entre essas duas pessoas de universos completamente diferentes que vai girar a trama desta história.

O filme trata de aparências. Tem muito a dizer a pessoas que sempre se deixam levar pela primeira visão. Consigo lembrar claramente num momento do filme em que o cara aparece pela primeira vez. E lembro a cara de nojo da platéia quando ela o beija. E me marcou muito a forma como, à medida que o filme entra na vida do personagem, o mesmo muda o olhar do expectador. Ele consegue ir exalando sua beleza, charme e encanto sem mudar absolutamente nada em sua aparência.

Isso aconteceu (e acontece) muito em minha vida. E certamente, se você observar as pessoas à sua volta com mais atenção, irá perceber também.

Há pessoas com aquela beleza genérica que, obviamente, todos que olham vai, de cara, achar atraente e tal. Isso por uma série de combinações de apelações midiáticas e senso comum em determinada época.

Mas não se engane!

Conheci muita mulher linda que, depois de algumas horas de conversa e convivência, se tornaram mais feias que a bruxa do 71.

Mas o mais bacana é quando acontece o contrário!

Existe uma beleza muito mais sutil. Aquela que se apresenta a você não à primeira vista. Ela é como um mistério, que vai lhe cativando aos poucos, que vai se desenrolando em pequenas doses, num olhar mais atento, de perto, entre expressões, sorrisos, idéias compartilhadas, e bingo! O que para você era o âmago, o comum, passa de repente a ser belo, sublime, espetacular!

Você já passou por isso? Não?

Uma pela pra você...

Abra seus olhos!

Confira no vídeo abaixo o trailer de "A delicadeza do amor":

Um comentário:

Holanda Titudzi disse...

Gostei da resenha.. (ri demais na hora da Bruxa do 71) ha ha ha h..
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Faz sentido tudo que vc diz.. (mas ainda preciso saber por que as se interessam por determinado padrão de beleza..) ..será apenas determinação social??
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Enfim, meu Caro.. Vc é meio suspeito para dizer qualquer coisa a este respeito (sua noiva é simplesmente perfeita!) hehehe..
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Mas eu sei que o que rola entre vcx é algo além da aparência..
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^_^'
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